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Trajetórias do nascer : a construção cultural da incompetência de mulheres gestantes para gestar e parir no subsetor suplementar de saúde em Porto Alegre, RS / Birth trajectories : cultural representations of pregnant women assisted by the supplemental subsector of health in Porto Alegre, RS / Trayectorias del nacer : las representaciones culturales de mujeres embarazadas atendidas en el subsector suplementar de salud en Porto Alegre, RSVeleda, Aline Alves January 2015 (has links)
Este trabalho teve como objetivo analisar a construção de uma representação cultural sobre a incompetência feminina para gestar e parir por meio da análise das trajetórias assistenciais de mulheres atendidas no subsetor suplementar de atenção à saúde de Porto Alegre, RS. Procurou-se problematizar o contexto social e cultural da vivência da gestação e do parto das mulheres atendidas por planos ou seguros saúde, compreendendo a gestação e o nascimento como processos culturais e inseridos na contemporaneidade. Para tanto foi realizado um estudo etnográfico de abril a novembro de 2014 na cidade de Porto Alegre, RS, com a participação de oito mulheres gestantes, atendidas por planos de saúde e que estavam com mais de 32 semanas de gestação. Os dados foram produzidos por meio de observação participante, anotações em diário de campo e entrevistas semi estruturadas, as quais foram gravadas e transcritas na íntegra. O processo analítico foi orientado pela antropologia interpretativa, tendo como base o referencial teórico sobre Cultura de Clifford Geertz. Foi possível apreender as trajetórias assistenciais das mulheres acompanhadas, desenhando caminhos de modulação e resistência. Apreendeu-se visões complexas e subjetivas sobre a gestação e o parto, sempre compreendidas em meio a cultura em que as mulheres viviam e experencivam estes processos. As redes sociais apresentam-se como elementos moduladores sobre os ideais de maternidade e escolhas do parto. A gestação é compreendida por um olhar medicalizado, orientando à ideia de que a mulher não deve envolver-se com a gravidez e o parto, visto ser estes de domínio da medicina. Crenças e rituais fortalecem tais ideais, servindo como modelos culturais para a futura mulher-mãe. O momento do nascimento é envolto pelo discurso do medo e do risco, reforçando a necessidade do saber médico e a incompetência feminina para viver o parto. Durante o puerpério a mulher vivencia o processo de “tornar-se mulher-mãe”, questionando sobre seus ideais de maternidade e vivendo uma ambivalência de sentimentos, o que a fragiliza, tornando-a sensível à opiniões, intromissões e modulações culturais e sociais. Por fim, identificam-se trajetórias de atenção marcadas pela violência física e emocional no subsetor suplementar, levantando questionamentos sobre a qualidade da assistência ofertada às suas usuárias. A partir disso tudo, fica a compreensão que as mulheres, moduladas por saberes biomédicos caminham por trajetórias semelhantes na saúde suplementar, por caminhos que desapropriam-nas de seu corpo e de suas escolhas, experenciando momentos de desrespeito e violência. No entanto, ainda existem movimentos de resistência, trajetórias de fuga, as quais possibilitam, não sem sofrimento, a vivência de gestar e parir que elas desejam. É preciso urgentemente atentar para como está ocorrendo a atenção obstétrica no subsetor suplementar, para além dos percentuais de cesariana, os quais são apenas o desfecho esperado de uma gestação modulada, invadida e culturalmente medicalizada. / This study aimed to analyze the construction of a cultural representation of women's inability to gestate and give birth through the analysis of care trajectories of women assisted by the supplemental subsector of healthcare in Porto Alegre, RS. It sought to question the social and cultural context of the experience of pregnancy and delivery of women attended by health plans or insurances, including pregnancy and birth as cultural processes, inserted in contemporary times. For that purpose, an ethnographic study was performed from April to November 2014 in the city of Porto Alegre, RS, with the participation of eight pregnant women, attended by health plans and who were with more than 32 weeks of pregnancy. Data were produced through participant observation, field diary notes and semi-structured interviews, which were recorded and fully transcribed. The analytical process was guided by the interpretive anthropology, based on the theoretical framework of Clifford Geertz on culture. It was possible to capture the healthcare trajectories of the women, drawing modulation and resistance paths. Also, complex and subjective views about pregnancy and delivery were internalized, and they were always understood in the midst of the culture in which women lived and experienced such processes. Social networks are presented as modulator elements on the ideals of motherhood and childbirth choices. Pregnancy is comprised of a medicalized look, guiding to the idea that women should not be involved with pregnancy and childbirth, given they’re both of medicine domain. Beliefs and rituals strengthen these ideals, serving as cultural models for the future mother-woman. The moment of birth is surrounded by the discourse of fear and risk, stressing the need for medical knowledge and women's inability for living the parturition. During puerperium women go through the process of "becoming a mother-woman", questioning their ideals of motherhood and living an ambivalence of feelings, which weakens themselves, making them sensitive to opinions, intrusions and cultural and social modulations. Finally, care trajectories marked by physical and emotional violence are identified in the supplemental subsector, raising questions about the quality of assistance given to its users. From all this is the understanding that women, modulated by biomedical knowledge go through similar paths in the supplemental health, by ways that evict them from their bodies and their choices, experiencing moments of disrespect and violence. However, there still are movements of resistance, escape paths, which enable, not without suffering, the experience of gestating and giving birth that they want. It is urgent to pay attention to how the obstetric care in the supplemental subsector is happening, beyond Cesarean percentage, which is only the outcome expected from a modulated pregnancy, invaded and culturally medicalized. / Este trabajo tuvo como objetivo analizar la construcción de una representación cultural sobre la incompetencia femenina para gestar y parir por medio del análisis de las trayectorias asistenciales de mujeres atendidas en el subsector suplementar de atención a la salud de Porto Alegre, RS. Se buscó problematizar el contexto social y cultural de vivencia de la gestación y del parto de las mujeres atendidas por planes o seguros salud, comprendiendo la gestación y el nacimiento como procesos culturales e inseridos en la contemporaneidad. Para tanto, fue realizado un estudio etnográfico de abril a noviembre de 2014 en la ciudad de Porto Alegre, RS, con la participación de ocho mujeres embarazadas, atendidas por planes de salud y que estaban con más de 32 semanas de gestación. Los datos fueron producidos por medio de observación participante, anotaciones en diario de campo y entrevistas semi estructuradas, las cuales fueron grabadas y transcriptas a la íntegra. El proceso analítico fue orientado por la antropología interpretativa, teniendo como base el referencial teórico sobre Cultura de Clifford Geertz. Fue posible comprender las trayectorias asistenciales de las mujeres acompañadas, dibujando caminos de modulación y resistencia. Fueron tomadas visiones complejas y subjetivas sobre la gestación y el parto, siempre comprendidas en el medio a la cultura en que las mujeres vivían y experienciaban estos procesos. Las redes sociales se presentan como elementos moduladores sobre los ideales de maternidad y elección del parto. La gestación es comprendida por una mirada medicalizada, orientada a la idea de que la mujer no debe preocuparse con el embarazo y el parto, vistoéstos de dominio de la medicina. Creencias y rituales fortalecen tales ideales, sirviendo como modelos culturales para la futura mujer-madre. El momento del nacimiento es tomado por el discurso del miedo y del riesgo, reforzando la necesidad del saber médico yla incompetencia femenina para vivir el parto. Durante el puerperio la mujer experimenta el proceso de “convertirse mujer-madre”, cuestionando sobre sus ideales de maternidad y viviendo una ambivalencia de sentimientos, lo que la fragiliza, la convirtiendo sensible a opiniones, intromisiones y modulaciones culturales y sociales. Por fin, se identifican trayectorias de atención marcadas por la violencia física y emocional en el subsector suplementar, levantando cuestionamientos sobre la cualidad de la asistencia ofertada a sus usuarias. Con eso, quedala comprensión de que las mujeres, moduladas por saberes biomédicos, caminan por trayectorias semejantes en la salud suplementar, por caminos que las desapropian de su cuerpo y de sus elecciones, experienciando momentos de falta de respeto y violencia. Sin embargo, todavía existen movimientos de resistencia, trayectorias de fuga, las cuales posibilitan, no sin sufrimiento, la vivencia de gestar y parir que ellas desean. Es necesario urgentemente atentar para cómo está ocurriendo la atención obstétrica en el subsector suplementar, para más allá de los porcentuales de cesariana, los cuales son apenas el desfecho esperado de una gestación modulada, invadida y culturalmente medicalizada.
