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Estratégias de polidez e a variação de nós x a gente na fala de discentes da Universidade Federal de Sergipe

Santos, Kelly Carine dos 24 March 2014 (has links)
Nowadays, there are two ways of referring to the first person plural in Brazil’s spoken Portuguese language pronoun paradigm: nós, the most traditional way to refer to I plus one person or more people, and a gente, an innovative way which also designates I plus one person or more people. Such alternation related to the first person plural has been already studied from the sociolinguistic point of view, which can also be verified through pragmatic studies, taking into consideration that from politeness, a pragmatic variable, it can be inferred which contexts favour the use of one form or another. Brown and Levinson (2011 [1987]), while discussing politeness as a linguistic strategy used so that both speaker and listener´s faces are preserved, in order to establish communication without conflicts, considered that three strategies can influence the linguistic contexts with politeness value: power relations among speakers, social distance and cost of imposition. Besides these pragmatic strategies, we considered the pair sex/gender as a factor that may also be significant to politeness strategies choice. Due to the lack of studies about the variation of nós/a gente from the politeness perspective, and understanding the need of discussing such topics in sociolinguistic studies, we intend to analyse, from Brown and Levinson’s (2011 [1987]) model of politeness, the influence of more polite and less polite contexts in the frequency of nós/a gente forms usages as well as the effects of this type of data collection, so that it could be verified the importance of pragmatic factors in sociolinguistic analysis. In this study, our scope of analysis were corpora samples taken from Social Network of University Students Informants (ARAUJO; FREITAG; SANTOS, 2013), comprised by interactions that capture the nuances of politeness, which are essential to this study – and Itabaiana / SE’s Intellectual Speakers (ARAUJO; BARRETO; FREITAG, 2012) – comprised by sociolinguistic interviews, which followed sociolinguistic variation methodology of collection (LABOV 2008 [1972]). In this sense, it is noteworthy that both samples were recorded speech data from informants of students’ community of practice of campus Professor Alberto Carvalho (UFS). The quantitative analysis of variation orientation indicates that the contexts with a high degree of politeness (a speaker who knows the topic but does not have a bond with their opposite sex counterpart) favoured the application of an innovative variant (a gente), which perhaps was an approach strategy. The results also show that the collection methodology in social network resulted in higher productivity of a gente when compared to data collection method of sociolinguistic interviews. Therefore, we conclude that the results point to a high application of a gente form in the community of practice of Federal University of Sergipe (UFS) students, and these data can be analysed from a pragmatic bias through a new data collection methodology. / Atualmente, há no paradigma pronominal do português falado no Brasil duas formas de referência à 1ª pessoa do plural: a forma nós, forma mais tradicional de se referir a um eu mais outra ou outras pessoas, e a forma a gente, forma inovadora que possui a mesma carga semântica da sua variante. Tal alternância de referência à 1ª pessoa do plural, já estudada do ponto de vista sociolinguístico, pode ser verificada também por meio dos estudos pragmáticos, uma vez que a partir da polidez, uma variável pragmática, é possível inferir quais contextos favorecem a utilização de uma ou outra forma. Brown e Levinson (2011 [1987]), ao tratarem a polidez como uma estratégia linguística utilizada com o objetivo de preservar a face do falante e a face do ouvinte, no intuito de estabelecer uma comunicação sem atritos, consideram que três estratégias podem influenciar nos contextos linguísticos com valor de polidez: as relações de poder entre os falantes, a distância social e o custo de imposição. Além dessas estratégias pragmáticas, consideramos o sexo/gênero como fator que também pode se mostrar significativo na escolha de estratégias de polidez. Em virtude da ausência de estudos sobre a variação de nós/a gente sob a perspectiva da polidez, e entendendo a necessidade de trazer tais discussões para os estudos sociolinguísticos, nos propomos a analisar, a partir do modelo de polidez de Brown e Levinson (2011 [1987]), a influência de contextos mais polidos e contextos menos polidos na frequência de uso das formas nós/a gente, bem como os efeitos do tipo de coleta de dados, verificando, assim, a importância dos fatores pragmáticos na análise sociolinguística. Tomamos como corpus de análise deste estudo as amostras Rede Social de Informantes Universitários (ARAUJO; FREITAG; SANTOS, 2013) – formada a partir de interações a fim de atender às necessidades de captar as nuanças de polidez indispensáveis para esse estudo – e Falantes Cultos de Itabaiana/SE (ARAUJO; BARRETO; FREITAG, 2012) – formada a partir de entrevistas sociolinguísticas, seguindo a metodologia de coleta da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008 [1972]) – ambas constituídas de dados de fala de informantes da comunidade de prática de alunos do Campus Prof. Alberto Carvalho/UFS. A análise quantitativa de orientação variacionista aponta que os contextos de maior polidez (falante com domínio do tópico, com laços fracos de relacionamento e do sexo oposto ao do seu interlocutor) favoreceram a aplicação da variante inovadora, talvez como uma estratégia de aproximação. Os três contextos de polidez – positivo, negativo e encoberto - também favoreceram a aplicação da variante a gente; a qual também foi favorecida pelo fator sexo/gênero, em relações simétricas com mulheres e entre pessoas com alto grau de distância social. Os resultados também evidenciam que a metodologia de coleta em rede social resultou em maior produtividade da forma a gente, em comparação ao método de coleta de dados a partir de entrevistas sociolinguísticas. Concluímos, assim, que os resultados apontam para uma alta aplicação da forma a gente na comunidade de prática de alunos da Universidade Federal de Sergipe, e que esses dados puderam ser analisados pelo viés pragmático a partir de uma nova metodologia de coleta de dados.

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