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"Ciência e teologia nos caminhos de Pascal"

Parraz, Ivonil 11 February 2005 (has links)
A noção geométrica de infinito a qual Pascal introduz no universo, interdita qualquer tentativa de estabelecer o fundamento e a finalidade do mundo, bem como seu centro. Descentrado, sem fundamento e finalidade, o universo infinito de Pascal não se sustenta por uma teologia da criação. O Deus escondido pascaliano não livra o mundo da contingência. Mesmo não havendo sustento para o mundo, o autor desenvolve uma física na qual encontramos as experiências aliadas a uma técnica que possibilita ao homem ter acesso a uma “natureza local". A necessidade de desenvolver uma técnica para ter algum acesso à Natureza implica que, por um lado, não há ligação entre o homem e o mundo e, por outro lado, é o único modo que ele dispõe para enfrentar a sua contingência. Em um mundo sem fundamento e finalidade, o conhecimento que o homem tem das coisas só pode ser aquele do meio (milieu) delas. Este tipo de conhecimento o homem tem também com relação a si mesmo, pois ele desconhece também sua origem e finalidade. O homem não tem então acesso à sua natureza tal como ela é em sua essência. Isto implica que não há nenhuma ligação entre ele e Deus e, conseqüentemente, nenhuma ligação entre ele e ele mesmo. Distante de Deus e distante de si mesmo, o homem se apresenta como descentrado, mas, por trazer vestígios da grandeza de sua primeira natureza, ele aspira a um centro. Este centro somente Jesus Cristo poderá, com sua graça, proporcionar ao homem. Porém, não como centro fixo, mas somente enquanto centro dinâmico. A quebra de elos entre Deus e o mundo, o mundo e o homem, o homem e Deus e o homem com relação a si mesmo nos leva a sustentar que Ciência e Teologia não se entrecruzam em Pascal. Contudo, se, por um lado, o Deus escondido pascaliano, ao qual não se chega via conhecimento natural, interdita a Pascal encontrar sustento para o mundo e para o homem e se, por outro lado, a noção geométrica de infinito, aplicada ao universo, o leva somente a um conhecimento parcial do mundo e não a um conhecimento pleno (existência e natureza) e se, seus trabalhos físicos o conduz somente “às razões de crer" que aquilo que se verifica pelas experiências esteja em conformidade com o que ocorre na Natureza, e não ao conhecimento das essências dos objetos físicos, podemos sustentar que: embora Ciência e Teologia não se entrecruzem, elas se apresentam como contíguas em Pascal. Esta contigüidade entre Ciência e Teologia que julgamos haver em nosso autor nos propicia encontrar nele uma metafísica da contingência. Como decorrente desta, uma moral do bem pensar para bem agir. A mudança de costume que Pascal propõe àqueles que desprezam as verdades reveladas, a fé humana, como também a aposta na existência divina se inscreve na exigência de agir para buscar a sabedoria, a qual se aloja na ordem da caridade.
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"Ciência e teologia nos caminhos de Pascal"

Ivonil Parraz 11 February 2005 (has links)
A noção geométrica de infinito a qual Pascal introduz no universo, interdita qualquer tentativa de estabelecer o fundamento e a finalidade do mundo, bem como seu centro. Descentrado, sem fundamento e finalidade, o universo infinito de Pascal não se sustenta por uma teologia da criação. O Deus escondido pascaliano não livra o mundo da contingência. Mesmo não havendo sustento para o mundo, o autor desenvolve uma física na qual encontramos as experiências aliadas a uma técnica que possibilita ao homem ter acesso a uma “natureza local”. A necessidade de desenvolver uma técnica para ter algum acesso à Natureza implica que, por um lado, não há ligação entre o homem e o mundo e, por outro lado, é o único modo que ele dispõe para enfrentar a sua contingência. Em um mundo sem fundamento e finalidade, o conhecimento que o homem tem das coisas só pode ser aquele do meio (milieu) delas. Este tipo de conhecimento o homem tem também com relação a si mesmo, pois ele desconhece também sua origem e finalidade. O homem não tem então acesso à sua natureza tal como ela é em sua essência. Isto implica que não há nenhuma ligação entre ele e Deus e, conseqüentemente, nenhuma ligação entre ele e ele mesmo. Distante de Deus e distante de si mesmo, o homem se apresenta como descentrado, mas, por trazer vestígios da grandeza de sua primeira natureza, ele aspira a um centro. Este centro somente Jesus Cristo poderá, com sua graça, proporcionar ao homem. Porém, não como centro fixo, mas somente enquanto centro dinâmico. A quebra de elos entre Deus e o mundo, o mundo e o homem, o homem e Deus e o homem com relação a si mesmo nos leva a sustentar que Ciência e Teologia não se entrecruzam em Pascal. Contudo, se, por um lado, o Deus escondido pascaliano, ao qual não se chega via conhecimento natural, interdita a Pascal encontrar sustento para o mundo e para o homem e se, por outro lado, a noção geométrica de infinito, aplicada ao universo, o leva somente a um conhecimento parcial do mundo e não a um conhecimento pleno (existência e natureza) e se, seus trabalhos físicos o conduz somente “às razões de crer” que aquilo que se verifica pelas experiências esteja em conformidade com o que ocorre na Natureza, e não ao conhecimento das essências dos objetos físicos, podemos sustentar que: embora Ciência e Teologia não se entrecruzem, elas se apresentam como contíguas em Pascal. Esta contigüidade entre Ciência e Teologia que julgamos haver em nosso autor nos propicia encontrar nele uma metafísica da contingência. Como decorrente desta, uma moral do bem pensar para bem agir. A mudança de costume que Pascal propõe àqueles que desprezam as verdades reveladas, a fé humana, como também a aposta na existência divina se inscreve na exigência de agir para buscar a sabedoria, a qual se aloja na ordem da caridade.

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