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Trajetórias do nascer : a construção cultural da incompetência de mulheres gestantes para gestar e parir no subsetor suplementar de saúde em Porto Alegre, RS / Birth trajectories : cultural representations of pregnant women assisted by the supplemental subsector of health in Porto Alegre, RS / Trayectorias del nacer : las representaciones culturales de mujeres embarazadas atendidas en el subsector suplementar de salud en Porto Alegre, RSVeleda, Aline Alves January 2015 (has links)
Este trabalho teve como objetivo analisar a construção de uma representação cultural sobre a incompetência feminina para gestar e parir por meio da análise das trajetórias assistenciais de mulheres atendidas no subsetor suplementar de atenção à saúde de Porto Alegre, RS. Procurou-se problematizar o contexto social e cultural da vivência da gestação e do parto das mulheres atendidas por planos ou seguros saúde, compreendendo a gestação e o nascimento como processos culturais e inseridos na contemporaneidade. Para tanto foi realizado um estudo etnográfico de abril a novembro de 2014 na cidade de Porto Alegre, RS, com a participação de oito mulheres gestantes, atendidas por planos de saúde e que estavam com mais de 32 semanas de gestação. Os dados foram produzidos por meio de observação participante, anotações em diário de campo e entrevistas semi estruturadas, as quais foram gravadas e transcritas na íntegra. O processo analítico foi orientado pela antropologia interpretativa, tendo como base o referencial teórico sobre Cultura de Clifford Geertz. Foi possível apreender as trajetórias assistenciais das mulheres acompanhadas, desenhando caminhos de modulação e resistência. Apreendeu-se visões complexas e subjetivas sobre a gestação e o parto, sempre compreendidas em meio a cultura em que as mulheres viviam e experencivam estes processos. As redes sociais apresentam-se como elementos moduladores sobre os ideais de maternidade e escolhas do parto. A gestação é compreendida por um olhar medicalizado, orientando à ideia de que a mulher não deve envolver-se com a gravidez e o parto, visto ser estes de domínio da medicina. Crenças e rituais fortalecem tais ideais, servindo como modelos culturais para a futura mulher-mãe. O momento do nascimento é envolto pelo discurso do medo e do risco, reforçando a necessidade do saber médico e a incompetência feminina para viver o parto. Durante o puerpério a mulher vivencia o processo de “tornar-se mulher-mãe”, questionando sobre seus ideais de maternidade e vivendo uma ambivalência de sentimentos, o que a fragiliza, tornando-a sensível à opiniões, intromissões e modulações culturais e sociais. Por fim, identificam-se trajetórias de atenção marcadas pela violência física e emocional no subsetor suplementar, levantando questionamentos sobre a qualidade da assistência ofertada às suas usuárias. A partir disso tudo, fica a compreensão que as mulheres, moduladas por saberes biomédicos caminham por trajetórias semelhantes na saúde suplementar, por caminhos que desapropriam-nas de seu corpo e de suas escolhas, experenciando momentos de desrespeito e violência. No entanto, ainda existem movimentos de resistência, trajetórias de fuga, as quais possibilitam, não sem sofrimento, a vivência de gestar e parir que elas desejam. É preciso urgentemente atentar para como está ocorrendo a atenção obstétrica no subsetor suplementar, para além dos percentuais de cesariana, os quais são apenas o desfecho esperado de uma gestação modulada, invadida e culturalmente medicalizada. / This study aimed to analyze the construction of a cultural representation of women's inability to gestate and give birth through the analysis of care trajectories of women assisted by the supplemental subsector of healthcare in Porto Alegre, RS. It sought to question the social and cultural context of the experience of pregnancy and delivery of women attended by health plans or insurances, including pregnancy and birth as cultural processes, inserted in contemporary times. For that purpose, an ethnographic study was performed from April to November 2014 in the city of Porto Alegre, RS, with the participation of eight pregnant women, attended by health plans and who were with more than 32 weeks of pregnancy. Data were produced through participant observation, field diary notes and semi-structured interviews, which were recorded and fully transcribed. The analytical process was guided by the interpretive anthropology, based on the theoretical framework of Clifford Geertz on culture. It was possible to capture the healthcare trajectories of the women, drawing modulation and resistance paths. Also, complex and subjective views about pregnancy and delivery were internalized, and they were always understood in the midst of the culture in which women lived and experienced such processes. Social networks are presented as modulator elements on the ideals of motherhood and childbirth choices. Pregnancy is comprised of a medicalized look, guiding to the idea that women should not be involved with pregnancy and childbirth, given they’re both of medicine domain. Beliefs and rituals strengthen these ideals, serving as cultural models for the future mother-woman. The moment of birth is surrounded by the discourse of fear and risk, stressing the need for medical knowledge and women's inability for living the parturition. During puerperium women go through the process of "becoming a mother-woman", questioning their ideals of motherhood and living an ambivalence of feelings, which weakens themselves, making them sensitive to opinions, intrusions and cultural and social modulations. Finally, care trajectories marked by physical and emotional violence are identified in the supplemental subsector, raising questions about the quality of assistance given to its users. From all this is the understanding that women, modulated by biomedical knowledge go through similar paths in the supplemental health, by ways that evict them from their bodies and their choices, experiencing moments of disrespect and violence. However, there still are movements of resistance, escape paths, which enable, not without suffering, the experience of gestating and giving birth that they want. It is urgent to pay attention to how the obstetric care in the supplemental subsector is happening, beyond Cesarean percentage, which is only the outcome expected from a modulated pregnancy, invaded