[pt] A presente tese de doutoramento visa analisar a presença do pensamento de Antonio Gramsci (1891-1937) no âmbito do processo formativo do sistema de saúde como elemento original através da leitura das Cartas do cárcere. Tem por objetivo evidenciar, nas cartas escritas no cárcere por Gramsci, a importância que o pensador atribuía à saúde tanto física quanto psíquica de todos que o cercavam, inclusive a dele próprio e o quanto foi afetado por esta condição. Para isso, me detive principalmente nas 478 cartas contidas na edição brasileira das Cartas do cárcere, publicadas em dois volumes, editadas por Carlos Nelson Coutinho e tendo como co-editores Luiz Sérgio Henriques e Marco Aurélio Nogueira. A proposta metodológica, pautada em pesquisa bibliográfica, foi de uma leitura sequencial das Cartas, obedecendo a ordem da edição brasileira consultada, na tentativa, não só, de conectar os acontecimentos externos com o cotidiano carcerário e as consequências provocadas na saúde psíquica e física de Gramsci, como também, dimensionar o lugar que a temática saúde ocupou na vida do filósofo sardo. Muito se sabe da centralidade da política na vida e nos escritos de Gramsci, no entanto não há como negar o quanto sua vida foi atravessada, intensamente, por outras questões pessoais que se tornaram tão centrais, principalmente, após sua prisão. A pesquisa também elucida a influência do pensamento de Gramsci nas lutas operárias na Itália, a qual inspirou o Modelo Operário Italiano (MOI) de saúde do trabalhador, da década de 1960, de modo a direcionar a reformulação das estruturas do sistema de saúde, assim como ocorreu no Brasil com a Reforma Sanitária e a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) nos anos de 1990, que teve grande inspiração na Reforma Sanitária Italiana. A tese apresenta as preocupações de Gramsci com as relações saúde- trabalho, demonstrando o trabalho como princípio educativo e a usurpação da capacidade criativa da classe trabalhadora promovida pelo capitalismo. Evidencia quanto a mecanização do trabalho atinge a saúde do trabalhador, principalmente daqueles que não conseguem se adaptar a esse novo processo de produção. / [en] The present doctoral thesis aims to analyse the presence of the thought of Antonio Gramsci (1981-1937) in the context of the formative process of the health system as an original element throughout the reading of the Letters from Prison. It aims to highlight, in the letters Gramsci wrote in prison, the importance that the thinker attributed to the pysical and psycological health of everyone around him, including his own and how much he was affected by this condition. For this, we focus mainly on the 478 letters contained in the Brazilian edition of Letters from Prison, published in two volumes, edited by Carlos Nelson Coutinho and having as co-editors Luiz Sérgio Henriques and Marco Aurélio Nogueira. Our methodological proposal, based on bibliographic research, consists in reading the letters in a sequence, obeying the order of the Brazilian edition consulted, in an attempt, not only, to connect external events with prison daily life and the consequences in Gramsci s psychic and physical health, but also, to dimension the place that thematic health occupies in the life of the Sardinian philosopher. Much is known about the centrality of politics in Gramsci s life and writings, however, there is no denying how intensely his life was crossed by other personal issues that became so central, mainly after his imprisonment. The research also shows the influence of Gramsci s thought in the workers struggle in Italy, which inspired the Italian Worker Model (IWM) of worker s health, in the 1960s, in order to direct the reframe of the structures of the health system, as occurred in Brazil with the Sanitary Reform and the implementation of the Unified Health System (SUS) in the 1990s, which had great inspiration in the Italian Sanitary Reform. The thesis presents Gramsci s concerns with health-work relationships, demonstrating work as an educational principle and the usurpation of the creative capacity of the useful working class by capitalism. It shows how much the mechanization of work affects the health of workers, especially those who can t fit in this new production process.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:61157 |
Date | 08 November 2022 |
Creators | MARIA JULIA PAIVA DE FRANCA |
Contributors | ANA ELIZABETH LOLE DOS SANTOS, ANA ELIZABETH LOLE DOS SANTOS, ANA ELIZABETH LOLE DOS SANTOS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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