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Deriva de sentidos

A iniciativa deste trabalho decorre de um desdobramento de minha produção recente e propõe-se a evidenciar – a partir de um conjunto de ações e ensaios que procuram assinalar uma espécie de ruptura com a idéia de objeto artístico consumado e estruturado apenasmente como produto de exposição –, o caráter e as particularidades de uma experiência de investigação artística como condição de entrega à deambulação, ao desvio, ao encadeamento intencional de mudanças e aos raciocínios transversais ou sinuosamente orientados. Tal caracterização tem como base uma ação programada de deslocamento físico em paisagens previamente determinadas e a produção de uma série de reflexões, expressas pela escrita, que – apesar de não terem como condição de elaboração uma ligação mútua e direta com a ação proposta – giram em torno dos possíveis confrontos entre o exercício físico e a própria paisagem como possibilidades de deliberar um movimento e projetar a execução de uma meditação sistemática a partir de uma experiência de transmutação do pensamento, do gesto e do próprio fundamento de um envolvimento com a arte como um campo aberto para a não especificidade. Acompanhando o nascimento e a formação, sob as diversas perspectivas de apreensão e entendimento, de um entrecruzamento das diversas atitudes, aptidões, convenções e intenções que estimulam a projeção de uma experiência artística na cotidianidade, este trabalho apresenta-se, precipuamente, como uma busca de soversão da coerência que fundamenta a grande maioria das experiências artísticas culminantes em resultados que se possam apresentar sob os moldes de exibição convencional. Sendo assim, minha expectativa é a de que este trabalho contribua para a discussão sobre a crescente fragmentação estrutural e conceitual (que evidencia a instantaneidade de nossa atual realidade e, não obstante, torna o objeto artístico cada vez mais desencontrado em sua conciliação espacial e na própria vinculação concreta com nossas preocupações ou atividades diárias e rotineiras) que, já há algum tempo, se pode notar na investigação artística contemporânea. Não obstante, como uma aposta na abertura de uma espécie de transfixação da experiência artística, do raciocínio fragmentário e do entrelaçamento de situações heteróclitas na realidade cotidiana, o que esta pesquisa pretende também salientar é a convicção que nutro de que, seja no campo da arte ou no terreno das diligências ordinárias, a intensidade da experiência e do pensamento não pode ser sedentarizada. / The will to make this work comes from an unfolding of my recent production and aims to make clear – from a group of actions and essays which seek for signing a kind of rupture with the idea of an artistic object consummated and structured only as an exhibition product –, the character and specificities of an experience of an artistic investigation as a condition for devoting to wander, to turn aside, to intentional enchainment of changes and to transversal or sinuously oriented reasoning. That group of specifications is based on a programmed action of physical dislocation through previously determined landscapes and on the production of a series of reflections, expressed by this writings, which – although not having, as a condition of elaboration, a mutual and direct connection with the proposed action – turns around the possible confrontations between physical exercise and the landscape itself as possibilities of deliberating a movement and projecting the performance of a systematic meditation from an experience of transmutation of thought, gesture and the basis of an involvement with art as an open field for the non-specificity. Accompanying the appearance and formation, under the various perspectives of apprehension and understanding, of a crossing path of the diverse attitudes, abilities, conventions and intentions which stimulate the projection of an artistic experience nowadays, this work is, above all, a search for the subversion of coherence that basis the great majority of the artistic experiences culminating in results which may present themselves under models of conventional exhibition. In such case, my expectation is that this work may contribute for the discussion of a crescent structural and conceptual fragmentation (which makes evident the immediacy of our actual reality and, in spite of it, turns the artistic object into something that is day by day more disconnected in its spatial conciliation and in its own concrete entailment to our daily activities or concerns) which, it has been already some time, may be noticed in contemporary artistic investigation. In spite of the fragmentary reasoning and of the crossing of heteroclite situations in daily reality, as a stake in the opening of a kind of transfixation of artistic experience, what this research also intends to point out is the conviction that I maintain that, whether in the field of art or in the terrain of ordinary diligences, the intensity of experience of thought cannot be formed sediment.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/13681
Date January 2007
CreatorsSevero, André
ContributorsFervenza, Helio Custodio
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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