and culturally medicalized. / Este trabajo tuvo como objetivo analizar la construcción de una representación cultural sobre la incompetencia femenina para gestar y parir por medio del análisis de las trayectorias asistenciales de mujeres atendidas en el subsector suplementar de atención a la salud de Porto Alegre, RS. Se buscó problematizar el contexto social y cultural de vivencia de la gestación y del parto de las mujeres atendidas por planes o seguros salud, comprendiendo la gestación y el nacimiento como procesos culturales e inseridos en la contemporaneidad. Para tanto, fue realizado un estudio etnográfico de abril a noviembre de 2014 en la ciudad de Porto Alegre, RS, con la participación de ocho mujeres embarazadas, atendidas por planes de salud y que estaban con más de 32 semanas de gestación. Los datos fueron producidos por medio de observación participante, anotaciones en diario de campo y entrevistas semi estructuradas, las cuales fueron grabadas y transcriptas a la íntegra. El proceso analítico fue orientado por la antropología interpretativa, teniendo como base el referencial teórico sobre Cultura de Clifford Geertz. Fue posible comprender las trayectorias asistenciales de las mujeres acompañadas, dibujando caminos de modulación y resistencia. Fueron tomadas visiones complejas y subjetivas sobre la gestación y el parto, siempre comprendidas en el medio a la cultura en que las mujeres vivían y experienciaban estos procesos. Las redes sociales se presentan como elementos moduladores sobre los ideales de maternidad y elección del parto. La gestación es comprendida por una mirada medicalizada, orientada a la idea de que la mujer no debe preocuparse con el embarazo y el parto, vistoéstos de dominio de la medicina. Creencias y rituales fortalecen tales ideales, sirviendo como modelos culturales para la futura mujer-madre. El momento del nacimiento es tomado por el discurso del miedo y del riesgo, reforzando la necesidad del saber médico yla incompetencia femenina para vivir el parto. Durante el puerperio la mujer experimenta el proceso de “convertirse mujer-madre”, cuestionando sobre sus ideales de maternidad y viviendo una ambivalencia de sentimientos, lo que la fragiliza, la convirtiendo sensible a opiniones, intromisiones y modulaciones culturales y sociales. Por fin, se identifican trayectorias de atención marcadas por la violencia física y emocional en el subsector suplementar, levantando cuestionamientos sobre la cualidad de la asistencia ofertada a sus usuarias. Con eso, quedala comprensión de que las mujeres, moduladas por saberes biomédicos, caminan por trayectorias semejantes en la salud suplementar, por caminos que las desapropian de su cuerpo y de sus elecciones, experienciando momentos de falta de respeto y violencia. Sin embargo, todavía existen movimientos de resistencia, trayectorias de fuga, las cuales posibilitan, no sin sufrimiento, la vivencia de gestar y parir que ellas desean. Es necesario urgentemente atentar para cómo está ocurriendo la atención obstétrica en el subsector suplementar, para más allá de los porcentuales de cesariana, los cuales son apenas el desfecho esperado de una gestación modulada, invadida y culturalmente medicalizada.
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Trajetórias do nascer : a construção cultural da incompetência de mulheres gestantes para gestar e parir no subsetor suplementar de saúde em Porto Alegre, RS / Birth trajectories : cultural representations of pregnant women assisted by the supplemental subsector of health in Porto Alegre, RS / Trayectorias del nacer : las representaciones culturales de mujeres embarazadas atendidas en el subsector suplementar de salud en Porto Alegre, RSVeleda, Aline Alves January 2015 (has links)
Este trabalho teve como objetivo analisar a construção de uma representação cultural sobre a incompetência feminina para gestar e parir por meio da análise das trajetórias assistenciais de mulheres atendidas no subsetor suplementar de atenção à saúde de Porto Alegre, RS. Procurou-se problematizar o contexto social e cultural da vivência da gestação e do parto das mulheres atendidas por planos ou seguros saúde, compreendendo a gestação e o nascimento como processos culturais e inseridos na contemporaneidade. Para tanto foi realizado um estudo etnográfico de abril a novembro de 2014 na cidade de Porto Alegre, RS, com a participação de oito mulheres gestantes, atendidas por planos de saúde e que estavam com mais de 32 semanas de gestação. Os dados foram produzidos por meio de observação participante, anotações em diário de campo e entrevistas semi estruturadas, as quais foram gravadas e transcritas na íntegra. O processo analítico foi orientado pela antropologia interpretativa, tendo como base o referencial teórico sobre Cultura de Clifford Geertz. Foi possível apreender as trajetórias assistenciais das mulheres acompanhadas, desenhando caminhos de modulação e resistência. Apreendeu-se visões complexas e subjetivas sobre a gestação e o parto, sempre compreendidas em meio a cultura em que as mulheres viviam e experencivam estes processos. As redes sociais apresentam-se como elementos moduladores sobre os ideais de maternidade e escolhas do parto. A gestação é compreendida por um olhar medicalizado, orientando à ideia de que a mulher não deve envolver-se com a gravidez e o parto, visto ser estes de domínio da medicina. Crenças e rituais fortalecem tais ideais, servindo como modelos culturais para a futura mulher-mãe. O momento do nascimento é envolto pelo discurso do medo e do risco, reforçando a necessidade do saber médico e a incompetência feminina para viver o parto. Durante o puerpério a mulher vivencia o processo de “tornar-se mulher-mãe”, questionando sobre seus ideais de maternidade e vivendo uma ambivalência de sentimentos, o que a fragiliza, tornando-a sensível à opiniões, intromissões e modulações culturais e sociais. Por fim, identificam-se trajetórias de atenção marcadas pela violência física e emocional no subsetor suplementar, levantando questionamentos sobre a qualidade da assistência ofertada às suas usuárias. A partir disso tudo, fica a compreensão que as mulheres, moduladas por saberes biomédicos caminham por trajetórias semelhantes na saúde suplementar, por caminhos que desapropriam-nas de seu corpo e de suas escolhas, experenciando momentos de desrespeito e violência. No entanto, ainda existem movimentos de resistência, trajetórias