Este estudo focaliza a influência do ambiente carcerário sobre as narrativas auto-biográficas de oito homens com idade superior a 45 anos, encarcerados numa instituição prisional localizada na cidade de Santo André, região do grande ABC paulista, colhidas ao longo do ano de 1997. Após a análise qualitativa dos dados, observam-se três características marcantes na evocação das narrativas auto-biográficas destes entrevistados: 1) estão envolvidas pela história social e por quadros de referências culturais e familiares que estruturaram suas experiências pessoais vividas no passado; 2) experiências básicas vividas no ambiente carcerário, tais como, o desenraizamento, a servidão e o confinamento, frequentemente estruturam a forma e o conteúdo das narrativas; 3) as experiências pessoais evocadas pelos entrevistados, frequentemente referem-se a episódios análogos às experiências atualmente vividas no ambiente carcerário. Este estudo finalmente considera que o ambiente carcerário constrange o processo mnêmico atual dos entrevistados, tornando o exame livre de suas evocações auto-biográficas, fortemente determinado pela estrutura deste ambiente que as envolve e afeta. Tais considerações são afirmadas com base na análise das entrevistas à partir do levantamento das propriedades desse ambiente, e do quadro teórico-metódico do filósofo holandês Baruch Espinosa, mais especificamente, à partir de suas idéias sobre o funcionamento da memória e da imaginação, e o significado e as causas da servidão humana. / This study focus on the influence of the jail environment over the autobiographic narratives of eight men older than 45 years old, closed in a prison institution located at Santo André City, region of ABC São Paulo, collected during the year of 1997. After the qualitative analysis of the facts, it`s observed three outstanding characteristics on the evocation of the those interviewed autobiographic narratives: 1) they are involved by social history and by scenes of cultural and family references that structure their personal experiences lived in the past; 2) the basic experiences lived in the jail environment, such as the breaking off, the slavery and the limitation, often structure the shape and the contents of the narratives; 3) the personal experiences evoked by the interviewed, often refer to analogous episodes to the experiences currently lived in the jail environment. This study finally considers that the jail environment embarras the current mnemonic process of the interviewed, what makes the examination free from its autobiographic evocations, strongly determined by the structure of this environment that wrap and affect them. Such considerations are asserted based on the analysis of the interviews from the survey of the properties of this environment and the theoretical-methodic scene of the Dutch philosopher Baruch Spinoza, more specifically from his ideas about the working of the memory and the imagination, and the meaning and the causes of the human servitude.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-02032010-122951 |
Date | 27 October 2000 |
Creators | Balila, Douglas |
Contributors | Damergian, Sueli |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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