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Intolerância linguística e imigração / Linguistic intolerance and immigrationAlexandre Marcelo Bueno 28 September 2006 (has links)
Os séculos XIX e XX se caracterizaram por um grande afluxo de imigrantes, principalmente europeus, para a América. Nesse contexto histórico, a interação entre o Estado, a sociedade local e os imigrantes passou por diversas tensões, que envolviam preconceitos e intolerâncias manifestadas de diferentes formas (racial, social, lingüística, cultural, econômica etc.). Por estar presente tanto em Estados nacionais, quanto em sociedades, grupos e pessoas, o preconceito e a intolerância têm uma dupla dimensão: privada e pública. Nosso trabalho tem por objetivo analisar o fenômeno da intolerância lingüística na relação entre sociedade e Estado brasileiros e imigrantes. Para a constituição de nosso corpus, efetuamos como recorte histórico o período compreendido entre 1875 a 1945, ou seja, do fim da Monarquia até a Era Vargas. Para analisar a intolerância lingüística em suas duas dimensões, pública e privada, dividimos nosso trabalho em dois capítulos distintos: no primeiro, foram examinados os decretos e as leis que organizavam o processo imigratório e que tratavam da naturalização de estrangeiros; no outro capítulo, foram analisados três textos de autores representativos da sociedade na Monarquia, na Primeira República e na Era Vargas (Menezes e Souza, Silvio Romero e Oliveira Viana, respectivamente); e analisamos também nesse segundo capítulo, depoimentos de imigrantes e uma autobiografia para apresentar a perspectiva daqueles que sofreram a intolerância. Para realizar essas análises, utilizamos a semiótica discursiva de linha francesa. Nessa perspectiva teórica, consideramos o preconceito como um modo de ser passional (ser malevolente) em relação ao outro e a intolerância (e também a intolerância lingüística) como um fazer malevolente (fazer mal a um outro), que pressupõe o preconceito. Para a realização desse fazer são utilizadas estratégias diferentes que se assentam na certeza do intolerante de que seus valores são melhores do que os do outro. Por isso, é possível pensar a língua como um elemento de preconceito e de intolerância, não apenas por estar envolvida na construção da imagem negativa de imigrantes, mas também por ser um elemento de exclusão ou ainda de assimilação de imigrantes por parte da sociedade e do Estado brasileiros / The 19th and 20th centuries had been characterized for a great influx of immigrants to America, mainly from Europe. In this historical context, the interaction among the State, the local society and the immigrants passed through different tensions that involved different types of prejudice and intolerance (racial, social, linguistic, cultural, economic etc.). The prejudice and he intolerance have a double dimension: private and public, present in national tates, society, groups and peoples. Our work aimed to analyze the phenomenon of the linguistic intolerance in the relation among Brazilian society, State and immigrants. For the constitution of our corpus, we selected the period between 1875 and 1945, or either, the end of the Monarchy until the Vargas\' Era. To analyze the linguistic intolerance in its two dimensions, private and public, we divided our work in two distinct chapters: in the first one, we examined the laws that organized the immigration and the naturalization processes of foreigners; and in the other chapter, three texts of representative authors of the society in the Monarchy (Menezes e Souza), the First Republic (Sílvio Romero) and the Vargas\' Era (Oliveira Viana) were analyzed. We also analyzed in this chapter, reports from immigrants and one autobiography to show the perspective from those who had suffered the intolerance. To make these analyses, we used the French\'s discursive semiotics. In this theoretical perspective, we considered the prejudice as a way of to be passionate (to be malevolence) in relation to the other and the intolerance (and also the linguistic intolerance) as one to make malevolence (to make badly to the other), that presuppose the prejudice. The certainty of the intolerants about theirs values (the values of the intolerants are better than of the others) is the responsible for the accomplishment of this to action, using different strategies. Therefore, it is possible to think the language as an element of prejudice and intolerance, not only for being involved in the construction of the negative image of immigrants, but also for being an element of immigrant\'s exclusion or assimilation by the Brazilian society and the State.
