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Uma tradução outra: a tradução dialógica de Franz Rosenzweig posta em diálogo / An other translation: the dialogic translation of Franz Rosenzweig is put to dialogue

Abdulkader Filho, Inacio Pedro 27 March 2009 (has links)
O presente estudo enfoca o trabalho tradutório de Franz Rosenzweig, que esse autor considerava um dos melhores exemplos de aplicação prática do sistema filosófico apresentado em sua obra maior, A Estrela da Redenção. Entender de que forma uma prática de tradução pode constituir-se em aplicação de uma filosofia tão densa e carregada de noções teológicas, bem como compreender de que maneira o minimalismo das inovadoras técnicas de tradução de Rosenzweig (que chegam a levar em conta aspectos de nível fisiológico do leitor) pode propiciar que sejam alcançados objetivos tão grandiosos quanto o preservar-se na tradução o potencial de Revelação do texto original, são alguns dos objetivos deste estudo. Na busca de superar-se uma dicotomia que é, indevidamente, pouco notada na obra de Rosenzweig, e também para se dar conta de uma certa confusão de categorias teológico-filosóficas com categorias lingüísticas, confusão essa que dificulta o trabalho de quem está voltado primordialmente a aspectos de seu trabalho de tradução, Rosenzweig é posto em diálogo principalmente com Bakhtin e Benjamin, mas também com Meschonnic. Assim, o enigmático potencial de Revelação do texto original a ser preservado na tradução vai sucessivamente se aclarando através de noções tais como a responsividade do enunciado em Bakhtin, a palavra que é resposta e a tempestividade na enunciação no próprio Rosenzweig, e o ritmo ou a oralidade do texto em Meschonnic. O passo decisivo que nos leva a concluir que o que está em jogo nessa tradução dialógica de Rosenzweig é um traduzir de vivências na língua, é dado através da noção de intensividade na linguagem [ou, na(s) língua(s)] que é aqui reconhecida e desenvolvida a partir da grande proximidade entre as filosofias de Bakhtin, Rosenzweig e Benjamin. Essa proximidade central e profunda entre as filosofias desses três autores, e que talvez não tenha sido devidamente aquilatada até aqui, é igualmente apresentada e argumentada neste trabalho. Finalmente, essas técnicas tradutórias que se voltam para vivências autorizam ainda duas conclusões, uma acerca desse traduzir, a outra acerca da natureza da linguagem e das línguas: 1) a atitude tradutória de Rosenzweig configura um bartheano writerly turn in translation; 2) é no plano da intensividade na linguagem (e não no da referência), ou seja, é a partir de vivências na língua tais como, p. ex., a da percepção do que há de polissêmico numa homofonia, que se dá o sentimento de pertença de uma língua (nativa ou não). É a partir disso que uma língua se torna para mim uma língua minha, e para uma comunidade ou para um povo uma língua nossa. / This study examines the translation work of Franz Rosenzweig (1886-1929), which he considered to be one of the best examples of a practical application of the philosophy expounded in his major work, The Star of Redemption (1921). Some of the aims of this study are to understand how a translation practice may constitute an application of such a dense philosophy so much loaded with theological concepts, and also to make sense of how the minimalism of Rosenzweigs innovative translation techniques (some of which take into account aspects that involve the physiological level of the reader) manage to reach objectives of such grandeur as the preserving, in translation, of the Revelation potentially present in the original text. Furthermore, in order to overcome a not much noticed dichotomy in Rosenzweigs thought, and also to surmount a certain confusion of theological-philosophic categories with linguistic categories which makes difficult the job of someone mainly focused in his translation work, Rosenzweig is here put in dialogue, mainly with Bakhtin and Benjamin, but also with Meschonnic. In this way, the enigmatic Revelation potential of the original text, that must be kept in translation, is clarified by a series of notions such as the respondibility of speech in Bakhtin, the word-and-response and the due-time speech in Rosenzweig himself, and the rhythm and the orality of the text in Meschonnic. The decisive step that allows us to conclude that what is here at issue is a translation of experiences lived in a language, is given via the notion of intensiveness in language (or in the languages) which we here recognize and develop. This is done by starting from key concepts in Bakhtin, Rosenzweig and Benjamin, concepts that prove to be very close to each other. This close proximity of the philosophies of these three authors is a factas far as we know not fully noted up to nowwhich we also argue for in the present work. Finally, this translation of experiences lived in a language into experiences lived in another language allows for two further conclusions to be reached in the present work, one concerning the nature of such a translation, the other concerning the nature of language: 1) Rosenzweigs attitude as translator may be understood as a Barthean writerly turn in translation; 2) it is within intensiveness (and not reference) in language, i. e., it is via experiences such as, for example, the perceiving of the polisemic potential of a homophony, that one feels that a language (native or not) belongs to him or her. It is via this kind of experiences lived in a language that this language becomes for me (one of) my language(s). Thus it becomes, for a community or a people, our language.
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Uma tradução outra: a tradução dialógica de Franz Rosenzweig posta em diálogo / An other translation: the dialogic translation of Franz Rosenzweig is put to dialogue

