Return to search

A fluidez de Yuxin

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Florianópolis, 2013. / Made available in DSpace on 2013-12-05T23:27:25Z (GMT). No. of bitstreams: 1
320232.pdf: 1759914 bytes, checksum: 29899bf270c0e98c8065b0ae246675d0 (MD5)
Previous issue date: 2013 / Ao estudar o percurso da representação do índio na literatura brasileira, percebemos que nossa tradição literária, ao abordar essa temática, sofreu influência de uma cultura estrangeira, construindo assim uma imagem do índio em que seu elemento autóctone figurou como representação de padrões e valores morais específicos e estranhos para si. Diante desse cenário, o objetivo desta dissertação é partir do romance Yuxin (2009), de Ana Miranda, para o diálogo com outras obras literárias, tendo como enfoque a linguagem, e a maneira como a autora se utilizou dela para elaborar essa narrativa. Ana Miranda procurou (re)criar um texto performático da cultura indígena, que, em sua poética, contenha uma dicção pessoal e única, carregada de sons, pausas e gestos para dar voz a um povo e contar uma história que questiona pontos de vista de ordem social, política e estética, como também as noções que temos daquilo que é sagrado. A narrativa propõe uma fluidez que parte já de seu título, pois o sentido semântico de yuxin não é estático, pelo contrário, escapa sempre das tentativas de torná-lo concreto, uma vez que é substância fluida, que não se deixa aprisionar. Assim, também essa textualidade nos escapa se a considerarmos apenas em seus aspectos formais, pois é no nível da percepção, daquilo que é fugidio e fugaz, que Yuxin encontra seu sentido. Propomos, então, uma leitura sobre a poética de Yuxin que promova reflexões tecidas a partir de relações entre xamanismo, perspectivismo, musicalidade e pensamento primitivo, já que essas questões se encontram imersas na narrativa e configuram seus arranjos de enunciação. Partindo dessa discussão, percebemos que a questão básica subjacente ao romance pode ser compreendida como uma exclamação de alteridade. Ao enunciar essa voz outra, da figura autóctone e suas relações com o espaço, o texto de Ana Miranda, juntamente com outras narrativas literárias que compartilham da proposta de dar voz ao outro que outrora foi calado, coopera para que se promova um questionamento do lugar de marginalização que os povos ameríndios enfrentam e as fronteiras simbólicas que lhes são impostas como herança do processo de colonização, impulsionando um deslocamento que reconfigura o imaginário coletivo. O discurso literário tem, assim, a capacidade de recriar e reinventar tanto o mito, quanto a história e a memória. <br> / Abstract : By studying the trajectory of the representation of Indians in the Brazilian literature, we realized that our literary tradition, concerning to this theme, was influenced by a foreign culture, thereby building up an image of the Indian in his native element figured as representation of standards and specific moral values strange to himself. Given this scenario, the goal of this dissertation is to set forth from the Ana Miranda's novel Yuxin (2009) to the dialogue taken with other literary works, having the language as an approach, and the way the author used it to establish her narrative. Ana Miranda sought to (re)create a performative text of indigenous culture, which, in his poetics, contains a personal and unique diction, full of sounds, pauses and gestures to give voice to a people and tell a story that questions the views of social, political and aesthetic, as well as the notions we have of what is sacred. The narrative proposes a fluidity that comes from the title itself, because the semantic meaning of yuxin is not static, on the contrary, always escapes attempts to make it concrete, since it is fluid substance, which cannot be trapped. Thus, also this textuality eludes us if we consider only its formal aspects, whereas it is at the level of perception, that which is elusive and fleeting, that Yuxin finds its meaning. We propose a reading of Yuxin?s poetics that promotes reflections woven from relations between shamanism, perspectivism, musicality and primitive thought, as these issues are immersed in the narrative and configure their arrangements of enunciation. From this discussion, we realized that the basic issue underlying the novel can be understood as an exclamation of alterity. By stating this other voice, from the autochthonous figure and its relationship with space, the text of Ana Miranda, along with other literary narratives that shares the proposal to give voice to the other that was once silenced, cooperates to promote a questioning of the marginalization place that Amerindian peoples face and the symbolic boundaries imposed on them as a legacy of the colonization process, driving a shift that reconfigures the collective imaginary. The literary discourse thus has the ability to rebuild and reinvent both the myth as history and memory.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/107188
Date January 2013
CreatorsCarvalho, Gabriela Cristina
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Kamita, Rosana Cássia
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format139 p.| il.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.003 seconds