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Vidas supérfluas: a invenção da pressaGuisard, Luís Augusto De Mola 14 April 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-04-14 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / The thesis aimed at understanding how hurriedness originated as a symbol of contemporary city life, and seeking possibilities of resisting such hegemony.
The research was driven by an individual feeling of uneasiness about hurriedness as a universal value: hurriedness deviated from its natural role in order to meet life-specific urgencies, such as the urgency of an escaping animal, a child going for a moment of fun, or a bodyguard to the rescue. Hurriedness is constant in city life, which does not seem consistent with man’s vital impulses. It is an outer element that arose at some point in history.
Taking as hypothesis that the hurriedness we currently experience, disconnected from our nature, denies life values, this paper consisted in a genealogical study of hurriedness. Such genealogical analysis was permeated by the idea that an extemporary posture, of non-compliance to the current values is required, as a way of enabling criticism to the hurriedness value.
In order to serve this purpose, two main authors were used as reference: Nietzsche and Foucault. The first provided the cornerstone to face the task of attempting to understand hurriedness in its actual dimensions, while the latter enabled outlining the elements of the historical construction of hurriedness, including in the most recent period: throughout the twentieth century.
As a resource of analysis, the figure used was that of a motorcycle courier, which a hasty professional in the São Paulo metropolis, representing the metaphor of a superfluous life, a hostage of productive hurriedness that serves the urgency of capital, not of life. Indeed, the motorcycle courier is the metaphor of the hastiness that is often true to all of us.
The analysis enabled reaching the idea that hurriedness was a historical construction. It meets the contemporary rationality, since its early origins when the intelligible world was valued over the sensitive world of the Socratic and Platonic traditions, making its way to the neoliberal order of the twentieth century, by formatting the self-made man-machine, wrapped in a spirit of gravity. The conclusion is all the more exciting: there has been a form of society when constant hurriedness was not prevalent, during the tragic period, and currently, there are signs of resistance to hurriedness, such as those represented by the movements asserting the logic of slow. After all, according to Nietzsche’s Zarathustra, “Not by wrath does one kill, but by with laughter. Come, let us kill the spirit of gravity!” / O objetivo da tese foi compreender como se originou a pressa como marca da vida urbana contemporânea e procurar por possibilidades de resistências a essa hegemonia.
A motivação para a pesquisa foi um sentimento particular de incômodo com a pressa como valor universal: a pressa deslocada de sua função natural para atender urgências próprias da vida, como é a urgência de um animal em fuga, de uma criança para ir ao encontro da diversão ou a de um salva-vidas. A pressa na vida urbana é constante, o que não parece corresponder aos impulsos vitais do homem. É algo que vem de fora, surgido em algum momento da história.
Tendo como hipótese que essa pressa que vivenciamos, alheia à nossa natureza, nega os valores da vida, o trabalho consistiu em um estudo genealógico da pressa. Para essa análise genealógica foi sempre presente a ideia de que é necessária uma postura extemporânea, de não adesão aos valores vigentes, como forma de tornar possível uma crítica ao valor pressa.
Para atingir essa finalidade, dois principais autores foram consultados: Nietzsche e Foucault. O primeiro deu toda a base para enfrentar a tarefa de tentar compreender a pressa em sua devida dimensão e o segundo permitiu esquadrinhar os elementos da construção histórica da pressa, inclusive no período mais recente: ao longo do século XX.
Como recurso de análise foi usada a figura do motoboy, profissional acelerado de nossa metrópole paulistana, como metáfora de uma vida supérflua, refém de uma pressa produtiva que atende a uma urgência que é do capital e não da vida. O motoboy é a metáfora da aceleração que, não obstante, atinge todos nós.
Com a análise, foi possível chegar à ideia de que a pressa foi uma construção história. Ela atende à racionalidade contemporânea, a qual já se insinua na valorização do mundo inteligível em detrimento do mundo sensível da tradição socrático-platônica e chega à ordem neoliberal do século XX, com a formatação do homem-máquina, empresário de si, envolto em um espírito de gravidade. Mais animadora e menos sisuda é a conclusão de que já houve uma forma de sociedade em que a pressa constante não dominava, a do período trágico, e, no presente, há indícios de resistência à pressa, como a representada pelos movimentos que afirmam a lógica do devagar. O Zaratustra de Nietzsche já dizia: “Não é com a ira que se mata, mas com o riso. Eia, pois, vamos matar o espírito de gravidade!”
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