de fuga, as quais possibilitam, não sem sofrimento, a vivência de gestar e parir que elas desejam. É preciso urgentemente atentar para como está ocorrendo a atenção obstétrica no subsetor suplementar, para além dos percentuais de cesariana, os quais são apenas o desfecho esperado de uma gestação modulada, invadida e culturalmente medicalizada. / This study aimed to analyze the construction of a cultural representation of women's inability to gestate and give birth through the analysis of care trajectories of women assisted by the supplemental subsector of healthcare in Porto Alegre, RS. It sought to question the social and cultural context of the experience of pregnancy and delivery of women attended by health plans or insurances, including pregnancy and birth as cultural processes, inserted in contemporary times. For that purpose, an ethnographic study was performed from April to November 2014 in the city of Porto Alegre, RS, with the participation of eight pregnant women, attended by health plans and who were with more than 32 weeks of pregnancy. Data were produced through participant observation, field diary notes and semi-structured interviews, which were recorded and fully transcribed. The analytical process was guided by the interpretive anthropology, based on the theoretical framework of Clifford Geertz on culture. It was possible to capture the healthcare trajectories of the women, drawing modulation and resistance paths. Also, complex and subjective views about pregnancy and delivery were internalized, and they were always understood in the midst of the culture in which women lived and experienced such processes. Social networks are presented as modulator elements on the ideals of motherhood and childbirth choices. Pregnancy is comprised of a medicalized look, guiding to the idea that women should not be involved with pregnancy and childbirth, given they’re both of medicine domain. Beliefs and rituals strengthen these ideals, serving as cultural models for the future mother-woman. The moment of birth is surrounded by the discourse of fear and risk, stressing the need for medical knowledge and women's inability for living the parturition. During puerperium women go through the process of "becoming a mother-woman", questioning their ideals of motherhood and living an ambivalence of feelings, which weakens themselves, making them sensitive to opinions, intrusions and cultural and social modulations. Finally, care trajectories marked by physical and emotional violence are identified in the supplemental subsector, raising questions about the quality of assistance given to its users. From all this is the understanding that women, modulated by biomedical knowledge go through similar paths in the supplemental health, by ways that evict them from their bodies and their choices, experiencing moments of disrespect and violence. However, there still are movements of resistance, escape paths, which enable, not without suffering, the experience of gestating and giving birth that they want. It is urgent to pay attention to how the obstetric care in the supplemental subsector is happening, beyond Cesarean percentage, which is only the outcome expected from a modulated pregnancy, invaded and culturally medicalized. / Este trabajo tuvo como objetivo analizar la construcción de una representación cultural sobre la incompetencia femenina para gestar y parir por medio del análisis de las trayectorias asistenciales de mujeres atendidas en el subsector suplementar de atención a la salud de Porto Alegre, RS. Se buscó problematizar el contexto social y cultural de vivencia de la gestación y del parto de las mujeres atendidas por planes o seguros salud, comprendiendo la gestación y el nacimiento como procesos culturales e inseridos en la contemporaneidad. Para tanto, fue realizado un estudio etnográfico de abril a noviembre de 2014 en la ciudad de Porto Alegre, RS, con la participación de ocho mujeres embarazadas, atendidas por planes de salud y que estaban con más de 32 semanas de gestación. Los datos fueron producidos por medio de observación participante, anotaciones en diario de campo y entrevistas semi estructuradas, las cuales fueron grabadas y transcriptas a la íntegra. El proceso analítico fue orientado por la antropología interpretativa, teniendo como base el referencial teórico sobre Cultura de Clifford Geertz. Fue posible comprender las trayectorias asistenciales de las mujeres acompañadas, dibujando caminos de modulación y resistencia. Fueron tomadas visiones complejas y subjetivas sobre la gestación y el parto, siempre comprendidas en el medio a la cultura en que las mujeres vivían y experienciaban estos procesos. Las redes sociales se presentan como elementos moduladores sobre los ideales de maternidad y elección del parto. La gestación es comprendida por una mirada medicalizada, orientada a la idea de que la mujer no debe preocuparse con el embarazo y el parto, vistoéstos de dominio de la medicina. Creencias y rituales fortalecen tales ideales, sirviendo como modelos culturales para la futura mujer-madre. El momento del nacimiento es tomado por el discurso del miedo y del riesgo, reforzando la necesidad del saber médico yla incompetencia femenina para vivir el parto. Durante el puerperio la mujer experimenta el proceso de “convertirse mujer-madre”, cuestionando sobre sus ideales de maternidad y viviendo una ambivalencia de sentimientos, lo que la fragiliza, la convirtiendo sensible a opiniones, intromisiones y modulaciones culturales y sociales. Por fin, se identifican trayectorias de atención marcadas por la violencia física y emocional en el subsector suplementar, levantando cuestionamientos sobre la cualidad de la asistencia ofertada a sus usuarias. Con eso, quedala comprensión de que las mujeres, moduladas por saberes biomédicos, caminan por trayectorias semejantes en la salud suplementar, por caminos que las desapropian de su cuerpo y de sus elecciones, experienciando momentos de falta de respeto y violencia. Sin embargo, todavía existen movimientos de resistencia, trayectorias de fuga, las cuales posibilitan, no sin sufrimiento, la vivencia de gestar y parir que ellas desean. Es necesario urgentemente atentar para cómo está ocurriendo la atención obstétrica en el subsector suplementar, para más allá de los porcentuales de cesariana, los cuales son apenas el desfecho esperado de una gestación modulada, invadida y culturalmente medicalizada.
