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Um percurso pelas configurações do corpo de personagens travestis em narrativas brasileiras do século xx: 1960-1980Fernandes , Carlos Eduardo Albuquerque 28 November 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-11-28 / The present work presents the construction of a critical analysis of travestite protagonists in Brazilian literary narratives of the 20th century, focusing at long narratives produced between the sixties and eighties. The selected narratives are the following: Uma mulher diferente, by Cassandra Rios (1965); “O milagre”, by Roberto Feire (1978); O Travesti (1980), by Adelaide Carraro; O fantasma travesti, by Sylvia Orthof, (1988). Along the research, we constructed a diacronic and critical perspective on the selected literary corpus, presenting discussions on the configuration of the body as a relevant aspect to the construction of the travestite character as well as the social, cultural and historical transformations that marked this minority existence among constant attempts to normatize gender and sex. When the social context brings up changes in terms of body, alterity and gender perceptions, literature, being part and marked by social discourses, gets impregnated of such subjective constructions, bringing them to paper. The protagonists in the analyzed narratives, “beings on paper” materializing the body that suffers constraint, provokes us to interpret their social and subjective construction. Our theoretical fundaments were: (a) the concept of the travestite and travestility, based on etnographic work on the experience of Brazilian travestite subjects by Benedetti (2005), Kulick (2008), Oliveira (1994), Silva, (2007) and Pelúcio (2009). (b) the discussion of the body as a possibility of subversion and domination, according to Foucault (2014, 2013), Preciado (2015) and Butler (2010, 2013); (c) literary studies which take the character as a narrative element, and gender as well as sexuallity questions, in authors such as Candido (2007), Barcellos (2006), Xavier (2007). At the end of our research we confirmed that there is a peculiar way identified in literary texts of presenting and constructing such travestite ficcional subjects along the 20th century, what is verified in different contexts and narrative genres, in terms of thematic and linguistic choices, indicating that the protagonists have the potential to break with or reinforce power structures, what we indicate and discuss along the chapters. / Esta pesquisa teve por objetivo estabelecer um percurso de resgate, análise e crítica sobre protagonistas travestis em obras literárias brasileiras do século XX, delimitadas por um corpus de narrativas longas (romances e novela), publicadas no contexto entre as décadas de 1960 e 1980, a saber, Uma mulher diferente, de Cassandra Rios, de 1965; “O milagre”, de Roberto Feire, de 1978; O Travesti, de 1980, de Adelaide Carraro; e O fantasma travesti, de Sylvia Orthof, de 1988. Buscamos construir, ao longo da pesquisa, uma perspectiva diacrônica e crítica sobre o corpus selecionado, entrelaçando discussões que abarcaram a configuração do corpo como aspecto relevante à criação da personagem travesti e as transformações históricas e culturais que envolveram as concepções sobre essa minoria no Brasil e os enfrentamentos dessa frente à tentativa constante de normatização do gênero e da sexualidade. À medida que um cenário de alterações quanto às ideias de corpo, alteridade e gênero passa a ser esboçado no grupo social, a literatura, como discurso que é parte irredutível das culturas e sociedades, também é metamorfoseada e impregnada por essas construções subjetivas. As protagonistas das obras analisadas nessa pesquisa, como seres de papel que materializam linguisticamente o corpo, o qual sofre os conflitos sociais plasmados na ficção, nos permite interpretar a condição sociocultural e a subjetivação dessas protagonistas. O aporte teórico se sustentou principalmente em três perspectivas: (a) pela concepção de travesti e travestilidade, com base em etnografias sobre experiência de travestis brasileiras, a partir de Benedetti (2005), Kulick (2008), Oliveira (1994), Silva, (2007) e Pelúcio (2009); pela noção de corpo como instância de subversão e dominação, a partir dos estudos de Foucault (2014, 2013), Preciado (2015) e Butler (2010, 2013); (c) pelos estudos literários, envolvendo a personagem como elemento narrativo relevante e as questões de gênero e de sexualidade, a partir de Candido (2007), Barcellos (2006), Xavier (2007). Ao fim da pesquisa, confirmamos a tese de que há uma maneira particular de construção literária dos sujeitos ficcionais travestis em textos literários brasileiros do século XX, de diferentes períodos e gêneros narrativos, tanto no âmbito temático quanto linguístico de sua composição, indicando a capacidade dessas protagonistas romperem ou reforçarem estruturas de poder, o que apontamos ao longo dos capítulos e na conclusão.
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