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Educação do campo e rede de movimentos no sudeste do Pará: agroecologia e cooperativismo na relação entre trabalho e educação / Education and movements network of in the southeast of Pará: agroecology and cooperatives in the relationship between work and education

Pereira, Kelci Anne 30 November 2015 (has links)
A investigação abordou a formação de jovens e adultos assentados da reforma agrária no sudeste do Pará, considerando três campos de práticas sociais dos movimentos camponeses da região: a educação do campo, que remete ao reconhecimento da diversidade dos povos do campo como sujeitos do direito ao ensino público; a economia solidária, que designa experiências econômicas coletivas, fundadas no trabalho associado e na autogestão entre os sócios; e a agroecologia, que diz respeito ao agroextrativismo baseado em princípios ecológicos, integrando-se cultura e ecossistema na produção (soberana e segura) de alimentos primordialmente. O objetivo da pesquisa foi analisar a intersecção entre esses três campos, verificando como ela se produziu, quem foram seus agentes e quais foram suas influências sobre a relações trabalho-educação, tanto nos sistemas de ensino de responsabilidade do Estado quando nas dinâmicas de educação popular promovidas pelos camponeses. A metodologia qualitativa utilizada privilegiou o diálogo e a reflexão intersubjetiva com os sujeitos das práticas sociais investigadas. Para contextualizar o debate, a pesquisa abordou a questão agrária do sudeste do Pará, historicizando o processo de ocupação e uso da terra pelo setor capitalista e pelo campesinato, o papel do Estado e das políticas públicas, bem como a evolução da organização sociopolítica camponesa. No âmbito sociopolítico, destacaram-se as lutas por reforma agrária da Federação de Trabalhadores da Agricultura (Fetagri), do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco de Babaçu (MIQCB), decisivas para a criação de numerosos assentamentos na região e para que emergissem entre os camponeses novas lutas por alternativas de trabalho e de educação. Entre as lutas por trabalho, a pesquisa abordou as cooperativas ligadas à Fetagri, ao MST e ao MIQCB e, nelas, as necessidades educativas e práticas de qualificação profissional para a gestão autônoma e a produção ecológica. Entre as lutas educacionais foram realçadas as variadas práticas de educação do campo, voltadas aos jovens e adultos, e suas (des)conexões com o mundo do trabalho associado e agroecológico. Tais iniciativas de educação e de produção se desenvolveram dentro de um contexto em que, de um lado, predominam políticas públicas que privilegiam o agronegócio e a mineração e, de outro, emergem algumas políticas favoráveis à democratização do campo, tais como o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária. Foi possível concluir que os movimentos camponeses e suas organizações sociopolíticas articuladas em rede foram os principais responsáveis por aproximar as experiências de educação do campo, economia solidária e agroecologia, mostrando que há uma imbricação necessária entre elas. As experiências de agroecologia e de economia solidária foram percebidas como matrizes produtoras de conhecimento e de pedagogias. Incorporadas às práticas de educação do campo, ainda que com limitações, tais pedagogias ajudaram a construí-la como uma educação que serve aos interesses de classe dos camponeses. Uma nova perspectiva a respeito do trabalho adentrou os currículos e metodologias da educação do campo, com destaque para a alternância, a práxis e a pesquisa. Assim, a educação do campo mostrou-se capaz de satisfazer parte das necessidades de conhecimento dos camponeses suscitadas pelo mundo do trabalho. No entanto, esse processo é recortado por disputas, conflitos e contradições, reflexo da presença e do poder do modelo de desenvolvimento capitalista hegemônico na região. Modelo este que tende a mercantilizar a natureza em favor de duas commodities (a carne bovina e o minério de ferro), colocando em risco a base material da educação do campo, que é a posse e uso da terra pelos camponeses. / The research addressed the education of settled young people and adults of Agrarian Reform in the southeast of Pará, considering three fields of social practices of the region\'s peasant movements: rural education, which refers to the recognition of the diversity of the rural communities as subjects of the right to public education; the solidarity economy, that means economic collective experiences based on associated work and self-management among partners; and Agroecology, regarding the agroextrativismo based on ecological principles, integrating culture and ecosystem in the production of food (sovereign and secure). The objective of this research was to analyze the intersection between these three fields, noting how it is produced, who its agents were and what were their influences on the labor-education relations, both in the educational systems of State liability and in the dynamics of popular education promoted by the peasants. The qualitative methodology used opted for dialogue and intersubjective reflection with the subjects of the social practices investigated. To contextualize