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\"Lança presa ao chão\": guerreiros, redes de poder e a construção de Gaza (travessias entre a África do Sul, Moçambique,  Suazilândia e Zimbábue, século XIX) / \"Throw prisoner to the ground\": warriors, networks of power and the construction of Gaza (crossings between South Africa, Mozambique, Swaziland and Zimbabwe, 19th century)

Santos, Gabriela Aparecida dos 12 June 2017 (has links)
Esta tese se dedica a investigar o papel dos guerreiros (identificados e reconhecidos como \"nguni\") nas redes de poder de Gaza, formado no sul do atual Moçambique ao longo do século XIX. Associados ao inkosi e integrados a desenvolvimentos de longo alcance, os guerreiros transpunham fronteiras em perspectiva de comunicação, atribuindo com a sua movimentação dimensões de reciprocidade ou interdição, enunciadas em aproximação ritualizada. Na historiografia, a referência ao guerreiro se alinha em relação a dois eixos principais de análise, apresentados muitas vezes de forma associada. O primeiro, descreve o comportamento agressivo como supostamente inerente ao homem \"africano primitivo\", em uma redução do social ao natural, que retém o guerreiro na atemporalidade de sua própria selvageria. No segundo, a perspectiva econômica se sobrepõe como fundamento analítico, apresentando a violência como o resultado da combinação entre escassez de recursos e fraqueza das forças produtivas. Afastando-se da interpretação da violência como um impulso humano simples e universal e do paradigma \"que se concentra na luta pela reprodução e na competição por sobrevivência e status\", como observou o historiador Jon Abbink, esta tese busca recompor as relações sociais de força, poder e dominação que moldavam a potencialidade do ato violento, ao tempo em que os guerreiros interconectavam histórias e influíam em seus cursos, com sua movimentação e interação múltiplas. / This thesis is dedicated to investigating the role of warriors (identified and recognized as \"nguni\") in the Gaza power networks, formed in the south of present-day Mozambique during the 19th century. Associated with the inkosi and integrated with long-range developments, the warriors crossed borders in perspective of communication, attributing with their movement dimensions of reciprocity or interdiction, enunciated in a ritualized approach. In historiography, the reference to the warrior aligns in relation to two main axes of analysis, often presented in a related manner. The first describes aggressive behavior as supposedly inherent in \"primitive African\" man, in a reduction from social to natural, which retains the warrior in the timelessness of his own savagery. In the second, the economic perspective overlaps as an analytical foundation, presenting violence as the result of a combination of scarce resources and weak productive factors. Moving away from the interpretation of violence as a simple and universal human impulse and from the paradigm \"which focuses on the struggle for reproduction and competition for survival and status\", as the historian Jon Abbink remarked, this thesis aims to recompose the social relations of power, and domination that shaped the potentiality of the violent act, at a time when warriors interconnected histories and influenced their courses with their multiple movements and interactions.
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\"Lança presa ao chão\": guerreiros, redes de poder e a construção de Gaza (travessias entre a África do Sul, Moçambique,  Suazilândia e Zimbábue, século XIX) / \"Throw prisoner to the ground\": warriors, networks of power and the construction of Gaza (crossings between South Africa, Mozambique, Swaziland and Zimbabwe, 19th century)

Gabriela Aparecida dos Santos 12 June 2017 (has links)
Esta tese se dedica a investigar o papel dos guerreiros (identificados e reconhecidos como \"nguni\") nas redes de poder de Gaza, formado no sul do atual Moçambique ao longo do século XIX. Associados ao inkosi e integrados a desenvolvimentos de longo alcance, os guerreiros transpunham fronteiras em perspectiva de comunicação, atribuindo com a sua movimentação dimensões de reciprocidade ou interdição, enunciadas em aproximação ritualizada. Na historiografia, a referência ao guerreiro se alinha em relação a dois eixos principais de análise, apresentados muitas vezes de forma associada. O primeiro, descreve o comportamento agressivo como supostamente inerente ao homem \"africano primitivo\", em uma redução do social ao natural, que retém o guerreiro na atemporalidade de sua própria selvageria. No segundo, a perspectiva econômica se sobrepõe como fundamento analítico, apresentando a violência como o resultado da combinação entre escassez de recursos e fraqueza das forças produtivas. Afastando-se da interpretação da violência como um impulso humano simples e universal e do paradigma \"que se concentra na luta pela reprodução e na competição por sobrevivência e status\", como observou o historiador Jon Abbink, esta tese busca recompor as relações sociais de força, poder e dominação que moldavam a potencialidade do ato violento, ao tempo em que os guerreiros interconectavam histórias e influíam em seus cursos, com sua movimentação e interação múltiplas. / This thesis is dedicated to investigating the role of warriors (identified and recognized as \"nguni\") in the Gaza power networks, formed in the south of present-day Mozambique during the 19th century. Associated with the inkosi and integrated with long-range developments, the warriors crossed borders in perspective of communication, attributing with their movement dimensions of reciprocity or interdiction, enunciated in a ritualized approach. In historiography, the reference to the warrior aligns in relation to two main axes of analysis, often presented in a related manner. The first describes aggressive behavior as supposedly inherent in \"primitive African\" man, in a reduction from social to natural, which retains the warrior in the timelessness of his own savagery. In the second, the economic perspective overlaps as an analytical foundation, presenting violence as the result of a combination of scarce resources and weak productive factors. Moving away from the interpretation of violence as a simple and universal human impulse and from the paradigm \"which focuses on the struggle for reproduction and competition for survival and status\", as the historian Jon Abbink remarked, this thesis aims to recompose the social relations of power, and domination that shaped the potentiality of the violent act, at a time when warriors interconnected histories and influenced their courses with their multiple movements and interactions.

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