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O Panóptico de Yone: astúcias e táticas contra o poder disciplinar nos espaços de controle da escolaAlex Sandro Barcelos Côrtes 26 April 2004 (has links)
Esta dissertação trata, a partir de pressupostos teóricos foucautianos, das relações de poder e das
tecnologias políticas em funcionamento dentro da Escola Municipal Professora Yone Nogueira, situada
em Arraial do Cabo - RJ, particularmente do poder disciplinar e seus mecanismos de controle do tempo,
do espaço e dos corpos. Tal escola tornou-se objeto de estudo não só por ser onde estudei e onde atuo como professor de História, mas também por ter uma arquitetura sui generis, herança do modelo panóptico construído para ser a realização da utopia de um controle perfeito. Dentro desta arquitetura de poder circular onde todos os corpos têm seus espaços reservados como forma de mantê-los sob controle permanente, muitos professores, estudantes e funcionários acabam se perdendo ou mesmo se sentindo mal. Além disso, os agentes disciplinadores estão permanentemente em ação e através da vigilância hierárquica, do exame e da sanção normalizadora os corpos vão sendo desenvolvidos ao máximo em seu potencial produtivo ao passo que vão sendo reduzidos em seu potencial de rebeldia. A escola fabrica
sujeitos através de intensos e permanentes processos de sujeição. Michel de Certeau é de grande valia para a compreensão das muitas formas astuciosas que são inventadas cotidianamente pelos membros da comunidade escolar que não são meros consumidores passivos, mas transformam nas práticas cotidianas aquele espaço, inventando novas relações, intensificando a vida. Ao buscarem realizar experiências de liberdade que tornam a vida obra de arte e reforçarem os laços de amizade horizontalizada alguns usuários da escola acabam por desenvolverem uma estética da existência, fruto de um trabalho coletivo e não hierarquizado de uns com/nos outros. Mesmo dentro de instituições disciplinares planejadas para
serem perfeitas em seu funcionamento é possível criar zonas autônomas temporárias, verdadeiras
heterotopias onde experiências reais de liberdade podem ser vividas. Este trabalho relata toda essa
realidade, e aponta o teatro libertário e experimental como alargador das brechas no poder disciplinar e potencializador de processos singulares de subjetivação. / This paper deals stating from Foucautian theoretical assumptions with the power
relations and political tecnologies at work in the Escola Municipal Professora Yone Nogueira, located in Arraial do Cabo, Rio de Janeiro State, Brazil, particularly on the disciplinar power and its mechanisms on time, space and body control. Such school has become study object, not only because it is where I have studied and work as History Teacher, but also because its sui generis achitecture, heritage of panoptical model, built to be a realization of the perfect control utopia. Within this achitecture of circular power,
where all bodies have their reserved spaces as a form to keep them under permanent control , many teachers, students and administrative workers end by losing their work perspectives and objectiveness or even presenting feelings of discomfort at work. Besides, disciplinatory agents are permanently acting, and, by hierachical vigilance, the exam and normalizing sanction, bodies are developed at maximum
productive potential, while rebellion potentials are reduced. The school manufactures subjects through intense and permanent subjection processes. Michel de Certeau is of great value to comprehend many subtle forms, which are daily invented by the school community members who are not mere passive consumers, but transform that space with their daily praxis, inventing new relations, intensificating life. On the attempt to realize experiences of freedom which turn life into art, and to reinforce horizontalized
friendship bonds, some school usuaries turn out to develop an aesthetics of existance, result of a
collective and not-hierarchical work upon each other. Even within disciplinary institutions planned to be perfect in working it is possible to create temporary autonomous zones, true heteropias, where real experiences of freedom can be lived. This work reports all that reality and points out the experimental and
libertary theatre as an widening display of gaps in disciplinary power, and potentializer of singular subjectivation processes.
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