the debate, the research addressed agrarian issues of Southeast of Pará, historicizing the process of occupation and use of land by the capitalist sector and by the peasantry, the role of the State and of public policies, as well as the evolution of sociopolitical peasant organization. In a sociopolitical perspective, highlighted the struggles of agrarian reform for Agriculture Workers Federation (Fetagri), the Landless Workers Movement (MST) and Interstate Movement of the Babassu Coconut Breakers (MIQCB), decisive for the creation of numerous settlements in the area and the emergence of news fights for new struggles for work and education alternatives. Considering the struggle for work, the research addressed cooperatives linked to Fetagri, the MST and the MIQCB and, in them, the educational needs and practices of professional qualification for autonomous management and ecological production. Among the educational struggles were highlighted the varied practices of field education, geared to young people and adults, and their (dis)connections with the associated work and agroecological world. Such educational and productive initiatives were developed within a context in which, in one side, were dominated by public policies that favor agribusiness and mining and, on the other, some policies in favour of democratization of the country, such as the National Education Program in Agrarian Reform. It was possible to conclude that the peasant movements and their sociopolitical organizations articulated in network were the main responsible for connecting the experiences of rural education, solidarity economy and agroecology, showing that there is a necessary overlap between them. The experiences of agroecology and solidarity economy were perceived as arrays of producing knowledge and pedagogies. Incorporated into rural education practices, albeit with limitations, such pedagogies helped to build it as an education that serves the interests of the peasants class. A new perspective about work entered the curricula and methodologies of rural education, especially the alternation, praxis and research. Thus, the rural education proved to be able to meet part of the peasants \' knowledge needs raised by the world of work. However, this process is clipped by disputes, conflicts and contradictions, reflecting the presence and the power of hegemonic capitalist development model in the region. This model tends to commodify the nature in favor of two commodities (beef and iron ore), putting at risk the material basis of rural education, which is the ownership and use of land by the peasants.
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Educação do campo e rede de movimentos no sudeste do Pará: agroecologia e cooperativismo na relação entre trabalho e educação / Education and movements network of in the southeast of Pará: agroecology and cooperatives in the relationship between work and education

Kelci Anne Pereira 30 November 2015 (has links)
A investigação abordou a formação de jovens e adultos assentados da reforma agrária no sudeste do Pará, considerando três campos de práticas sociais dos movimentos camponeses da região: a educação do campo, que remete ao reconhecimento da diversidade dos povos do campo como sujeitos do direito ao ensino público; a economia solidária, que designa experiências econômicas coletivas, fundadas no trabalho associado e na autogestão entre os sócios; e a agroecologia, que diz respeito ao agroextrativismo baseado em princípios ecológicos, integrando-se cultura e ecossistema na produção (soberana e segura) de alimentos primordialmente. O objetivo da pesquisa foi analisar a intersecção entre esses três campos, verificando como ela se produziu, quem foram seus agentes e quais foram suas influências sobre a relações trabalho-educação, tanto nos sistemas de ensino de responsabilidade do Estado quando nas dinâmicas de educação popular promovidas pelos camponeses. A metodologia qualitativa utilizada privilegiou o diálogo e a reflexão intersubjetiva com os sujeitos das práticas sociais investigadas. Para contextualizar o debate, a pesquisa abordou a questão agrária do sudeste do Pará, historicizando o processo de ocupação e uso da terra pelo setor capitalista e pelo campesinato, o papel do Estado e das políticas públicas, bem como a evolução da organização sociopolítica camponesa. No âmbito sociopolítico, destacaram-se as lutas por reforma agrária da Federação de Trabalhadores da Agricultura (Fetagri), do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco de Babaçu (MIQCB), decisivas para a criação de numerosos assentamentos na região e para que emergissem entre os camponeses novas lutas por alternativas de trabalho e de educação. Entre as lutas por trabalho, a pesquisa abordou as cooperativas ligadas à Fetagri, ao MST e ao MIQCB e, nelas, as necessidades educativas e práticas de qualificação profissional para a gestão autônoma e a produção ecológica. Entre as lutas educacionais foram realçadas as variadas práticas de educação do campo, voltadas aos jovens e adultos, e suas (des)conexões com o mundo do trabalho associado e agroecológico. Tais iniciativas de educação e de produção se desenvolveram dentro de um contexto em que, de