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Reflexões sobre as dores corporais crônicas fibromiálgicas e suas relações com a melancolia

Na clínica contemporânea, temos nos defrontado com novas expressões de sofrimento, nas quais o corpo ganha destaque. Entre os fenômenos recorrentes encontramos a dor crônica e as fibromialgias. Os estudos sobre esses assuntos apresentam posições distintas: uns consideram tais dores como fenômenos histéricos, outros, como uma manifestação do corpo deprimido. Pretendemos verificar as especificidades das dores crônicas, desde a possibilidade de uma manifestação histérica ou depressiva, mas avançando na hipótese de que elas possam ser manifestações do quadro melancólico. Tomaremos a teoria de Freud como principal fonte dos nossos estudos sobre a melancolia e cotejaremos também autores mais recentes que tratam do fenômeno da dor, particularmente os da psicossomática psicanalítica. Os pacientes que nos mobilizaram a empreender tais estudos foram aqueles que apresentavam traços curiosos: pouca fluidez pulsional, desânimo, dores em vários pontos do corpo, sintomas psicossomáticos, ansiedade bastante expressiva e, geralmente, marcados por uma falta de sentido, conotando, de um lado, traços melancólicos e, de outro, sintomas somáticos. Na melancolia, trata-se de uma perda na vida pulsional enquanto que no sofrimento decorrente de um luto normal, isso não acontece; a libido se desprende do objeto, devido a uma posição ocupada por esse objeto perdido, em que havia um duplo trabalho a ele dirigido, de amor e ódio, portanto passível de ser elaborado, no nível consciente. Nesse mesmo texto, ele mostra que no luto patológico, o objeto perdido mantém-se investido, libidinalmente, tendo como consequência um apego a ele, sem que ele possa ser elaborado, causando, portanto, uma sombra do objeto sobre o próprio ego do sujeito. Isso significa que há um hiper investimento narcísico no objeto, no qual o sujeito se fixa colando nele. Num mundo voltado para o individualismo, para o narcisismo e sem ideais é provável que se estimule mais esse encapsulamento, impedindo o sujeito de se vincular. Na clínica contemporânea os sintomas são mais dessa natureza: são primários, de caráter narcísico, no qual o sujeito se vê
encapsulado num mundo vazio e sem significação. Nesse contexto, pensamos ser mais propício falar de sujeitos melancólicos, distinto dos deprimidos, pois estes fazem uma retirada do investimento libidinal, mas mantém uma relação com objeto.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:unicap.br:631
Date11 October 2013
CreatorsCarolina Cavalcanti Henriques
ContributorsEdilene Freire de Queiroz, Zeferino de Jesus Barbosa Rocha, Maria Helena da Silva Fernandes, Carlos Henrique Ferraz, Ana Lúcia Francisco
PublisherUniversidade Católica de Pernambuco, Mestrado em Psicologia Clínica, UNICAP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNICAP, instname:Universidade Católica de Pernambuco, instacron:UNICAP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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