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Ilê Oju Odé: políticas de resistência e territorialidades no candomblé de Goiás / Ilê Oju Odé: policies of resistance and territorialities in the candomblé of Goiás

Nunes, Victor Hugo Basílio 16 March 2018 (has links)
Submitted by Liliane Ferreira (ljuvencia30@gmail.com) on 2018-04-11T11:23:25Z No. of bitstreams: 2 Dissertação - Victor Hugo Basílio Nunes - 2018.pdf: 2011416 bytes, checksum: 38e3920bec8b1e2f188935a2656ca96a (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) / Approved for entry into archive by Luciana Ferreira (lucgeral@gmail.com) on 2018-04-11T11:25:23Z (GMT) No. of bitstreams: 2 Dissertação - Victor Hugo Basílio Nunes - 2018.pdf: 2011416 bytes, checksum: 38e3920bec8b1e2f188935a2656ca96a (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) / Made available in DSpace on 2018-04-11T11:25:23Z (GMT). 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The daily coexistence with this community has shown us the complexity of this social reality, marked by a relationship of sociability that is close to that observed by Catherine Walsh (2013) when she says that decolonial pedagogies produce "intersubjectivity, mutual recognition, subaltern solidarity." In this way religion and political organization are mixed in the quest to find solutions to the problems created by a racist society, which gives rise to the need to organize the terreiros (cult-houses). The reflections of Carlos Rodrigues Brandão (1999) guided us to define participatory research as one of the methodologies of our work. At first we seek to understand the inner perspective, the point of view of the individuals about the situations that they live. We understand, as Brandão (1999), that it is the social reality with which we face that must determine the methodological strategies, and that the method is not something ready and finished and can be constructed together with the investigation of social reality. The other methodological resource to which we have recourse, oral history, served as our research since, in order to resort to the speech of our interviewees, we aim to achieve with maximum clarity the experience of organization against the colonial matrix of power, which articulates the social and epistemic marginalization, subordinating knowledge and populations, as in the example of candomblé. We believe that our objective was achieved through the semi-structured interview, taking into account that the interview allows a study on the reporting of the facts, filtered by the subjectivity of the interviewees. The theoretical perspective that we use to dialogue with our sources consisted in the debate conducted by the modernity/coloniality/decoloniality group. The research showed us that if we want we can think a relationship between the candomblé and the reflections raised by this group. We can affirm, from the experience in the terreiro (cult-house) surveyed, that candomblé constitutes as alternative knowledge to the matrix of colonial thought, or using the concept of Walsh (2013) as an example of a "decolonial pedagogy". Finally, the conclusion of this master's thesis confirmed the hypotheses we raised at the beginning of our research: the performance of Ilê Oju Odé is characterized as a decolonization practice, since, through the Forum and Afoxé, it organizes the community of the terreiros (cult-houses) de candomblé de Goiânia and metropolitan region in the fight against racism, religious intolerance and the invisibility imposed on the practitioners of this religion in the society of Goiás. Our research has shown us that there is a significant level of individual awareness, a political project. A study like this can contribute to perceive decoloniality as an alternative proposition to the hegemonic epistemologies that support Eurocentred social models and relations, presenting to the academic community and to society as a whole knowledge that has been historically subordinated, as in the case of candomblé. Perhaps we can say that the Forum and the Afoxé allow the members of the terreiros (cult-houses) to read the world from themselves, their values and propose something. Through the interviews and coexistence we could conclude that the Forum is an organization of the terreiros to defend their interests, solving their problems through political and social articulations. The Forum and Afoxé have been establishing themselves as a political organization and have stood out in order to present candomblé for the society of Goiás and to claim its space in it. / Este trabalho se desenvolve junto ao terreiro de candomblé Ilê Oju Odé, situado na Rua Machado de Assis, chácara 37, Cidade Satélite São Luís, em Aparecida de Goiânia-GO, e nos espaços de atuação deste terreiro através do Afoxé Omo Odé e da organização do Fórum Goiano de Religiões de Matriz Africana. Nosso objetivo principal é pensar de que forma a atuação do Ilê Oju Odé, por meio do Afoxé e do Fórum, possibilita a valorização do aporte cultural afrodescendente, cria um espaço de discussão política no qual o terreiro se torna um espaço de ressignificação da vida. A convivência diária com esta comunidade nos mostrou a complexidade desta realidade social, marcada por uma relação de sociabilidade que se aproxima da observada por Catherine Walsh (2013) ao afirmar que as pedagogias decoloniais produzem uma “intersubjetividade, reconhecimento mútuo, solidariedade subalterna”. Desta forma religião e organização política se misturam na busca de encontrar saídas para os problemas criados por uma sociedade racista, o que faz surgir à necessidade de organização dos terreiros. As reflexões de Carlos Rodrigues Brandão (1999) nos orientaram no sentido de definir a pesquisa participante como uma das metodologias do nosso trabalho. Num primeiro momento buscamos compreender a perspectiva interna, o ponto de vista dos indivíduos acerca das situações que vivem. Compreendemos assim como Brandão (1999) que é a realidade social com a qual nos deparamos que deve determinar as estratégias metodológicas, e que o método não é algo pronto e acabado podendo ser construído junto com a investigação da realidade social. O outro recurso metodológico ao qual recorremos, a história oral, serviu à nossa pesquisa uma vez que, objetivamos, ao recorrer à fala de nossos entrevistados, atingir com o máximo de clareza a experiência de organização contra a matriz colonial do poder, que articula a marginalização social e epistêmica, subalternizando saberes e populações, como no exemplo do candomblé. Acreditamos que nosso objetivo foi alcançado por meio da entrevista semiestruturada, levando em consideração que a entrevista possibilita um estudo sobre o relato dos fatos, filtrados pela subjetividade dos entrevistados. A perspectiva teórica que utilizamos para dialogar com nossas fontes consistiu no debate conduzido pelo grupo modernidade/colonialidade/decolonialidade. A pesquisa nos mostrou que se quisermos podemos pensar uma relação entre o candomblé e as reflexões levantadas por este grupo. Podemos afirmar, a partir da experiência no terreiro pesquisado, que o candomblé se constitui como conhecimento alternativo à matriz do pensamento colonial, ou utilizando o conceito de Walsh (2013) como exemplo de uma “pedagogia decolonial”. Por fim, a conclusão dessa dissertação de mestrado confirmou as hipóteses que levantamos no início de nossa pesquisa: a atuação do Ilê Oju Odé se caracteriza como prática de descolonização, uma vez que através do Fórum e do Afoxé, organiza a comunidade dos terreiros de candomblé de Goiânia e região metropolitana no combate ao racismo, à intolerância religiosa e a invisibilização imposta aos praticantes dessa religião na sociedade goiana. Nossa pesquisa nos mostrou que há um nível significativo de conscientização dos indivíduos, um projeto político. Um estudo como esse pode contribuir para se perceber a decolonialidade como proposição alternativa às epistemologias hegemônicas que sustentam modelos e relações sociais eurocentrados, apresentando para a comunidade acadêmica e para a sociedade como um todo saberes que foram historicamente subalternizados, como no caso do candomblé. Talvez possamos dizer que o Fórum e o Afoxé possibilitam aos membros dos terreiros lerem o mundo a partir de si, dos seus valores e proporem algo. Por meio das entrevistas e da convivência pudemos concluir que o Fórum é uma organização dos terreiros para defender seus interesses, resolvendo seus problemas por intermédio de articulações políticas e sociais. O Fórum e o Afoxé vêm se constituindo como organização política e se destacando no sentido de apresentar o candomblé para a sociedade goiana e reivindicar seu espaço nela.

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