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Do pré-natal ao parto : estudo das trajetórias terapêuticas percorridas por um grupo de mulheres usuárias do subsetor suplementar de assistência à saúde / Desde el Pre-Natal hasta el parto : estudio de las trayectorias terapéuticas recorridas por un grupo de mujeres usuarias del subsector suplementario de asistencia a la salud / From pre-natal to delivery : a study on the therapeutic trajectories of a group of women who use the supplemental subsector of health careCordova, Fernanda Peixoto January 2008 (has links)
No sistema de saúde brasileiro encontra-se a atuação de dois subsetores no contexto da assistência à saúde da população. Um é o subsetor estatal, composto por serviços próprios do Sistema Único de Saúde (SUS) e por serviços privados contratados e, o outro é subsetor suplementar, composto por serviços prestados pela iniciativa privada, na qual é acessado pela população através da contratação de planos ou seguros de saúde. De acordo com a Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde de 1990, a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, devendo ser regulada pelo SUS. O subsetor suplementar atualmente abrande em torno de 25% da população brasileira e, conforme demonstram algumas pesquisas, o cuidado prestado a estes usuários tem sido predominantemente fragmentado, medicalizador, biologicista e desenvolvido numa diversidade de coberturas assistenciais. Neste sentido, identifiquei como importante pesquisar a atenção ao pré-natal e ao parto, considerando a abrangência da cobertura pelo subsetor neste campo e o impacto do pré-natal e do parto nas taxas de mortalidade materna e neonatal. O presente estudo teve como objetivos conhecer as trajetórias terapêuticas de mulheres usuárias de planos ou seguros de saúde no contexto da atenção ao pré-natal e ao parto e, analisar as ações de cuidado que constituíram estas trajetórias, na perspectiva do referencial da integralidade e da promoção da saúde. Na análise da atenção ao pré-natal e ao parto a noção de integralidade e de promoção da saúde ganha importância, na medida em que agregam elementos tais como acesso, acolhimento, vínculo, responsabilização, autonomia e educação em saúde, considerados como marcadores de qualidade e resolutividade na atenção em saúde. O estudo, de cunho exploratório-descritivo, foi desenvolvido numa perspectiva qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram onze mulheres que tiveram seu pré-natal realizado no subsetor suplementar. Na análise dos dados, observo que no âmbito da atenção ao pré-natal e ao parto, as mulheres percorreram trajetórias terapêuticas com elevada especialização em relação ao grande número de exames e procedimentos realizados. Nas consultas pré-natais apareceram poucos espaços destinados à escuta e ao diálogo, havendo predomínio de ações intervencionistas ao invés de ações de educação em saúde. Nas experiências das mulheres entrevistadas o desfecho das trajetórias terapêuticas percorridas no pré-natal foi o parto cesáreo. A análise dos dados sugere que as mulheres pouco participaram dos processos de escolhas dos exames e do tipo de parto de que foram sujeitos, possivelmente porque houveram poucos espaços para a discussão e problematização das circunstâncias que resultaram na indicação médica destes procedimentos. Neste sentido, os dados sugerem uma falta de autonomia das mulheres que são atendidas pelo subsetor suplementar no âmbito da atenção ao pré-natal e ao parto. Estes resultados indicam que, neste contexto, o cuidado é fragmentado, medicalizado e biologicista. Neste sentido, considerada a sua necessária aproximação dos princípios do SUS e, mais especificamente do referencial da integralidade e da promoção da saúde, é possível argumentar que a atenção pré-natal e ao parto realizada no contexto do subsetor suplementar precisa melhorar sua qualidade. / In the Brazilian health system there are two subsectors within the context of the population health care. One of them is the state subsector, comprising services from the Brazilian Health Care System (BHCS) and by contracted private services. The other is the supplemental subsector which comprises services provided by the private sector to which the population has access by contracting health plans or insurance. According to the Federal Constitution of 1988 and the Lei Orgânica da Saúde (Health Regulation) of 1990, health care is be free for the private sector; however the BHCS is in charge of supervising and controlling it. Currently, the supplemental subsector comprises around 25% of the Brazilian population and, according to some researches, the care offered to these users has been predominantly fragmented, with prescription of medicines, of biological feature and developed in a diversity of assistance coverage. In this sense, we identified as important to research the pre-natal and delivery care, considering the coverage range of the subsector in this field and the impact of the pre-natal and delivery programs on the maternal and neonatal mortality rates. This study aims to learn the therapeutic trajectories of women who use health plans and insurances within the context of pre-natal and delivery care. It also aims to analyze the actions of care that constituted these trajectories under the perspective of the referential of integrality and of health promotion. In the analysis of pre-natal and delivery care, the notion of integrality and health promotion acquires importance since it adds elements such as the welcoming, acess, bond, responsibility, autonomy, and health education which are considered to be markers of quality and resolution in health care. This exploratory and descriptive study has been developed under a qualitative perspective. The subjects of the research were eleven women whose pre-natal program was carried out in the supplemental subsector. In the data analysis we noticed that, in the range of pre-natal and delivery care, the women went through therapeutic trajectories with high specialization in terms of the great number of examinations and procedures carried out. In the pre-natal appointments, there was little space for listening and dialogue, with the predominance of intervening actions instead of health education actions. In the experiences of the interviewed women,the outcome of the therapeutic trajectories during the pre-natal period, was the delivery by Caesarian. The data analysis suggests that the women had little participation in the processes of choosing the examinations and the type of delivery they were to have, possibly because there was little space for discussing and questioning the circumstances that resulted in the medical recommendation of such procedures. In this sense, the data suggest the lack of autonomy of the women who are attended by the supplemental subsector within the range of pre-natal and delivery care. These results indicate that, within this context, care is fragmented and based on biomedical knowledge. Considering its necessary proximity to the BHCS principles and, more specifically, to the referential of integrality and of health promotion, it can be concluded that the quality of pre-natal and delivery care performed within the context of the supplemental subsector must be improved. / En el sistema de salud brasileño, encontré la actuación de subsectores en el contexto de la asistencia a la salud de la población. Uno de ellos es el subsector estatal, compuesto por servicios propios del Sistema Único de Salud (SUS) y por servicios privados contractados mientras el otro es el subsector suplementario compuesto por servicios, prestados por la iniciativa privada, junto a la cual la población se lo accede a través de la contratación de planos o seguros de salud. De acuerdo con la Constitución Federal de 1988 y la Ley Orgánica de la Salud de 1990, la asistencia a la salud es libre a la iniciativa privada, sin embargo cabe al SUS su fiscalización y control. El subsector suplementario, actualmente, abarca cerca de 25% de la población brasileña y, según demuestran algunas pesquisas, el cuidado prestado a estos usuarios ha sido predominantemente fragmentado, con um exceso de intervención médica, de base biológica y desarrollado en una diversidad de coberturas asistenciales. En este sentido, identifiqué la importáncia de investigar la atención al pre-natal y al parto, considerando el alcance de la cobertura por el subsector en este campo y el impacto del pre-natal y del parto en las tasas de mortalidad materna y neonatal. El presente estudio tieve como objetivos conocer las trayectorias terapéuticas de mujeres usuarias de planos o seguros de salud en el contexto de la atención al pre-natal y al parto además de analizar las acciones de cuidado que constituyeron estas trayectorias bajo la perspectiva del referencial de la integralidad y de la promoción de la salud. En el análisis de la atención al pre-natal y al parto, la noción de integralidad y de promoción de la salud gana importancia, visto que agrega elementos tales como acceso, acogida, vínculo, atribución de responsabilidad, autonomía y educación en salud, considerados marcadores de calidad y de capacidad de resolución en la atención en salud. El estudio, de carácter exploratorio-descriptivo, fue desarrollado bajo una perspectiva cualitativa. Los sujetos de la investigación fueron once mujeres que tuvieron su pre-natal realizado en el subsector suplementario. En el análisis de los datos, observé que, en el ámbito de la atención al pre-natal y al parto, las mujeres recorrieron trayectorias terapéuticas con elevada especialización en relación al gran número de exámenes y procedimientos realizados. En las consultas pre-natales, aparecieron pocos espacios destinados a la escucha y al diálogo, con predominio de acciones intervencionistas en vez de acciones de educación en salud. En las experiencias de las mujeres entrevistadas, el resultado de las trayectorias terapéuticas, recorridas en el pre-natal, fue la cesárea. El análisis de los datos sugiere que las mujeres poco participaron de los procesos de escogencias de los exámenes y del tipo de parto de que fueron sujetos, posiblemente porque hubo pocos espacios para la discusión y problematización de las circunstancias que resultaron la indicación médica de estos procedimientos. En este sentido, los datos sugieren falta de autonomía de las mujeres que son atendidas por el subsector suplementario en el ámbito de la atención al pre-natal y al parto. Los resultados indican que, en este contexto, el cuidado es fragmentado, com una excesiva intervención médica y de base biológica. Considerada su necesaria aproximación de los principios del SUS y, más específicamente, del referencial de la integralidad y de la promoción de la salud, es posible argumentar que la atención al pre-natal y al parto, realizada en el contexto del subsector suplementario, precisa mejorar su calidad.
