[pt] Neste trabalho, procurei seguir os rastros de pimentas e vinagres das manifestações que tomaram as ruas do Brasil a partir de junho de 2013. Para isso, parti de um dossiê de denúncias redigido por nove organizações da sociedade civil brasileira em razão da realização da primeira audiência temática sobre protestos ocorrida em março de 2014 junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos. Os rastros do dossiê se inseriam no universo do que chamei de ruas de papel que disputavam o papel das ruas, ou a verdade do que as ruas teriam sido. De modo emblemático, estas disputas evidenciavam o caráter político dos limites entre ordem e desordem, manifestantes e vândalos, cujas inscrições nos papéis apontavam para um labirinto de aporias e dissensos sobre violência, cidadania, direitos humanos e humanidade. Entre pimentas e vinagres, entre ruas e papéis, o reconhecimento de certas violências como violações de direitos humanos se (des)construía, revelando rastros de uma problemática mais profunda referente à contínua (re)fundação violenta do direito e da ordem através de referenciais negativos como a desordem e os vândalos. Diante das possibilidades de se render ou desafiar o labirinto, explorei um posicionamento em defesa da politização das práticas de autorização de autoridades e o engajamento com uma dimensão radical dos direitos humanos enquanto contracondutas críticas, táticas de subversão e estratégias de resistência. Neste percurso, procurei observar os fazeres dos direitos humanos materializados em uma teia complexa de instâncias e papéis em disputa, produzindo sujeitos, narrativas, destinos e verdades. / [en] In this dissertation, I followed the traces of peppers and vinegars from the demonstrations that took the streets of Brazil since June 2013. With this purpose, I departed from a dossier of denunciation written by nine Brazilian civil society organizations due to the realization of the first thematic audience on protests held in March 2014 at the Inter-American Commission on Human Rights of the Organization of American States. The traces of the dossier were embedded in the universe of what I called streets of paper that disputed the role of the streets, or the truth of what the streets would have been. These disputes were emblematic of the political character on the boundaries between order and disorder, demonstrators and vandals, whose inscriptions on the papers pointed to a labyrinth of aporias and dissents about violence, citizenship, human rights and humanity. Between peppers and vinegars, between streets and papers, the recognition of certain forms of violence as human rights violations was (de)constructed, revealing traces of a deeper problematic concerning the continuous violent (re)foundation of law and order, through negative references such as disorder and vandals. Faced with the possibilities of surrendering or challenging the labyrinth, I explored a position in defense of the politicization of the practices of authorization of authorities and the engagement with a radical dimension of human rights as critical counter-conducts, tactics of subversion and strategies of resistance. In this path, I sought to observe the makings of human rights materialized in a complex web of disputed instances and papers, producing subjects, narratives, destinies and truths.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:29971 |
Date | 15 May 2017 |
Creators | JOANA SCHROEDER |
Contributors | ROBERTO VILCHEZ YAMATO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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