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A teia da feira: um estudo sobre a feira-livre de São Joaquim, Salvador, BahiaSouza, Márcio Nicory Costa January 2010 (has links)
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Previous issue date: 2010 / CNPq / À beira de uma “cidade-feira”, uma feira. Crescendo e aninhando uma teia com o
Recôncavo da baía. Muitas embarcações numa rica fronteira líquida. Um incêndio. O
relocamento. Outro lugar. Outro nome: São Joaquim. Rodovias. Supermercados e outras
formas de abastecimento. Intervenções sanitárias. Ameaças de relocamento e “revitalização”.
Tensões.
Percebendo a Feira de São Joaquim enquanto um fenômeno de longa duração, como
manifestação de um determinado passado de precursores: as relações mercantis, o sistema
econômico do Recôncavo da Baía de Todos os Santos e as atividades e loci de inserção da
população pobre, negra e migrante, o presente trabalho toma como objetivo compreender
como se caracteriza a permanência da Feira no sentido de um espaço comercial, locus de
aprovisionamento local e regional, tradicional, ante mudanças na rede geral de abastecimento
na cidade de Salvador e nos hábitos comerciais, bem como enquanto herdeira simbólica e
material das feiras do Sete e de Água de Meninos, refletindo as transformações na rede
comercial aninhada ao Recôncavo da Bahia de outrora.
Utilizando-se de variadas fontes (orais, iconográficas e textuais), procuramos mostrar
que a Feira expressa a riqueza e complexidade sócio-econômica inscrita a sua enseada e
referida a múltiplas espacialidades, territorialidades constituídas e constantemente reafirmadas
entre os fios da teia de São Joaquim. Trocando com vários lugares, nutrindo e sendo nutrida
por estes, a Feira tece sua malha comercial – configurando-se como matriz de todas as outras
feiras-livres da cidade, promovendo o abastecimento de grande parte do mercado informal de
Salvador. Mesmo o Recôncavo, que se estagnou, se mantém vivo nessas trocas. A Feira foi
expressão do pulso acelerado e intenso em Água de Meninos, hoje é igualmente pulso, mas
bate num compasso modesto no fluxo das transformações no Recôncavo e na sua cidade sítio,
Salvador, lançando-se por outros tentáculos e nutrindo e sendo nutrida por outras relações. O
processo histórico compele os feirantes, via resistência, à criação ou invenção de mecanismos
de defesa e adaptação. A Feira não está imune ao “resto” da sociedade, inscreve-se num
tecido social mais amplo. A Feira não é um resquício com validade expirada, mas se coloca
numa formação histórica combinada, negociando com as diferentes forças expulsivas e forças
aglutinadoras. Não é resíduo nem “caco”, mas totalidade simbiótica de modernidades ou
temporalidades sedimentadas ou justapostas. A Feira, para existir na duração do tempo, tem
que ter a capacidade de resistir. Isto é, ser capaz de mudar constantemente. / Salvador
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