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Do pré-natal ao parto : estudo das trajetórias terapêuticas percorridas por um grupo de mulheres usuárias do subsetor suplementar de assistência à saúde / Desde el Pre-Natal hasta el parto : estudio de las trayectorias terapéuticas recorridas por un grupo de mujeres usuarias del subsector suplementario de asistencia a la salud / From pre-natal to delivery : a study on the therapeutic trajectories of a group of women who use the supplemental subsector of health careCordova, Fernanda Peixoto January 2008 (has links)
No sistema de saúde brasileiro encontra-se a atuação de dois subsetores no contexto da assistência à saúde da população. Um é o subsetor estatal, composto por serviços próprios do Sistema Único de Saúde (SUS) e por serviços privados contratados e, o outro é subsetor suplementar, composto por serviços prestados pela iniciativa privada, na qual é acessado pela população através da contratação de planos ou seguros de saúde. De acordo com a Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde de 1990, a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, devendo ser regulada pelo SUS. O subsetor suplementar atualmente abrande em torno de 25% da população brasileira e, conforme demonstram algumas pesquisas, o cuidado prestado a estes usuários tem sido predominantemente fragmentado, medicalizador, biologicista e desenvolvido numa diversidade de coberturas assistenciais. Neste sentido, identifiquei como importante pesquisar a atenção ao pré-natal e ao parto, considerando a abrangência da cobertura pelo subsetor neste campo e o impacto do pré-natal e do parto nas taxas de mortalidade materna e neonatal. O presente estudo teve como objetivos conhecer as trajetórias terapêuticas de mulheres usuárias de planos ou seguros de saúde no contexto da atenção ao pré-natal e ao parto e, analisar as ações de cuidado que constituíram estas trajetórias, na perspectiva do referencial da integralidade e da promoção da saúde. Na análise da atenção ao pré-natal e ao parto a noção de integralidade e de promoção da saúde ganha importância, na medida em que agregam elementos tais como acesso, acolhimento, vínculo, responsabilização, autonomia e educação em saúde, considerados como marcadores de qualidade e resolutividade na atenção em saúde. O estudo, de cunho exploratório-descritivo, foi desenvolvido numa perspectiva qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram onze mulheres que tiveram seu pré-natal realizado no subsetor suplementar. Na análise dos dados, observo que no âmbito da atenção ao pré-natal e ao parto, as mulheres percorreram trajetórias terapêuticas com elevada especialização em relação ao grande número de exames e procedimentos realizados. Nas consultas pré-natais apareceram poucos espaços destinados à escuta e ao diálogo, havendo predomínio de ações intervencionistas ao invés de ações de educação em saúde. Nas experiências das mulheres entrevistadas o desfecho das trajetórias terapêuticas percorridas no pré-natal foi o parto cesáreo. A análise dos dados sugere que as mulheres pouco participaram dos processos de escolhas dos exames e do tipo de parto de que foram sujeitos, possivelmente porque houveram poucos espaços para a discussão e problematização das circunstâncias que resultaram na indicação médica destes procedimentos. Neste sentido, os dados sugerem uma falta de autonomia das mulheres que são atendidas pelo subsetor suplementar no âmbito da atenção ao pré-natal e ao parto. Estes resultados indicam que, neste contexto, o cuidado é fragmentado, medicalizado e biologicista. Neste sentido, considerada a sua necessária aproximação dos princípios do SUS e, mais especificamente do referencial da integralidade e da promoção da saúde, é possível argumentar que a atenção pré-natal e ao parto realizada no contexto do subsetor suplementar precisa melhorar sua qualidade. / In the Brazilian health system there are two subsectors within the context of the population health care. One of them is the state subsector, comprising services from the Brazilian Health Care System (BHCS) and by contracted private services. The other is the supplemental subsector which comprises services provided by the private sector to which the population has access by contracting health plans or insurance. According to the Federal Constitution of 1988 and the Lei Orgânica da Saúde (Health Regulation) of 1990, health care is be free for the private sector; however the BHCS is in charge of supervising and controlling it. Currently, the supplemental subsector comprises around 25% of the Brazilian population and, according to some researches, the care offered to these users has been predominantly fragmented, with prescription of medicines, of biological feature and developed in a diversity of assistance coverage. In this sense, we identified as important to research the pre-natal and delivery care, considering the coverage range of the subsector in this field and the impact of the pre-natal and delivery programs on the maternal and neonatal mortality rates. This study aims to learn the therapeutic trajectories of women who use health plans and insurances within the context of pre-natal and delivery care. It also aims to analyze the actions of care that constituted these trajectories under the perspective of the referential of integrality and of health promotion. In the analysis of pre-natal and delivery care, the notion of integrality and health promotion acquires importance since it adds elements such as the welcoming, acess, bond, responsibility, autonomy, and health education which are considered to be markers of quality and resolution in health care. This exploratory and descriptive study has been developed under a qualitative perspective. The subjects of the research were eleven women whose pre-natal program was carried out in the supplemental subsector. In the data analysis we noticed that, in the range of pre-natal and delivery care, the women went through therapeutic trajectories with high specialization in terms of the great number of examinations and procedures carried out. In the pre-natal appointments, there was little space for listening and dialogue, with the predominance of intervening actions instead of health education actions. In the experiences of the interviewed women,the outcome of the therapeutic trajectories during the pre-natal period, was the delivery by Caesarian. The data analysis suggests that the women had little participation in the processes of choosing the examinations and the type of delivery they were to have, possibly because there was little space for discussing and questioning the circumstances that resulted in the medical recommendation of such procedures. In this sense, the data suggest the lack of autonomy of the women who are attended by the supplemental subsector within the range of pre-natal and delivery care. These results indicate that, within this context, care is fragmented and based on biomedical knowledge. Considering its necessary proximity to the BHCS principles and, more specifically, to the referential of integrality and of health promotion, it can be concluded that the quality of pre-natal and delivery care performed within the context of the supplemental subsector must be improved. / En el sistema