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Entre o normativo e o descritivo: o lugar do ético em Moritz Schlick

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Tese_Filosofia_FFCH_Serafim_Nossa.pdf: 1135304 bytes, checksum: cf65651410007a07397511e91fa6606b (MD5) / Programa de Aperfeiçoamento e Capacitação da Universidade do Estado da Bahia / Embora Moritz Schlick seja notoriamente reconhecido como um autor vinculado à pauta verificacionista do Círculo de Viena, grupo do qual foi, inclusive, um dos seus principais expoentes, seus escritos sobre ética compõem, por outro lado, uma parte importante de sua obra, notadamente dedicada ao estabelecimento da felicidade como o verdadeiro sentido da vida. A ética schlickiana segue, assim, marcada por uma visão hedonista da existência associada a uma concepção naturalista da ação humana. Esta relação entre hedonismo e naturalismo motiva o estabelecimento da tese de que todo instinto humano busca a prevalência do prazer do indivíduo e, por conseguinte, motiva ações que o conduzem sempre em direção à felicidade. A visão de que todo homem age de acordo com seus instintos e marcha inexoravelmente rumo à sua felicidade individual serve como base para a elaboração de princípio morais universais que expressariam o que determinada sociedade concebe como moralmente aceitável ou não. Tais regras de conduta, expressas nestes princípios, variam de cultura para cultura, de comunidade para comunidade, embora partilhem, radicalmente, a mesma tendência ou finalidade de estabelecer uma vida de prazer e felicidade para os membros da sociedade. Esta dimensão ética do pensamento schlickiano, via de regra, tem sido considerada como uma incursão filosófica sem relações estreitas com a perspectiva de seu empirismo consistente, influenciado, sobretudo, pelo Tractatus Logico-Philosophicus de Ludwig Wittgenstein. Este distanciamento, ou mesmo estranhamento, entre as ideias sobre ética e o normativismo lógico de Schlick encontra suas razões, muitas vezes, em argumentos que pressupõem o debate sobre o significado das proposições éticas como algo impróprio ou mero contrassenso – portanto em aparente rota de colisão com a postura logicista do próprio Círculo de Viena; e em argumentos que fazem acreditar que os escritos éticos de Schlick compõem uma dimensão à margem do seu pensamento verificacionista, uma vez que seriam, no geral, produtos de suas tendências pessoais e políticas. Não obstante existam posições teóricas que ofertam argumentos razoáveis de justificação do distanciamento da ética schlickiana em relação ao núcleo lógico-empirista de seu pensamento, este nosso trabalho propõe estabelecer algum tipo de relação entre estas duas pontas deste espectro. Sendo assim, propomos reconhecer a ética schlickiana como uma instância filosófica em conexão com os princípios fundamentais do empirismo consistente de Schlick, apresentando, principalmente, a possibilidade de relacionar o método analítico de exame do sentido proposicional – a verificabilidade, descrita, principalmente, em Sentido e verificação – com a abordagem descritivista de inspeção do significado dos enunciados da ética, apresentada, especialmente, em Questões de ética. Para tanto, a noção de princípio moral segue fundamental para nossa reflexão, uma vez que o sentido particular de cada proposição ética pode, segundo Schlick, ser reduzido ao sentido expresso por tal princípio. Se nossa empreitada segue viável, esperamos poder, ao fim dela, estabelecer uma continuidade filosófica entre as ideias sobre lógica e ética de Schlick, propondo, ao cabo, que tanto o analítico quanto o descritivo constituem aspectos de uma mesma atitude filosófica schlickiana, qual seja: aclarar os pensamentos, dissolver pseudoproblemas, criar condições para que a ciência finalmente passe a operar livre de enigmas insolúveis e de sentenças carentes de sentido. / Although Moritz Schlick is markedly recognized as an author linked to the verificationist topic of Vienna Circle, the group from which he was, indeed, one of the main exponents, by the other side, his writings about Ethics composes an important part of his work, clearly dedicated to setting the happiness as a true meaning of life. Schlick’s Ethics therefore follows, marked by a hedonistic vision of existence associated to a naturalistic conception of human action. That relation between hedonism and naturalism motivates the establishment of the thesis that all human instinct seeks the prevalence of individual pleasure and so, it motives actions that always conduct them to happiness. The perspective that all humankind acts according with one’s instincts and inexorably marches towards one’s individual happiness serves as basis to elaborate the universal Moral Principles that would express what is morally acceptable or not for a specific society. Such roles of conduction, expressed in these principles, change from one culture to another, from one community to another, although they radically partake the same tendency or finality to establish a life of pleasure and happiness to all the society members. That ethical dimension of Schlick’s thought, as a matter of course, has been considered as a philosophical incursion with no narrow relations with a perspective from his consistent empiricism, that is mainly influenced by the Tractatus Logico-Philosophicus of Ludwig Wittgenstein. This distance or even strangeness between the ideas about ethics and the logical normativism of Schlick, often find its reasons in arguments that presuppose the debate about the ethical propositions meaning as an inappropriate thing or just nonsense, and so, apparently in a collision course with the typical logicist posture of Vienna Circle; and also in arguments that make believe the ethical writings of Schlick are part of a dimension apart from his verificationist thought, once they would be, in general, products from his personal and political tendencies. There are, notwithstanding, theoretical positions that offer reasonable arguments to justify the detachment of Schlick’s ethics from the center of his logical - empirical thought, our work here presented proposes to establish some kind of relation between these two parts of the spectrum. We therefore propose to recognize Schlick’s ethics as a philosophical instance connected with the fundamental principles of the consistent empiricism from Schlick, mostly presenting the possibility to relate the analytical method of exam the propositional meanings – the verifiability principally specified in Sense and Verification – with the descriptive approach to inspect the meaning of ethical formulations that are specially presented in Ethical Questions. The concept of moral principle is, therefore, fundamental to our reflections, since the particular sense of each ethical proposition, according to Schlick, can be reduced to the expressed sense by such principle. If our undertaking is viable, in the end of it we hope to be able to establish a philosophical continuity between Schlick’s ideas of logic and ethic, and propose that both the analytic and the descriptive are aspects from the same Schlick’s philosophical attitude, namely: to clarify the thoughts, to dissolve pseudo-problems, to create conditions for the science to finally operate free from insoluble puzzles and meaningless sentences.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:192.168.11:11:ri/25265
Date15 December 2017
CreatorsNossa Júnior, Serafim
ContributorsSalles, João Carlos, Azize, Rafael, Hillesheim, Valério, Teles, Wagner, Chagas, Eduardo
PublisherFaculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia, UFBA, brasil
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFBA, instname:Universidade Federal da Bahia, instacron:UFBA
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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