[pt] Costuma-se relacionar o problema da imaginação com o tratamento do ficcional ou do artístico, mas esta associação não foi sempre assim. Além do campo da arte, a imaginação envolve também o campo das disciplinas humanas, como a história, a antropologia, a política e inclusive a teologia. Pela sua estreita ligação com processos ditos físicos, a imaginação também intervém nas classificações das capacidades e funções físicas do cérebro. A discussão sobre a imaginação gravita entre o conhecimento do homem como ser biológico e como ser moral, entre a exterioridade da percepção e a interioridade do pensamento e do sentimento, entre a sua condição terrena e seu pertencimento ao universo divino. A abordagem da disputa sobre a imaginação no longo século XVIII, isto é, aproximadamente desde a época de Gottfried Leibniz, em que se condensa uma discussão propriamente alemã, até a época de Hegel, em que a história se torna uma espécie de necessidade da razão, começa com um problema. Por um lado, ela é acometida como estratégia para compreender em um plano profundo as condições de possibilidade da formalização disciplinar da historiografia no contexto da formalização e especialização disciplinar generalizada de todos os saberes previamente contidos nos vocábulos de ciência ou filosofia. Por outro lado, essa discussão tem sido recuperada somente a través do seu sequestro por cada uma dessas disciplinas formalizadas, e incorporada como parte de uma memória disciplinar que oblitera a sua pluralidade e produtividade iniciais. Essa produtividade contém uma noção de conhecimento muito mais ampla do que aquela que é manejada hoje em dia pelas disciplinas humanas, e aparece como muito mais conveniente para os seus objetivos. Neste trabalho se entende que a amplitude da concepção de conhecimento que convém às humanidades reside na unidade fundamental de criação e conhecimento que se verifica no pensamento anterior à discussão alemã do século XVIIIXIX sobre a imaginação, e que os termos de criação e conhecimento se tornaram antitéticos somente partir e como produto dessa discussão. / [en] The problem of imagination is most commonly related to fictional or artistic concerns. This association, however, hasn t always been so evident. Apart from the field of art, imagination concerns the humanities, such as history, anthropology, politics and even theology. Due to its close bind to so called physical processes, imagination also intervenes in the classification of the capacities and functions of the brain. The debate over imagination thus gravitates somewhere between the knowledge of man as a biological body and as a moral being, between exterior perception and the interiority of thought and feelings, between man s earthly condition and its belonging to the divine universe. The analysis of the dispute over imagination during the long nineteenth century, that is, approximately from the times of Gottfried Leibniz, in which a properly German discussion is articulated, until Hegel s time, when history became some kind of necessity of reason, begins with a problem. For one thing it is pursued as a strategy to understand more deeply the conditions of possibility for the disciplinary formalization of historiography in the context of the generalized formalization of all knowledge previously contained in the terms science or philosophy. On the other hand, this dispute has been so far undertaken only through its kidnapping by each one of those individual formal disciplines and incorporated as part of a discipline memory which obliterates its original productivity and plurality. That productivity contains a much wider notion of knowledge than the one nowadays adopted by the humanities, and appears as a more convenient approach for their goals. This thesis works on the understanding that the generosity of the concept of knowledge that better suits the humanities lies in the fundamental unity of creation and knowledge that was overthrown during the eighteenth-nineteenth century German debate over imagination, which made the terms creation and knowledge antithetical concepts.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:24734 |
Date | 10 June 2015 |
Creators | MARIA EUGENIA GAY |
Contributors | RONALDO BRITO FERNANDES |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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