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Intolerância linguística e imigração / Linguistic intolerance and immigrationBueno, Alexandre Marcelo 28 September 2006 (has links)
Os séculos XIX e XX se caracterizaram por um grande afluxo de imigrantes, principalmente europeus, para a América. Nesse contexto histórico, a interação entre o Estado, a sociedade local e os imigrantes passou por diversas tensões, que envolviam preconceitos e intolerâncias manifestadas de diferentes formas (racial, social, lingüística, cultural, econômica etc.). Por estar presente tanto em Estados nacionais, quanto em sociedades, grupos e pessoas, o preconceito e a intolerância têm uma dupla dimensão: privada e pública. Nosso trabalho tem por objetivo analisar o fenômeno da intolerância lingüística na relação entre sociedade e Estado brasileiros e imigrantes. Para a constituição de nosso corpus, efetuamos como recorte histórico o período compreendido entre 1875 a 1945, ou seja, do fim da Monarquia até a Era Vargas. Para analisar a intolerância lingüística em suas duas dimensões, pública e privada, dividimos nosso trabalho em dois capítulos distintos: no primeiro, foram examinados os decretos e as leis que organizavam o processo imigratório e que tratavam da naturalização de estrangeiros; no outro capítulo, foram analisados três textos de autores representativos da sociedade na Monarquia, na Primeira República e na Era Vargas (Menezes e Souza, Silvio Romero e Oliveira Viana, respectivamente); e analisamos também nesse segundo capítulo, depoimentos de imigrantes e uma autobiografia para apresentar a perspectiva daqueles que sofreram a intolerância. Para realizar essas análises, utilizamos a semiótica discursiva de linha francesa. Nessa perspectiva teórica, consideramos o preconceito como um modo de ser passional (ser malevolente) em relação ao outro e a intolerância (e também a intolerância lingüística) como um fazer malevolente (fazer mal a um outro), que pressupõe o preconceito. Para a realização desse fazer são utilizadas estratégias diferentes que se assentam na certeza do intolerante de que seus valores são melhores do que os do outro. Por isso, é possível pensar a língua como um elemento de preconceito e de intolerância, não apenas por estar envolvida na construção da imagem negativa de imigrantes, mas também por ser um elemento de exclusão ou ainda de assimilação de imigrantes por parte da sociedade e do Estado brasileiros / The 19th and 20th centuries had been characterized for a great influx of immigrants to America, mainly from Europe. In this historical context, the interaction among the State, the local society and the immigrants passed through different tensions that involved different types of prejudice and intolerance (racial, social, linguistic, cultural, economic etc.). The prejudice and he intolerance have a double dimension: private and public, present in national tates, society, groups and peoples. Our work aimed to analyze the phenomenon of the linguistic intolerance in the relation among Brazilian society, State and immigrants. For the constitution of our corpus, we selected the period between 1875 and 1945, or either, the end of the Monarchy until the Vargas\' Era. To analyze the linguistic intolerance in its two dimensions, private and public, we divided our work in two distinct chapters: in the first one, we examined the laws that organized the immigration and the naturalization processes of foreigners; and in the other chapter, three texts of representative authors of the society in the Monarchy (Menezes e Souza), the First Republic (Sílvio Romero) and the Vargas\' Era (Oliveira Viana) were analyzed. We also analyzed in this chapter, reports from immigrants and one autobiography to show the perspective from those who had suffered the intolerance. To make these analyses, we used the French\'s discursive semiotics. In this theoretical perspective, we considered the prejudice as a way of to be passionate (to be malevolence) in relation to the other and the intolerance (and also the linguistic intolerance) as one to make malevolence (to make badly to the other), that presuppose the prejudice. The certainty of the intolerants about theirs values (the values of the intolerants are better than of the others) is the responsible for the accomplishment of this to action, using different strategies. Therefore, it is possible to think the language as an element of prejudice and intolerance, not only for being involved in the construction of the negative image of immigrants, but also for being an element of immigrant\'s exclusion or assimilation by the Brazilian society and the State.
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