FundaÃÃo Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e TecnolÃgico / Esta dissertaÃÃo tem como objetivo principal investigar que caminhos de formaÃÃo universitÃria estÃo sendo trilhados na consolidaÃÃo de uma comunidade da afrodescendÃncia, a partir da legislaÃÃo para a EducaÃÃo das RelaÃÃes Ãtnicorraciais, apÃs sanÃÃo da Lei 10.639/2003. EducaÃÃo essa que, na compreensÃo dos defensores da afrodescendÃncia, sÃo as relaÃÃes construÃdas no processo histÃrico, social, polÃtico, econÃmico e cultural; imersas nos contextos de poder e das hierarquias brasileiras, nos quais a raÃa opera como forma de classificaÃÃo social, demarcaÃÃo de diferenÃas e interpretaÃÃo polÃtica e identitÃria. A pesquisa està estruturada em uma anÃlise bibliogrÃfico-documental e apresenta uma abordagem teÃrica do conceito de comunidade, buscando compreender se a EducaÃÃo das RelaÃÃes Ãtnicorraciais pode forjar uma Comunidade Imaginada da AfrodescendÃncia. Comunidade que nas palavras de Zygmunt Bauman aponta para uma âcoisa boaâ, mas que pÃe em risco a liberdade. Que oferece seguranÃa, mas em contrapartida exige uma fidelidade aos seus ideais. Imaginada porque para Benedict Anderson ela cria laÃos fortes de pertencimento entre iguais e exclui os que sÃo considerados diferentes. Comunidade Imaginada da AfrodescendÃncia porque busca uma nova configuraÃÃo nacional, onde âbrancos e negrosâ nÃo podem conviver, como se pensava, dentro de uma democracia racial. NÃo se nega, nessa reflexÃo, que o racismo existe no Brasil, mas se questiona como um aparato legal pode alterar uma realidade de desigualdades sociais, principalmente se sÃo construÃdos a partir da adoÃÃo de polÃticas pÃblicas direcionadas ao atendimento de uma parcela da populaÃÃo. Com essas bases e seguindo um modelo neoliberal de governo, a Lei 10.639 e seus desdobramentos cuidam de garantir aos afrodescendentes hoje, direitos que nÃo tinham durante a escravidÃo. Deixa-se de lado direitos universais e centraliza na legislaÃÃo e na educaÃÃo, direitos reparatÃrio-afirmativos. O discurso de professores, autores e alunos tambÃm sÃo analisados bem como a produÃÃo editorial das universidades, em especial nas Universidades Federais do Cearà (UFC) e da Bahia (UFBA); nos cursos de licenciatura (HistÃria, Letras e Artes), no intuito de verificar se estÃo acompanhando as diretrizes estabelecidas na Lei e quais as suas contribuiÃÃes especificas para a construÃÃo de uma Comunidade Imaginada da AfrodescendÃncia sob a Ãgide de uma EducaÃÃo das RelaÃÃes Ãtnicorraciais. Justifica-se, tal anÃlise, uma vez que crescem as discussÃes no ambiente acadÃmico, mas pouco se aprofunda a compreensÃo das transformaÃÃes nele produzidas. Mais diretamente busca-se contribuir com os debates sobre a reconstruÃÃo da identidade cearense e as repercussÃes do embate entre a ideologia da mestiÃagem e da afrodescendÃncia. Como resultado da investigaÃÃo realizada chega-se a um quadro sÃntese de obstÃculos que sÃo decisÃrios na relaÃÃo entre uma EducaÃÃo para as RelaÃÃes Ãtnicorraciais e uma Comunidade Imaginada da AfrodescendÃncia. / This dissertation aims at investigating which ways of higher education are being trailed for the consolidation of an afrodecendency community, based on the law for the education of ethnic racial relations, after the sanction of the Law 10.639/2003. A kind of education which, according to the comprehension of the afrodecendency defenders, has to take into consideration the relationships built in the historical, social, political, economical, and cultural process; immersed in the power contexts and the Brazilian hierarchies, in which race operates as a form of social classification, demarcation of differences and political interpretation and identity. The research is structured into a bibliographic- documental analysis and presents a theoretical approach of the community concept, seeking to understand if the education of the ethnic racial relations can forge an imagined community of afrodecendency. According to the words of Zygmunt Bauman, this community points to a "good thing", but also threatens the freedom; it provides security, but on the other hand requires loyalty to its ideals. Itâs âimaginedâ because for Benedict Anderson it creates strong ties of belonging among equals and excludes those who are considered different. Itâs the imagined community of afrodecendency because it seeks a new national setting, where "white and black" cannot coexist, as previously thought, within a racial democracy. It is not denied, in this reflection, that racism exists in Brazil, but it is questioned how a legal apparatus can change a reality of social inequality, especially if they are built based on the adoption of public policies directed to attend a portion of the population. With these bases and following a neoliberal model of Government, the law 10,639 and its consequences ensure afro descendants the repairing-affirmative rights. The teachers, authors and studentsâ speech, are also analyzed as well as the editorial production of the universities, particularly in the Federal University of Cearà (UFC) and in the Federal University of Bahia (UFBA); in the undergraduate courses (history, literature and the Arts), in order to verify whether they are following the guidelines set out in the Law and what are their specific contributions to the construction of an imagined community of afrodecendency under the aegis of an education of ethnic racial relations. Such analysis is reasonable, once academic discussions are growing, but little deepens the understanding of transformations produced in it. We seek to contribute more directly to discussions on the reconstruction of the identity of the people from the state of CearÃ, Brazil, and the repercussions of the clash between the âmestizoâ ideology and the afrodecendency. As a result of the investigation taken, we come out with a synthesis table of obstacles which are crucial in the relation between an education for the ethnic racial relations and an imagined community of afrodecendency