um lado, predominam políticas públicas que privilegiam o agronegócio e a mineração e, de outro, emergem algumas políticas favoráveis à democratização do campo, tais como o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária. Foi possível concluir que os movimentos camponeses e suas organizações sociopolíticas articuladas em rede foram os principais responsáveis por aproximar as experiências de educação do campo, economia solidária e agroecologia, mostrando que há uma imbricação necessária entre elas. As experiências de agroecologia e de economia solidária foram percebidas como matrizes produtoras de conhecimento e de pedagogias. Incorporadas às práticas de educação do campo, ainda que com limitações, tais pedagogias ajudaram a construí-la como uma educação que serve aos interesses de classe dos camponeses. Uma nova perspectiva a respeito do trabalho adentrou os currículos e metodologias da educação do campo, com destaque para a alternância, a práxis e a pesquisa. Assim, a educação do campo mostrou-se capaz de satisfazer parte das necessidades de conhecimento dos camponeses suscitadas pelo mundo do trabalho. No entanto, esse processo é recortado por disputas, conflitos e contradições, reflexo da presença e do poder do modelo de desenvolvimento capitalista hegemônico na região. Modelo este que tende a mercantilizar a natureza em favor de duas commodities (a carne bovina e o minério de ferro), colocando em risco a base material da educação do campo, que é a posse e uso da terra pelos camponeses. / The research addressed the education of settled young people and adults of Agrarian Reform in the southeast of Pará, considering three fields of social practices of the region\'s peasant movements: rural education, which refers to the recognition of the diversity of the rural communities as subjects of the right to public education; the solidarity economy, that means economic collective experiences based on associated work and self-management among partners; and Agroecology, regarding the agroextrativismo based on ecological principles, integrating culture and ecosystem in the production of food (sovereign and secure). The objective of this research was to analyze the intersection between these three fields, noting how it is produced, who its agents were and what were their influences on the labor-education relations, both in the educational systems of State liability and in the dynamics of popular education promoted by the peasants. The qualitative methodology used opted for dialogue and intersubjective reflection with the subjects of the social practices investigated. To contextualize the debate, the research addressed agrarian issues of Southeast of Pará, historicizing the process of occupation and use of land by the capitalist sector and by the peasantry, the role of the State and of public policies, as well as the evolution of sociopolitical peasant organization. In a sociopolitical perspective, highlighted the struggles of agrarian reform for Agriculture Workers Federation (Fetagri), the Landless Workers Movement (MST) and Interstate Movement of the Babassu Coconut Breakers (MIQCB), decisive for the creation of numerous settlements in the area and the emergence of news fights for new struggles for work and education alternatives. Considering the struggle for work, the research addressed cooperatives linked to Fetagri, the MST and the MIQCB and, in them, the educational needs and practices of professional qualification for autonomous management and ecological production. Among the educational struggles were highlighted the varied practices of field education, geared to young people and adults, and their (dis)connections with the associated work and agroecological world. Such educational and productive initiatives were developed within a context in which, in one side, were dominated by public policies that favor agribusiness and mining and, on the other, some policies in favour of democratization of the country, such as the National Education Program in Agrarian Reform. It was possible to conclude that the peasant movements and their sociopolitical organizations articulated in network were the main responsible for connecting the experiences of rural education, solidarity economy and agroecology, showing that there is a necessary overlap between them. The experiences of agroecology and solidarity economy were perceived as arrays of producing knowledge and pedagogies. Incorporated into rural education practices, albeit with limitations, such pedagogies helped to build it as an education that serves the interests of the peasants class. A new perspective about work entered the curricula and methodologies of rural education, especially the alternation, praxis and research. Thus, the rural education proved to be able to meet part of the peasants \' knowledge needs raised by the world of work. However, this process is clipped by disputes, conflicts and contradictions, reflecting the presence and the power of hegemonic capitalist development model in the region. This model tends to commodify the nature in favor of two commodities (beef and iron ore), putting at risk the material basis of rural education, which is the ownership and use of land by the peasants.