de salud brasileño, encontré la actuación de subsectores en el contexto de la asistencia a la salud de la población. Uno de ellos es el subsector estatal, compuesto por servicios propios del Sistema Único de Salud (SUS) y por servicios privados contractados mientras el otro es el subsector suplementario compuesto por servicios, prestados por la iniciativa privada, junto a la cual la población se lo accede a través de la contratación de planos o seguros de salud. De acuerdo con la Constitución Federal de 1988 y la Ley Orgánica de la Salud de 1990, la asistencia a la salud es libre a la iniciativa privada, sin embargo cabe al SUS su fiscalización y control. El subsector suplementario, actualmente, abarca cerca de 25% de la población brasileña y, según demuestran algunas pesquisas, el cuidado prestado a estos usuarios ha sido predominantemente fragmentado, con um exceso de intervención médica, de base biológica y desarrollado en una diversidad de coberturas asistenciales. En este sentido, identifiqué la importáncia de investigar la atención al pre-natal y al parto, considerando el alcance de la cobertura por el subsector en este campo y el impacto del pre-natal y del parto en las tasas de mortalidad materna y neonatal. El presente estudio tieve como objetivos conocer las trayectorias terapéuticas de mujeres usuarias de planos o seguros de salud en el contexto de la atención al pre-natal y al parto además de analizar las acciones de cuidado que constituyeron estas trayectorias bajo la perspectiva del referencial de la integralidad y de la promoción de la salud. En el análisis de la atención al pre-natal y al parto, la noción de integralidad y de promoción de la salud gana importancia, visto que agrega elementos tales como acceso, acogida, vínculo, atribución de responsabilidad, autonomía y educación en salud, considerados marcadores de calidad y de capacidad de resolución en la atención en salud. El estudio, de carácter exploratorio-descriptivo, fue desarrollado bajo una perspectiva cualitativa. Los sujetos de la investigación fueron once mujeres que tuvieron su pre-natal realizado en el subsector suplementario. En el análisis de los datos, observé que, en el ámbito de la atención al pre-natal y al parto, las mujeres recorrieron trayectorias terapéuticas con elevada especialización en relación al gran número de exámenes y procedimientos realizados. En las consultas pre-natales, aparecieron pocos espacios destinados a la escucha y al diálogo, con predominio de acciones intervencionistas en vez de acciones de educación en salud. En las experiencias de las mujeres entrevistadas, el resultado de las trayectorias terapéuticas, recorridas en el pre-natal, fue la cesárea. El análisis de los datos sugiere que las mujeres poco participaron de los procesos de escogencias de los exámenes y del tipo de parto de que fueron sujetos, posiblemente porque hubo pocos espacios para la discusión y problematización de las circunstancias que resultaron la indicación médica de estos procedimientos. En este sentido, los datos sugieren falta de autonomía de las mujeres que son atendidas por el subsector suplementario en el ámbito de la atención al pre-natal y al parto. Los resultados indican que, en este contexto, el cuidado es fragmentado, com una excesiva intervención médica y de base biológica. Considerada su necesaria aproximación de los principios del SUS y, más específicamente, del referencial de la integralidad y de la promoción de la salud, es posible argumentar que la atención al pre-natal y al parto, realizada en el contexto del subsector suplementario, precisa mejorar su calidad.
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Do pré-natal ao parto : estudo das trajetórias terapêuticas percorridas por um grupo de mulheres usuárias do subsetor suplementar de assistência à saúde / Desde el Pre-Natal hasta el parto : estudio de las trayectorias terapéuticas recorridas por un grupo de mujeres usuarias del subsector suplementario de asistencia a la salud / From pre-natal to delivery : a study on the therapeutic trajectories of a group of women who use the supplemental subsector of health careCordova, Fernanda Peixoto January 2008 (has links)
No sistema de saúde brasileiro encontra-se a atuação de dois subsetores no contexto da assistência à saúde da população. Um é o subsetor estatal, composto por serviços próprios do Sistema Único de Saúde (SUS) e por serviços privados contratados e, o outro é subsetor suplementar, composto por serviços prestados pela iniciativa privada, na qual é acessado pela população através da contratação de planos ou seguros de saúde. De acordo com a Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde de 1990, a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, devendo ser regulada pelo SUS. O subsetor suplementar atualmente abrande em torno de 25% da população brasileira e, conforme demonstram algumas pesquisas, o cuidado prestado a estes usuários tem sido predominantemente fragmentado, medicalizador, biologicista e desenvolvido numa diversidade de coberturas assistenciais. Neste sentido, identifiquei como importante pesquisar a atenção ao pré-natal e ao parto, considerando a abrangência da cobertura pelo subsetor neste campo e o impacto do pré-natal e do parto nas taxas de mortalidade materna e neonatal. O presente estudo teve como objetivos conhecer as trajetórias terapêuticas de mulheres usuárias de planos ou seguros de saúde no contexto da atenção ao pré-natal e ao parto e, analisar as ações de cuidado que constituíram estas trajetórias, na perspectiva do referencial da integralidade e da promoção da saúde. Na análise da atenção ao pré-natal e ao parto a noção de integralidade e de promoção da saúde ganha importância, na medida em que agregam elementos tais como acesso, acolhimento, vínculo, responsabilização, autonomia e educação em saúde, considerados como marcadores de qualidade e resolutividade na atenção em saúde. O estudo, de cunho exploratório-descritivo, foi desenvolvido numa perspectiva qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram onze mulheres que tiveram seu pré-natal realizado no subsetor suplementar. Na análise dos dados, observo que no âmbito da atenção ao pré-natal e ao parto, as mulheres percorreram trajetórias terapêuticas com elevada especialização em relação ao grande número de exames e procedimentos realizados. Nas consultas pré-natais apareceram poucos espaços destinados à escuta e ao diálogo, havendo predomínio de ações intervencionistas ao invés de ações de educação em saúde. Nas experiências das mulheres entrevistadas o desfecho das trajetórias terapêuticas percorridas no pré-natal foi o parto cesáreo. A análise dos dados sugere que as mulheres pouco participaram dos processos de escolhas dos exames e do tipo de parto de que foram sujeitos, possivelmente porque houveram poucos espaços para a discussão e problematização das circunstâncias que resultaram na indicação médica destes procedimentos. Neste sentido, os dados sugerem uma falta de autonomia das mulheres que são atendidas pelo subsetor suplementar no âmbito da atenção ao pré-natal e ao parto. Estes resultados indicam que, neste contexto, o cuidado é fragmentado, medicalizado e biologicista. Neste sentido, considerada a sua necessária aproximação dos princípios do