[pt] Esta pesquisa de doutoramento traz como objeto central as percepções dos adolescentes sobre (in)sucesso escolar e racismo. Com isso, buscamos compreender como a tônica do racismo opera ao se tratar de sucesso e fracasso a partir do olhar de adolescentes nas séries finais do ensino fundamental II. Para a pesquisa foi feito um estudo de caso a partir duas escolas públicas localizadas no município do Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense com adolescentes de oitavo e nono anos, na faixa etária de 13 a 15 anos. A pesquisa tem como característica ser um estudo de caso com abordagem qualitativa e analisada a partir dos dados obtidos nas observações da rotina escolar, nos questionários e em oficinas pedagógicas realizadas com os adolescentes. Buscamos compreender como os estudantes percebiam o racismo nas suas experiências escolares e cotidianas, a compreensão do sucesso e do fracasso escolar e a influência das redes de suporte e seus incentivos como agência fundamental na experiência do sucesso escolar. Observou-se que a violência racial é consolidada através do silêncio e o uso do tom da voz como instrumento de poder, de superioridade e opressão para quem ocupa um lugar hegemônico. Os estudantes negros fazem do silêncio uma estratégia de sobrevivência, ao mesmo tempo em que criam situações seguras para falar sobre o racismo. A tônica da violência do racismo se expressa através dos xingamentos no momento de conflitos ou apelidos que são naturalizados como brincadeira e afeto. O mito da democracia racial é escamoteado na ideologia da igualdade e da perspectiva religiosa. A família, na representação da figura materna, principalmente, continua sendo a principal rede de apoio na construção do empoderamento do sucesso escolar, no entanto, a novidade é o uso da internet como forma de apoio nos momentos de dificuldades e de ausência familiar entre os estudantes de baixa renda. Concluímos que o não olhar crítico dos adolescentes sobre o racismo e o debate de sucesso e fracasso
escolar estão coerentes com a lógica que se estabelece em uma sociedade pautada na hierarquização racial e sob os efeitos da colonialidade. A existência de uma miopia racial, ou seja, a dificuldade de enxergar as tramas do racismo ou a visão embaçada sobre ele gera vantagens e desvantagens que são a prova de sua funcionalidade. / [en] This doctoral research brings as main object the perceptions of teenagers about school failure and racism. With this, we aim at understand how the tonic of racism operates when dealing with success and failure from the perspective of teenagers in the final series of middle school. For the research, a case study was conducted from two public schools located in Rio de Janeiro and the Baixada Fluminense municipalities with teeneagers from eighth and ninth years of the middle school, with 13 to 15 years. The research has as characteristic to be a case study with qualitative approach and analyzed from the data obtained in the observations of the school routine, in the questionnarie and in pedagogical workshops with teenagers. We aimed at understand how students perceived racism in their school and everyday experiences, their understanding of school success and failure, and the influence of support networks and their incentives as a key in the school success experience. It was observed that racial violence is consolidated through silence and the use of the tone of voice as an instrument of power, superiority and oppression for those who occupy a hegemonic place. Black students make silence as a survival strategy, while creating secure situations to talk about racism. The tonic of violence of racism is expressed through the curses in the moment of conflicts or nicknames that are naturalized as a joke and affection. The racial democracy myth is swept under in the ideology of equality and religious perspective. The family, in the representation of the maternal figure, mainly, continues being the main support network in the construction of the empowerment of the school success, nevertheless, the novelty is the use of the Internet like way of support in the moments of difficulties and of familiar absence between the low-income students. We conclude that the non-critical view of teenagers on racism and the debate about school success and failure is consistent with the logic established in a society based on racial hierarchy and under the effects of coloniality. The existence of a racial myopia, that is, the difficulty of seeing the plots of
racism or the embarrassed view on it generates advantages and disadvantages that is the proof of its functionality.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:45379 |
Date | 17 September 2019 |
Creators | SANDRA REGINA DE SOUZA MARCELINO |
Contributors | ALICIA MARIA CATALANO DE BONAMINO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
Page generated in 0.0031 seconds