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Réinventer les pommes et les pommes de terre : une géographie de la qualité à l’épreuve des produits ordinaires / Reinventing apples and potatoes : applicability of the geography of quality to ordinary products

Garcon, Lucile 11 September 2015 (has links)
Dans un contexte de foisonnement des circuits courts de proximité, les enjeux de qualité invitent à déplacer la focale géographique, de produits spécifiques caractérisés par leur origine vers des produits ordinaires caractérisés par leur provenance. Se pose alors la question des modalités d’attachement de ces produits ordinaires aux milieux géographiques. À la fois aliments du quotidien et éléments de matériel végétal communs, les pommes et les pommes de terre permettent d’aborder les enjeux de reconnexion entre agriculture et alimentation autour de la notion de système agri-alimentaire territorial. Sur trois espaces de moyenne montagne – en France (Ardèche, Bauges) et en Italie (Ligurie) – cette thèse propose une analyse des trajectoires de dix collectifs passant par des phases de controverses qui les conduisent à se tourner vers des dispositifs de qualification plus souples que les indications géographiques. Conservant des logiques d’enracinement inspirées d’une rhétorique du terroir, ils ne versent pas pour autant dans le modèle des circuits courts de proximité, et maintiennent pour la plupart la question variétale au cœur de leurs préoccupations. La thèse montre que cette dernière ne peut être traitée à l’échelle des territoires qu’à condition d’envisager la production alimentaire de manière intégrée, c’est-à-dire en impliquant une diversité d’acteurs, capables de concevoir dans un même mouvement différentes étapes de qualification, de la gestion du matériel végétal à la consommation des aliments. L’émergence et la viabilisation de tels systèmes agri-alimentaires territoriaux ouvrent des débats politiques, et posent la question des modalités de l’action publique pour favoriser de tels dispositifs, dont on observe qu’ils tiennent principalement à des figures individuelles et à des lieux de médiation. / In a context of proliferation of short supply chains, issues of quality invite a shift in geographical focus, moving from specific products characterized by their origin to ordinary products characterized by their provenance. This shift raises the question of the modalities of attachment that these common products have to geographical areas. Everyday foods and common plant materials such as apples and potatoes allow for particular discussion around the issues concerning the reconnection of agriculture and food, specifically around the concept of territorial agri-food systems. Looking at three medium mountain areas - in France (Ardèche, Bauges) and Italy (Liguria) - this thesis proposes an analysis of the trajectories of ten different food collectives through the varying phases of controversy that are driving them towards qualification devices which are more flexible than purely geographical indications. Maintaining the logic of 'rooting', inspired by a territorial rhetoric, the collectives do not fall into the short supply chains model, and maintain, for the most part, the varietal question at the heart of their concerns. This thesis shows that this varietal question can only be treated at the territorial level if we consider the production of food as integrated. That is to say, involving a variety of stakeholders, capable of designing various stages of qualification in the same movement, from plant material management to food consumption. The emergence and realizable qualities of these territorial agri-food systems incite political debate, and raise the question of the public action modalities to promote these devices, which we notice are mainly due to individuals and places of mediation.

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