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Cientificismo, religiosidade e racismo nas representações dos mayas na Historia Antigua de Yucatán (1883)Saraiva, Diogo de Lima 27 February 2018 (has links)
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de História, Programa de Pós-graduação em História, 2018. / Trata-se de um estudo das representações dos mayas yucatecos veiculadas na obra Historia Antigua de Yucatán (1883) de autoria de Crescencio Carrillo y Ancona, um importante historiador e membro do clero da Igreja Católica que se tornou Bispo de Yucatán em 1887. A partir de uma abordagem discursiva das representações, baseada em Foucault e Stuart Hall, procuramos entender a “política” de tais representações, atentando para o modo como elas se constituíram em matrizes e efeitos de imaginários, crenças religiosas, discursos científicos, comportamentos, práticas, relações étnico-raciais e projetos políticos da elite yucateca em relação aos indígenas da península na segunda metade do século XIX. Com o aporte teórico de uma série de textos ligados ao giro decolonial buscamos explicitar a importância do eurocentrismo e do racismo epistêmico na produção de um discurso histórico sobre o indígena yucateco nesse momento. Para tanto, investigamos as condições de produção da obra; os modelos, epistemologias e regras que nortearam sua elaboração, bem como os sentidos, significados, discursos, identidades, valores, crenças, conceitos, tendências historiográficas, concepções políticas e raciais que informam as suas representações dos antigos mayas. A percepção da historicidade dessas representações possibilita, no presente, processos de questionamento, transformação e desnaturalização de imagens que endossaram a exclusão, inferiorização e marginalização dos mayas na construção da nação mexicana. / A study of the representations of Yucatec Mayas in the Historia Antigua de Yucatán (1883), an important historian and member of the Catholic Church who became Bishop of Yucatán in 1887. Based on a discursive approach of representations, based on Michel Foucault and Stuart Hall, we have sought to understand the “politics” of these representations, focusing on the ways in which they affected and begot worldviews, religious beliefs, scientific discourse, behaviors, pracices, ethno-racial relations and the political projects of the Yucatec elite in relation to the indigenous population of the peninsula in the second half of the 19th century. With the theoretical support of
a series of texts connected to the decolonial turn, we have highlighted the role eurocentrism and epistemic racism played in the production of historiographic discourse on indigenous peoples during this time. To do so, we have investigated the work’s conditions of production; the models, epistemologies and rules which guided its elaboration, and well as the meanings, discourses, identities, values, beliefs, concepts, trends and political and racial conceptions which informed his representations of the ancient mayas. The perception of the historicity of these representations allows us, in the present, to undertake procedures of questioning, transformation and de-naturalization of the images which endorsed the exclusion, inferiorization and marginalization of the mayas and oter indigenous people in the construction of Mexican nationhood.
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Pensamento abissal, colonialidade e as artes visuais em CuiabáSanchez, Daniel Pellegrim 20 March 2015 (has links)
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Previous issue date: 2015-03-20 / CAPES / Articulado à ideia de Boaventura de Sousa Santos de que o pensamento moderno ocidental é um pensamento abissal, este trabalho propõe verificar a possível persistência de dispositivos de colonialidade oriundos desse pensamento, de divisões da realidade social e de dominação epistemológica nas artes visuais em Cuiabá, problematizando questões relacionadas ao racismo, à exploração e a outros modos de violência ou desumanização. Além disso, tem em vista articular referenciais teóricos e ferramentas para a construção contínua de conceitos, redes e relacionamentos a serem utilizados na expectativa da positivação e construção de aesthesis e subjetividades decoloniais. O estudo das noções de colonialidade e colonialidade da arte, assim como a investigação do fenômeno no circuito da arte em Cuiabá constituem este trabalho. De acordo com Aníbal Quijano (2000), a colonialidade é parte constitutiva da matriz colonial de poder e resulta de uma classificação racial/étnica seguida de hierarquização que se impõe à população mundial e que atua em diversos âmbitos, planos e dimensões, inclusive materiais e subjetivos, da escala e existência social cotidiana. O chamado racismo epistêmico, por sua vez, refere-se à hierarquia de dominação onde os conhecimentos produzidos por sujeitos ocidentais são considerados como superiores aos conhecimentos produzidos por sujeitos não ocidentais. Na arte, essas hierarquizações se dão por meio dos dualismos ―erudito‖ e ―popular‖, ―regional‖ e ―universal‖, entre outros, como também através de categorizações como arte primitiva, naïf, bruta, artesanal, étnica, cabocla, esquisita etc. Em Cuiabá não há nenhum curso de graduação em artes visuais, mas há uma grande quantidade de artistas autodidatas ("populares"); existem poucos equipamentos culturais e, em geral, administra-se o setor com baixo orçamento, quase sem políticas de intercâmbio. A falta de interesse do setor público somada ao direcionamento decorativo ou "espetacular" que o setor privado designa para as artes visuais no circuito local geram obstáculos intransponíveis para alguns artistas, instituindo um mundo à parte, de isolamento, invisibilidade ou, como disse Aníbal Quijano, "um beco sem saída" para aqueles que miram uma trajetória dentro instituições, equipamentos, eventos, circuitos autorizados/oficiais. Circuitos que, salvo algumas exceções, veem o ―sul do mundo‖ como menos capaz, subalterno no que concerne aos seus saberes, técnicas e artes. No que tange ao Brasil, essa hierarquia, com seus valores e procedimentos, é reproduzida internamente nas relações entre o circuito de arte de São Paulo e Rio de Janeiro com as outras cidades do país. Inspirados pelo conceito de pensamento único de Milton Santos, denominamos o circuito autorizado/oficial de trajeto único. O paradigma cuiabano das artes, por isso mesmo, gera inúmeras inquietações e angústias que estão a exigir esforços de decolonização e legitimação de modos outros da produção visual. Com isso, propomos, na esteira de Mignolo, conduzir ações orientadas por pensamentos de resistência, por noções como a de "pensamento de fronteira", de "desobediência epistêmica" e de "aesthesis decolonial", que venham desenganchar-nos da obrigatoriedade de trilhar o trajeto único do circuito hegemônico, nos reposicionando, redefinindo, ou seja, constituindo pluri-trajetórias em circuitos outros. / Articulated with the idea of Boaventura de Sousa Santos that modern Western thinking is an abysmal thought, this work proposes to verify the possible persistence of coloniality devices, divisions of social reality and epistemological dominance in the visual arts in Cuiabá, discussing issues related to racism, exploitation and other forms of violence or dehumanization. Additionally, aims to provide theoretical frameworks and tools for the ongoing construction of concepts, relationships and networks to be used to enhance and build decolonial aesthesis and subjectivities. This work is constituted by the study of the notions of coloniality and coloniality of the art, as well as by the investigation of this phenomenon in the art circuit in Cuiabá. According to Anibal Quijano (2000), coloniality is constitutive of the colonial matrix of power and results from a racial/ethnic classification followed by hierarchy that is imposed on the world's population and which operates in several spheres, planes and dimensions, including materials and subjectives of social scale and existence. The so-called epistemic racism, in turn, refers to the hierarchy of domination where the knowledge produced by Western individuals is considered as superior to knowledge produced by non-Western individuals. In art, these hierarchizations occur through the dualisms "classical" and "popular", "regional" and "universal", among others, as well as through categorizations as primitive, naive, crude, handmade, ethnic, cabocla, weird art etc. In Cuiabá there is no undergraduate degree in visual arts, but there are a lot of ("popular") self-taught artists; there are few cultural equipment and generally the sector is administered with low budget, almost without exchange policies. The lack of interest of the public sector plus the decorative direction or "spectacular" that the private sector refers to the visual arts in the local circuit g enerate insurmountable obstacles for some artists, establishing a world apart, of isolation, invisibility or, as Aníbal Quijano said, "a dead end" for those that target a trajectory within institutions, equipment, events, authorized/official circuits. Circuits that, with some exceptions, see the "South of the world" as less able, subaltern with respect to their knowledge, techniques and arts. With regard to Brazil, this hierarchy, with its values and procedures, is reproduced internally in the relations between the Sao Paulo and Rio de Janeiro art circuit with the other cities of the country. Inspired by the concept of the ―single thought‖ of Milton Santos, we call the authorized/official circuit by single path. The cuiabano paradigm of arts generates many concerns and anxieties that are demanding efforts of decolonization and legitimation of other visual production modes. Thus, we propose, in the wake of Mignolo, to conduct actions guided by resistance thoughts, notions such as "border thinking", of "epistemic disobedience" and "decolonial aesthesis", which will unhook us from the obligation to tread the single path of the hegemonic circuit, repositioning us, redefining, or constituting multi-paths in circuits others.
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