[pt] Discussões a respeito da comunicação entre os homens e da diversidade
linguística perpassam a história. É possível afirmar que Platão (427 - 347 a.C) e
Aristóteles (384 - 322 a.C) instigaram filósofos e linguistas a buscar
incessantemente explicações para a variedade de línguas existentes no mundo,
bem como a investigar suas origens e características em comum. A obsessão por
encontrar a língua que teria dado origem a todas as outras línguas não cessou,
como também não cessou o desejo de retorno a esta primeira língua. Este desejo
faz com que filósofos e linguistas há muito venham sustentando a criação e
utilização de uma língua única. Esta possibilitaria a comunicação universal entre
os homens independentemente de onde estes tivessem nascido, da cultura a que
pertencessem ou da língua materna que falassem. Em outras palavras, poderia
haver uma comunicação livre e democrática. Consequentemente, o acesso aos
saberes também seria livre, o que daria lugar à concretização de uma das
ambições do projeto iluminista: o esclarecimento do homem a partir da sua
própria capacidade de conhecer o real de forma autônoma.
Tomando como ponto de partida essas questões, foi realizado um estudo histórico
que teve como objetivo principal investigar os caminhos que a busca de uma
língua única de comunicação vem seguindo desde o Iluminismo até a
contemporaneidade, principalmente após o advento da Internet. Para tal, esta
investigação tem início com a concepção de Kant sobre o Iluminismo, seguida das
ideias de dois de seus contemporâneos, Condorcet e Condillac, escolhidos por
sugerirem o uso de uma língua universal como alternativa para o esclarecimento
humano. O estudo prossegue com uma breve descrição dos projetos de língua
universal dos séculos XIX e início do século XX e apresenta as razões para os
seus fracassos; passa posteriormente pela segunda metade do século XX e pela
tentativa de se fazer da língua inglesa a língua única de comunicação no mundo;
finalmente, chega à Revolução Digital. Nesta última fase, o debate concernente à
comunicação livre, independentemente da língua, e ao acesso irrestrito ao
conhecimento se veem reforçados com o aparecimento da terceira geração da
Internet, a chamada Web Semântica, que tem reavivado os ideais dos projetos
iluministas e mostrado ser um caminho possível para a comunicação universal e o
esclarecimento humano. / [en] Since the beginning of times there have been discussions about linguistic
diversity and the communication among men. One can easily say that Plato (427 -
347 b.c) and Aristotle (384 - 322 b.c) led both linguists and philosophers to
constantly search for explanations concerning the origins and common
characteristics of the many languages that exist in the world. It seems that the
obsession to find the one language from which all others are supposed to derive
still persists, as does the desire to return to it. This is the reason why philosophers
and linguists fundamentally support the development and use of a single language.
Such a language would make possible the communication among men on a
universal level, irrespective of their birth place, culture or mother tongue. In other
words, a free and democratic communication could take place and there would
also be free access to knowledge. One of the Enlightenment`s ambitions could
therefore be achieved: men would be able to perceive reality autonomously.
Taking those issues as a starting point, a historical study was developed to
investigate the search for a single language, from the Enlightenment until
contemporary times, particularly after the advent of Internet. For this purpose, this
study begins with Kant`s conception of Enlightenment, followed by the ideas of
two of his contemporaries, Condorcet and Condillac, who suggested the use of a
universal language as a means for man to reach Enlightenment. The study
discusses universal language projects of the 19th and early 20th centuries and
points out the reasons for their failures. It proceeds with a presentation of the
attempt to make English the worldwide language of communication from the
second half of the 20th century until the Digital Revolution. It argues that, at this
stage, what matters is no longer the development of a single language, but of a
free way of communicating, regardless of the language spoken and with unlimited
access to knowledge. This is more clearly seen with the onset of the third
generation of the Internet, known as the Semantic Web, which is recuperating the ideals of the Enlightenment and has been proving to be a possible way for
communication on a universal level and for man`s Enlightenment.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:15543 |
Date | 06 May 2010 |
Creators | FLAVIA DI LUCCIO |
Contributors | ANA MARIA NICOLACI DA COSTA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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