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[pt] A MORTE FEITA DE PEDRA: O MERCADO DE ESCRAVIZADOS DO VALONGO E A NECROARQUITETURA / [en] DEATH MADE OF STONE: THE MARKET OF ENSLAVED VALONGO AND THE NECROARCHITECTURELUIS GUSTAVO COSTA ARAUJO 02 March 2020 (has links)
[pt] Receber, triar, higienizar, armazenar, despachar, descartar. Esses eram alguns dos verbos usados para conjugar as milhares de vidas que chegavam nos ventres pútridos dos navios negreiros ao Brasil. Caso chegassem vivos, e se o seu destino fosse o porto do Rio de Janeiro, entre 1771 e 1833, os homens e mulheres africanos continuariam a sua trajetória de sobrevivência no mercado do Valongo, onde eram preparados e expostos à venda pública, — transformados em objeto, mercadoria e moeda — negociados incansavelmente nos vários barracões espalhados pela bucólica vila de casinhas brancas com telhados vermelhos na freguesia de Santa Rita. Amparado por um sistema necropolítico que tinha a normatização da violência e a produção da morte, física e social, como modos de exercício da soberania, o Valongo constituiu-se espacialmente como um conjunto de equipamentos urbanos que funcionavam de modo integrado na tarefa de produção e distribuição da mão de obra escrava para diversas partes do continente. Tendo este cenário como ponto de partida, o presente trabalho se desenvolve como uma investigação dos processos sociais, políticos e culturais que conduziram a consolidação espacial do Valongo como um complexo comercial, buscando em sua expressão material e simbólica as bases para forjar um novo conceito que abarque a função necropolítica dos ambientes construídos: a necroarquitetura. / [en] Receive, triage, sanitize, store, dispatch, discard. These were some of the verbs used to conjugate the thousands of lives that came in the putrid womb of the slave ships to Brazil. If they arrived alive, and if their destination was Rio de Janeiro s harbor, between 1771 and 1833, African men and women would continue their survival path in the Valongo market, where they were prepared and exposed to public sale, - transformed into object, commodity and currency - tirelessly negotiated in the various barracks scattered in the bucolic village of white houses with red roofs in the parish of Santa Rita. The Valongo, supported by a necropolitic system that had the normatization of violence and the production of death, physical and social, as means of exercising sovereignty, constituted itself spatially as a set of urban equipment that functioned in an integrated way in the task of production and distribution of slave labor to various parts of the continent. Taking this scenario as a starting point, the present work develops as an investigation of the social, political and cultural processes that led the spatial consolidation of Valongo as a commercial complex, seeking in its material and symbolic expression the bases for forging a new concept that encompasses the necropolitic function of constructed environments: the necroarchitecture.
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