Aquilo que é posto na terceira pessoa, aquilo de que se fala/escreve, quando considerado como produto da interação autor/destinatário(s), traz, no apelo ao já-dito, um terceiro elemento (uma terceira voz) na composição do objeto de discurso. Este último, por se constituir também a partir de um já-dito, de uma voz social, expressa uma réplica específica do locutor, de acordo com as diversas posições as diferentes experiências sociais que ele, na qualidade de escrevente, assume na interação. Pensar o objeto de discurso como uma voz social é, portanto, assumi-lo como produto da réplica do locutor a destinatários (BAKHTIN, [1979] 2010a), o que permite refletir não só sobre a interação presente, mas também constituindo-a sobre possíveis dizeres ligados a práticas sociais recuperadas pelo escrevente. Para tanto, ao assumir a participação de um terceiro na produção de linguagem, busca-se descrevê-lo, no caso das redações de vestibular, em termos das vozes que participam dos textos dos vestibulandos e defini-las segundo práticas letradas a que o escrevente tem/teve acesso (direto ou indireto). O quadro teórico da análise dialógica (BAKHTIN [1961-1962, 1975, 1979] 2010 a, b, c) e o CÍRCULO), o da argumentação (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005), o das teorias do letramento (STREET, 2012b, 2014) e o paradigma indiciário (GINZBURG, 1989) são assumidos como arcabouço teórico-metodológico do trabalho. Desse modo, são buscados os fenômenos que mobilizam o aparecimento de indícios materializados nos textos, fenômenos ao mesmo tempo ligados ao que há de específico da situação enunciativa imediata, por um lado, e aos que se mostram como elementos estabilizados nas e pelas interações ao longo da história, por outro. O corpus é composto por 264 redações de vestibular do exame da FUVEST de 2006, cujo tema foi trabalho. Os resultados obtidos evidenciam que a construção do objeto de discurso trabalho é um diálogo entre três interlocutores rigorosamente presentes nessa produção escrita: o escrevente, o(s) destinatário(s) e determinadas vozes do já-dito, cujas marcas se alojam no objeto de discurso, constituindo-o e a ele se impondo. / That which comes in the third person, that about which one says / writes, when it is considered a product of authors / addressees interactions, brings, by referring to an already-said, brings a third element (a third voice) in the composition of discourse objects. This last, due to also constitute itself from an already-said, a social voice, expressa reply from the addresser, in accordance with the many several positions the different social experiences that the addresser, as the author, takes in interactions. To think discourse objects as social voices is, thus, to accept it as a product of addressers replies to addressees (BAKHTIN, [1979] 2010a 2006), which allows to think not only about the present interaction, but also as its constitutive element on possible utterances linked by addressers to social practices authors bring to bear on their texts. For doing this, by accepting the participation of a third in language production, we aim to describe it, as regards college entrance exam texts, in terms of voices that participate in college entrance exam texts and define them according to school practices authors have had or have (direct or indirect) access. The theoretical foundation sof dialogical analysis (BAKHTIN [1961-1962, 1975, 1979] 2010 a, b, c) and the CIRCLE), modern rhetoric (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005), literacy theories (STREET, 2012b, 2014), and the indiciary paradigm (GINZBURG, 1989), are taken as the works theoretical-methodological basis. Thus, phenomena are examined that mobilize the emergence of marks materialized in texts, phenomena at the same time linked to the specificities of the immediate enunciative situation, on the one side, and to what appear as elements stabilized in and by interactions throughout history, on the other. The corpus is composed by 264 FUVEST 2006 college entrance exam texts having work as their subject. Results obtained show that the construction of the discourse object work is a dialogue among three rigorously present interlocutors in these written productions: the addresser/author, addressees and some identifiable voices of the already-said, whose marks are summoned in discourse objects, constituting them and imposing themselves on them.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-22082017-163507 |
Date | 08 June 2017 |
Creators | Vanda Mari Trombetta |
Contributors | Manoel Luiz Goncalves Correa, Juliana Alves Assis, Edilaine Buin, Cristiane Carneiro Capristano, Fabiana Cristina Komesu |
Publisher | Universidade de São Paulo, Filologia e Língua Portuguesa, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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