[pt] A crise do capitalismo na década de 1970 ensejou, ante a necessidade de se
investir menos e reaver os lucros, uma nova estratégia de exploração do trabalho,
chamada de flexibilização. Para dar conta do novo formato produtivo, a pauta da
flexibilização adentrou a legislação trabalhista e a normatividade no setor
educacional, marcando sobremaneira o ideário prevalente na contemporaneidade.
Tanto as leis de contratação do trabalhador, como o modo de formá-lo para o
trabalho foram flexibilizados. E esse novo cenário produtivo acabou por configurar
um novo arranjo social, a Sociedade do Conhecimento, cuja tônica é a importância
de se preparar para um mercado de trabalho em que o conhecimento, a informação
e a tecnologia têm primazia, com uma formação, ao mesmo tempo, baseada em
competências. Sob o novo ideário, é aprovada, no Brasil, a nova Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (número
9.396/96), que passa a requerer a formação
docente de Nível Superior para a atuação na Educação Básica. Sendo que a
formação de professores para a Educação Básica segue de maneira fragmentada,
tanto entre áreas disciplinares, como entre níveis de ensino, não contando o país,
nas instituições de Ensino Superior, com uma faculdade ou instituto próprio,
formador desses profissionais, com uma base comum formativa. Tais condições
ensejam uma disputa acerca da definição sobre onde, quando e como deve ser
realizada a formação dos professores da Educação Básica, e, sobretudo, a quem
compete essa tarefa. Nesse campo de disputa, observa-se que o número de docentes
com mestrado na Educação Básica tem crescido significativamente nos últimos
anos. A pesquisa, então, buscou — à luz das contribuições do materialismo
histórico dialético — entender por que professores desta etapa de ensino procuram
o mestrado acadêmico em Educação e por que, após a conclusão do curso,
permanecem trabalhando na Educação Básica. O trabalho contou com a análise de
mais de 500 currículos (da Plataforma Lattes) de egressos do mestrado de três
programas de pós-graduação em Educação (PPGE/PUC-Rio, ProPEd/Uerj e
PPGE/UFRJ), e valeu-se de 12 entrevistas com egressos dos três PPGE que
permaneceram na Educação Básica após a conclusão do curso. A hipótese que foi
levantada e se sustentou após a análise dos dados obtidos foi que cada vez mais
professores da Educação Básica estão procurando o mestrado como uma alternativa
de formação continuada, com vistas a preencher lacunas deixadas por uma
formação inicial insuficiente, assim como para aumentar a própria empregabilidade
e poder gozar de melhores condições de trabalho, também no âmbito da própria
Educação Básica (campo maior de emprego que a Educação Superior), e não
somente, para a atuação no Nível Superior. / [en] The crisis of capitalism in the 1970s led, in the face of the need to invest less
and recover profits, a new strategy of labor exploitation, called flexibilization. In
order to take account of the new productive format, the flexibilization agenda
included labor legislation and normativity in the educational sector, marking the
prevailing ideology in contemporary times. Both the laws of hiring the worker, and
how to form him for the work were relaxed. And this new productive scenario has
finally formed a new social arrangement, the Knowledge Society, whose emphasis
is the importance of preparing for a labor market in which knowledge, information
and technology take precedence, with a training, at the same time based on skills.
Under the new idea, the new Law on the Guidelines and Bases of National
Education (number
9.396/96) is approved in Brazil, which now requires higher
education teacher training for basic education. Since the formation of teachers for
Basic Education follows in a fragmented way, both between disciplinary areas and
between levels of education, the country does not count in the institutions of Higher
Education with a faculty or institute itself, which trains these professionals, with a
formative common basis. Such conditions give rise to a dispute about the definition
of where, when and how the training of Basic Education teachers should be carried
out, and, above all, who is responsible for this task. In this field of contention, it is
observed that the number of teachers with masters in Basic Education has grown
significantly in recent years. The research then sought — in the light of the
contributions of dialectical historical materialism — to understand why teachers of
this stage of education seek the academic Masters in Education and why, after
completing the course, they continue to work in Basic Education. The work
involved the analysis of more than 500 curricula (from the Lattes Platform) of
graduate students from three postgraduate programs in Education (PPGE/ PUCRio, ProPEd/ Uerj and PPGE/ UFRJ), and 12 interviews with graduates of the three
PPGE who remained in Basic Education after the conclusion of the course. The
hypothesis that was raised and sustained after the analysis of the data obtained was
that more and more Basic Education teachers are looking for the master s degree as
an alternative of continuous formation, with a view to filling gaps left by an
insufficient initial formation, as well as to increase the same employability and to
be able to enjoy better conditions of work, also within the scope of the Basic
Education itself (greater field of employment than Higher Education), and not only,
for the performance in the Higher Education.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:47495 |
Date | 16 April 2020 |
Creators | LORENA FORTI |
Contributors | RALPH INGS BANNELL |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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