Inacio Pedro Abdulkader Filho 27 March 2009 (has links)
O presente estudo enfoca o trabalho tradutório de Franz Rosenzweig, que esse autor considerava um dos melhores exemplos de aplicação prática do sistema filosófico apresentado em sua obra maior, A Estrela da Redenção. Entender de que forma uma prática de tradução pode constituir-se em aplicação de uma filosofia tão densa e carregada de noções teológicas, bem como compreender de que maneira o minimalismo das inovadoras técnicas de tradução de Rosenzweig (que chegam a levar em conta aspectos de nível fisiológico do leitor) pode propiciar que sejam alcançados objetivos tão grandiosos quanto o preservar-se na tradução o potencial de Revelação do texto original, são alguns dos objetivos deste estudo. Na busca de superar-se uma dicotomia que é, indevidamente, pouco notada na obra de Rosenzweig, e também para se dar conta de uma certa confusão de categorias teológico-filosóficas com categorias lingüísticas, confusão essa que dificulta o trabalho de quem está voltado primordialmente a aspectos de seu trabalho de tradução, Rosenzweig é posto em diálogo principalmente com Bakhtin e Benjamin, mas também com Meschonnic. Assim, o enigmático potencial de Revelação do texto original a ser preservado na tradução vai sucessivamente se aclarando através de noções tais como a responsividade do enunciado em Bakhtin, a palavra que é resposta e a tempestividade na enunciação no próprio Rosenzweig, e o ritmo ou a oralidade do texto em Meschonnic. O passo decisivo que nos leva a concluir que o que está em jogo nessa tradução dialógica de Rosenzweig é um traduzir de vivências na língua, é dado através da noção de intensividade na linguagem [ou, na(s) língua(s)] que é aqui reconhecida e desenvolvida a partir da grande proximidade entre as filosofias de Bakhtin, Rosenzweig e Benjamin. Essa proximidade central e profunda entre as filosofias desses três autores, e que talvez não tenha sido devidamente aquilatada até aqui, é igualmente apresentada e argumentada neste trabalho. Finalmente, essas técnicas tradutórias que se voltam para vivências autorizam ainda duas conclusões, uma acerca desse traduzir, a outra acerca da natureza da linguagem e das línguas: 1) a atitude tradutória de Rosenzweig configura um bartheano writerly turn in translation; 2) é no plano da intensividade na linguagem (e não no da referência), ou seja, é a partir de vivências na língua tais como, p. ex., a da percepção do que há de polissêmico numa homofonia, que se dá o sentimento de pertença de uma língua (nativa ou não). É a partir disso que uma língua se torna para mim uma língua minha, e para uma comunidade ou para um povo uma língua nossa. / This study examines the translation work of Franz Rosenzweig (1886-1929), which he considered to be one of the best examples of a practical application of the philosophy expounded in his major work, The Star of Redemption (1921). Some of the aims of this study are to understand how a translation practice may constitute an application of such a dense philosophy so much loaded with theological concepts, and also to make sense of how the minimalism of Rosenzweigs innovative translation techniques (some of which take into account aspects that involve the physiological level of the reader) manage to reach objectives of such grandeur as the preserving, in translation, of the Revelation potentially present in the original text. Furthermore, in order to overcome a not much noticed dichotomy in Rosenzweigs thought, and also to surmount a certain confusion of theological-philosophic categories with linguistic categories which makes difficult the job of someone mainly focused in his translation work, Rosenzweig is here put in dialogue, mainly with Bakhtin and Benjamin, but also with Meschonnic. In this way, the enigmatic Revelation potential of the original text, that must be kept in translation, is clarified by a series of notions such as the respondibility of speech in Bakhtin, the word-and-response and the due-time speech in Rosenzweig himself, and the rhythm and the orality of the text in Meschonnic. The decisive step that allows us to conclude that what is here at issue is a translation of experiences lived in a language, is given via the notion of intensiveness in language (or in the languages) which we here recognize and develop. This is done by starting from key concepts in Bakhtin, Rosenzweig and Benjamin, concepts that prove to be very close to each other. This close proximity of the philosophies of these three authors is a factas far as we know not fully noted up to nowwhich we also argue for in the present work. Finally, this translation of experiences lived in a language into experiences lived in another language allows for two further conclusions to be reached in the present work, one concerning the nature of such a translation, the other concerning the nature of language: 1) Rosenzweigs attitude as translator may be understood as a Barthean writerly turn in translation; 2) it is within intensiveness (and not reference) in language, i. e., it is via experiences such as, for example, the perceiving of the polisemic potential of a homophony, that one feels that a language (native or not) belongs to him or her. It is via this kind of experiences lived in a language that this language becomes for me (one of) my language(s). Thus it becomes, for a community or a people, our language.

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