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Carolina Maria de Jesus e Clarice Lispector: representações do feminino na literatura brasileira contemporânea / Carolina Maria de Jesus and Clarice Lispector: representations of the feminine in contemporary brazilian literatureMacena, Fabiana Souza Valadão de Castro 08 November 2017 (has links)
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Previous issue date: 2017-11-08 / The present work has as objective to analyze the texts Quarto de Despejo (1960) and Onde
estaes felicidade? (2014) by Carolina Maria de Jesus as also Perto do Coração Selvagem
(1998) and Amor (1998) by Clarice Lispector. From the comparative studies of Tânia
Carvalhal (2006), we try to establish a dialogue between these two authors and some of their
texts, in order to consider how female participation in literary production interferes in the
representation of women (Butler, 2017). The course of analysis includes the ethnic, social and
cultural aspects that affect writing and, consequently, create points of dissonance between
these two authors, while convergence stems from the possibility of a woman to represent
herself. In the process of writing, women emerge the anxieties, conflicts and longings proper
to their universe; this means the opportunity for the subaltern to represent himself and, in this
sense, conscious of his voice, to be empowered (LÉON, 2001). Thus, it is hypothesized that
women's writing will reverberate the social, cultural and ethnic conditions to which the
woman was and is submitted, allowing a comparison that reflects on the path taken by this
gender in the attempt to leave the periphery and goes forward the conquest of an “own roof"
(WOOLF, 2004). If in the text of Clarice Lispector, the flow of consciousness and the
existential dimension prevail, there being room for the expansion and evaluation of feelings
such as love; in Carolina Maria de Jesus’ writing hatches the material aspect, represented in
incipient necessities like children’s education, the lack of money and food that will culminate
in the degradation of the individual without perspectives. In order to observe and contrast the
writing of these two authors, it is necessary to recognize the ethnic elements studied by
Regina Dalcastagnè (2012), to use the social and identity studies proposed by Stuart Hall
(2015) and to analyze the cultural analyzes of Pierre Bourdieu (2012) and Simone de
Beauvoir (1980), observing the influence of these markers in the writing process. The
Claricean text enjoys the privilege that comes from an educated woman, admitted in the niche
of the intellectuality, while the Carolinean production arises under the same marginalization
suffered by the author. In short, through the analysis, it can be seen that the woman in the text
of Clarice Lispector may not get rid of the social and cultural domination that has been
pursuing her for centuries, however, she begins to have a small right over her body and to
reflect about her desires. Although in more arid soil, it is in the same emancipatory sense that
goes through Carolina Maria de Jesus, who, under the prejudice of being a woman, without a
husband, with no schooling, money or professionalization, realizes the dream of becoming a
writer and opens space for other voices, subalternized like hers, to be heard and considered in the social and literary space. / O presente trabalho tem como objetivo analisar os textos Quarto de Despejo (1960) e Onde
estaes felicidade? (2014) de Carolina Maria de Jesus e Perto do Coração Selvagem (1998) e
Amor (1998) de Clarice Lispector. A partir dos estudos comparados de Tânia Carvalhal
(2006), procuramos estabelecer um diálogo entre essas duas autoras e alguns de seus textos, a
fim de ponderar como a participação feminina na produção literária interfere na representação
da mulher (BUTLER, 2017). O percurso de análise compreende os aspectos étnicos, sociais e
culturais que repercutem na escrita e, consequentemente, criam pontos de dissonância entre
essas duas autoras, enquanto a convergência decorre da possibilidade de uma mulher
representar a si mesma. No processo de escritura, a mulher faz emergir as angústias, os
conflitos e os anseios próprios de seu universo, isso significa a oportunidade de o subalterno
se representar e, nesse sentido, consciente de sua voz, empoderar-se (LÉON, 2001). Assim,
suscita-se a hipótese de que a escrita feminina irá reverberar as condições sociais, culturais e
étnicas a que a mulher esteve e está submetida, possibilitando uma comparação que repercuta
no caminho trilhado por esse gênero na tentativa de sair da periferia da submissão rumo à
conquista de um “teto todo seu” (WOOLF, 2004). Se no texto de Clarice Lispector imperam o
fluxo de consciência e a dimensão existencial, havendo espaço para a expansão e avaliação de
sentimentos como o amor; na escrita de Carolina Maria de Jesus eclode o aspecto material,
representado em necessidades incipientes como a criação dos filhos, a falta de dinheiro e
comida que culminarão na degradação do indivíduo sem perspectivas. Para observar e
contrapor a escrita dessas duas autoras, é preciso, portanto, reconhecer os elementos étnicos
estudados por Regina Dalcastagnè (2012), recorrer aos estudos sociais e identitários propostos
por Stuart Hall (2015) e perfilhar as análises culturais de Pierre Bourdieu (2012) e Simone de
Beauvoir (1980), observando a influência desses marcadores no processo de escrita. O texto
clariceano goza do privilégio que advém de uma mulher escolarizada e admitida no nicho da
intelectualidade, enquanto a produção carolineana surge sob a mesma marginalização sofrida
pela autora. Em suma, por meio das análises, percebe-se que a mulher no texto de Clarice
Lispector pode não se livrar inteiramente da dominação social e cultural que por séculos a tem
perseguido, contudo, começa a ter um pequeno direito sobre seu corpo e a refletir sobre seus
desejos. Embora em solo mais árido, é no mesmo sentido emancipatório que caminha
Carolina Maria de Jesus, a qual, sob o preconceito de ser mulher, sem marido, sem
escolaridade, sem dinheiro nem profissionalização, realiza o sonho de se tornar escritora e
abre espaço para que outras vozes, subalternizadas como a sua, sejam ouvidas e consideradas
no espaço social e literário.
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