SUS e, mais especificamente do referencial da integralidade e da promoção da saúde, é possível argumentar que a atenção pré-natal e ao parto realizada no contexto do subsetor suplementar precisa melhorar sua qualidade. / In the Brazilian health system there are two subsectors within the context of the population health care. One of them is the state subsector, comprising services from the Brazilian Health Care System (BHCS) and by contracted private services. The other is the supplemental subsector which comprises services provided by the private sector to which the population has access by contracting health plans or insurance. According to the Federal Constitution of 1988 and the Lei Orgânica da Saúde (Health Regulation) of 1990, health care is be free for the private sector; however the BHCS is in charge of supervising and controlling it. Currently, the supplemental subsector comprises around 25% of the Brazilian population and, according to some researches, the care offered to these users has been predominantly fragmented, with prescription of medicines, of biological feature and developed in a diversity of assistance coverage. In this sense, we identified as important to research the pre-natal and delivery care, considering the coverage range of the subsector in this field and the impact of the pre-natal and delivery programs on the maternal and neonatal mortality rates. This study aims to learn the therapeutic trajectories of women who use health plans and insurances within the context of pre-natal and delivery care. It also aims to analyze the actions of care that constituted these trajectories under the perspective of the referential of integrality and of health promotion. In the analysis of pre-natal and delivery care, the notion of integrality and health promotion acquires importance since it adds elements such as the welcoming, acess, bond, responsibility, autonomy, and health education which are considered to be markers of quality and resolution in health care. This exploratory and descriptive study has been developed under a qualitative perspective. The subjects of the research were eleven women whose pre-natal program was carried out in the supplemental subsector. In the data analysis we noticed that, in the range of pre-natal and delivery care, the women went through therapeutic trajectories with high specialization in terms of the great number of examinations and procedures carried out. In the pre-natal appointments, there was little space for listening and dialogue, with the predominance of intervening actions instead of health education actions. In the experiences of the interviewed women,the outcome of the therapeutic trajectories during the pre-natal period, was the delivery by Caesarian. The data analysis suggests that the women had little participation in the processes of choosing the examinations and the type of delivery they were to have, possibly because there was little space for discussing and questioning the circumstances that resulted in the medical recommendation of such procedures. In this sense, the data suggest the lack of autonomy of the women who are attended by the supplemental subsector within the range of pre-natal and delivery care. These results indicate that, within this context, care is fragmented and based on biomedical knowledge. Considering its necessary proximity to the BHCS principles and, more specifically, to the referential of integrality and of health promotion, it can be concluded that the quality of pre-natal and delivery care performed within the context of the supplemental subsector must be improved. / En el sistema de salud brasileño, encontré la actuación de subsectores en el contexto de la asistencia a la salud de la población. Uno de ellos es el subsector estatal, compuesto por servicios propios del Sistema Único de Salud (SUS) y por servicios privados contractados mientras el otro es el subsector suplementario compuesto por servicios, prestados por la iniciativa privada, junto a la cual la población se lo accede a través de la contratación de planos o seguros de salud. De acuerdo con la Constitución Federal de 1988 y la Ley Orgánica de la Salud de 1990, la asistencia a la salud es libre a la iniciativa privada, sin embargo cabe al SUS su fiscalización y control. El subsector suplementario, actualmente, abarca cerca de 25% de la población brasileña y, según demuestran algunas pesquisas, el cuidado prestado a estos usuarios ha sido predominantemente fragmentado, con um exceso de intervención médica, de base biológica y desarrollado en una diversidad de coberturas asistenciales. En este sentido, identifiqué la importáncia de investigar la atención al pre-natal y al parto, considerando el alcance de la cobertura por el subsector en este campo y el impacto del pre-natal y del parto en las tasas de mortalidad materna y neonatal. El presente estudio tieve como objetivos conocer las trayectorias terapéuticas de mujeres usuarias de planos o seguros de salud en el contexto de la atención al pre-natal y al parto además de analizar las acciones de cuidado que constituyeron estas trayectorias bajo la perspectiva del referencial de la integralidad y de la promoción de la salud. En el análisis de la atención al pre-natal y al parto, la noción de integralidad y de promoción de la salud gana importancia, visto que agrega elementos tales como acceso, acogida, vínculo, atribución de responsabilidad, autonomía y educación en salud, considerados marcadores de calidad y de capacidad de resolución en la atención en salud. El estudio, de carácter exploratorio-descriptivo, fue desarrollado bajo una perspectiva cualitativa. Los sujetos de la investigación fueron once mujeres que tuvieron su pre-natal realizado en el subsector suplementario. En el análisis de los datos, observé que, en el ámbito de la atención al pre-natal y al parto, las mujeres recorrieron trayectorias terapéuticas con elevada especialización en relación al gran número de exámenes y procedimientos realizados. En las consultas pre-natales, aparecieron pocos espacios destinados a la escucha y al diálogo, con predominio de acciones intervencionistas en vez de acciones de educación en salud. En las experiencias de las mujeres entrevistadas, el resultado de las trayectorias terapéuticas, recorridas en el pre-natal, fue la cesárea. El análisis de los datos sugiere que las mujeres poco participaron de los procesos de escogencias de los exámenes y del tipo de parto de que fueron sujetos, posiblemente porque hubo pocos espacios para la discusión y problematización de las circunstancias que resultaron la indicación médica de estos procedimientos. En este sentido, los datos sugieren falta de autonomía de las mujeres que son atendidas por el subsector suplementario en el ámbito de la atención al pre-natal y al parto. Los resultados indican que, en este contexto, el cuidado es fragmentado, com una excesiva intervención médica y de base biológica. Considerada su necesaria aproximación de los principios del SUS y, más específicamente, del referencial de la integralidad y de la promoción de la salud, es posible argumentar que la atención al pre-natal y al parto, realizada en el contexto del subsector suplementario, precisa mejorar su calidad.
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