[pt] O presente estudo analisa a formação do pensamento crítico literário do escritor peruano Mario Vargas Llosa ao longo dos anos sessenta e setenta. Neste período, marcado pela experiência revolucionária cubana e a expansão internacional da narrativa latino-americana, pensar a literatura era também pensar os modos de existência político-social no continente. Dessa forma, este trabalho divide-se em quatro momentos distintos e relacionais tendo como objeto de investigação, principal, a formulação da teoria dos demônios de Vargas Llosa desenvolvida de modo sistemático em seu livro Gabriel García Márquez: historia de un deicidio (1971). Inicialmente, busca-se a compreensão da conformação do pensamento de Vargas Llosa sobre o papel do intelectual e a função político-social da literatura no contexto dos anos sessenta, assim como a historicidade de seu ensaio sobre a obra do escritor colombiano García Márquez. Num segundo momento, analisamos o conteúdo da teoria dos demônios estabelecendo os diálogos com os pensamentos e conceitos de outros intelectuais, tais como Jean-Paul Sartre e Sigmund Freud. Depois, segue-se a análise das primeiras recepções críticas da interpretação de Vargas Llosa sobre a vocação do romancista e a natureza da literatura, compreendendo que os posicionamentos políticos do escritor peruano adquirem fundamental relevância nesse processo. Finalmente, aborda-se a polêmica entre Ángel Rama e Vargas Llosa, em 1972, na qual analisamos através dos repertórios e conceitos requeridos no debate os tensionamentos e noções de modernização político-cultural no discurso de ambos os polemistas. / [en] The present study analyzes the literary critical thinking formation of the Peruvian writer Mario Vargas Llosa throughout the sixties and seventies. In this period, marked by Cuban revolutionary experience and the international expansion of Latin American narrative, to think literature was also to think about the ways of political-social existence on the continent. Thus, this work is divided into four distinct and relational moments having as main research object the formulation of the theory of the demons of Vargas Llosa systematically developed in his book Gabriel García Márquez: historia de un deicidio (1971). Firstly, an attempt is made to understand Vargas Llosa s understanding of the role of the intellectual and the political-social function of literature in the context of the 1960s, as well as the historicity of his essay on the work of Colombian writer García Márquez. In a second moment, we analyze the content of the theory of demons by establishing dialogues with the thoughts and concepts of other intellectuals, such as Jean-Paul Sartre and Sigmund Freud. Then follows the analysis of the first critical receptions of Vargas Llosa s interpretation of the novelist s vocation and the nature of the literature, understanding that the political positions of the Peruvian writer acquire fundamental relevance in this process. Finally, we discuss the polemic between Ángel Rama and Vargas Llosa in 1972, in which we analyzed through the repertoires and concepts required in the debate the tensions and notions of political-cultural modernization in the discourse of both polemicists.