A depressão tem sido associada a um maior absenteísmo e uso de serviços de saúde e, sua prevalência em pacientes de atenção primária no momento da avaliação é em torno de 10%. Este estudo teve como objetivo, investigar em uma amostra de uma ambulatório de clínica médica de um hospital escola (Ambulatório Geral e Didático do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), a associação entre: a) transtorno depressivo maior e utilização de serviços de saúde, b) outras depressões e utilização de serviços de saúde, c) transtorno depressivo maior e absenteísmo, d) outras depressões e absenteísmo. MÉTODOS: Dezenove médicos clínicos gerais aplicaram o Primary Care Evaluation of Mental Disorders (Prime-Md) e questões para avaliar o uso de serviços de saúde e absenteísmo no período de 12 meses antes da entrevista, em 414 pacientes. O Prime-Md é uma entrevista para diagnosticar os transtornos mentais mais comuns em atenção primária, desenvolvido para entrevistadores não especialistas. Os transtornos depressivos pesquisados pelo Prime-MD são: transtorno depressivo maior, transtorno depressivo distímico, transtorno depressivo menor, remissão parcial de transtorno depressivo maior, transtorno depressivo bipolar e transtorno depressivo devido a doenças ou uso de substâncias. O diagnóstico segue os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da Associação Psiquiátrica Americana. A análise estatística comparou três grupos: pacientes com transtorno depressivo maior (N=144), pacientes com outras depressões (N=82) e pacientes sem depressão (N=188). As comparações foram feitas pelo teste do Qui-quadrado ou Mann-Whitney. Dois modelos de regressão logística foram gerados com absenteísmo como variável dependente. A variável independente em um modelo foi o transtorno depressivo maior e no outro o grupo com outras depressões. O modelos foram ajustados para: idade, sexo, estado civil e presença de doença clínica. RESULTADOS: Pacientes com transtorno depressivo maior procuram serviços de saúde em um número significativamente maior do que aqueles sem depressão (p=0,0005). O grupo de pacientes com transtorno depressivo maior e o grupo com outras depressões apresentaram mais absenteísmo (sim/não) ao trabalho, atividades domésticas ou à escola, do que aqueles sem depressão, as diferenças também foram significativas para o número de dias perdidos. De acordo com a análise de regressão logística, pacientes com transtorno depressivo maior apresentaram uma razão de chance (odds ratio) de 1,80 (p=0,015; 95% IC, 1,12-2,90) vezes maior de ter absenteísmo quando comparados com aqueles sem depressão; para pacientes com outras depressões a razão de chance em relação àqueles sem depressão foi de 1,89 (p=0,026; 95%IC, 1,05-5,17) vezes maior. Não encontramos diferenças significativas entre os três grupos quanto ao sexo, idade, estado civil, tipo de serviço procurado (pronto-socorro ou ambulatório/posto de saúde), ocorrência de hospitalização ou doenças crônicas. CONCLUSÕES: O transtorno depressivo maior se associou significativamente com uma maior procura por serviços de saúde. Ambos, o transtorno depressivo maior e o grupo com outras depressões se associaram significativamente com absenteísmo. Nosso estudo não é prospectivo, o que restringe conclusões etiológicas. Entretanto, de acordo com dados da literatura, nossos resultados provavelmente indicam que a presença de transtornos depressivos acarreta maior uso do sistema de saúde e maior absenteísmo ao trabalho ou a atividades acadêmicas. Alem disso, o impacto sobre absenteísmo se estende para formas mais leves de depressão e é independente da idade, sexo, estado civil ou presença de doenças clínicas / Depression has been associated with increased absenteeism and use of health care services, and its current prevalence in primary care patients is around 10%. This study aimed to investigate in outpatients at their first visit in a general medical unit of a teaching hospital (Ambulatório Geral Didático do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo) the association of: a) major depressive disorder and use of health care services, b) other depressive disorders and the use of health care services, c) major depressive disorder and absenteeism, d) other depressive disorders and absenteeism. METHODS: Nineteen clinicians used the Prime-Md and questions to assess absenteeism and the use of health care facilities in the period of 12 months before the study evaluation in 414 outpatients. The Prime-Md is an interview targeted for most common mental disorders in primary care, and developed for non-specialized interviewers. The depressive disorders evaluated by Prime-Md are: major depressive disorder, dysthymic disorder, minor depression, partial remission of a major depressive disorder, depressive disorder in bipolar, and depressive disorder due to general medical conditions or substance use. The diagnosis is based on the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders-3rd Edition (DSM -III-RAmerican Psychiatric Association). The statistical analysis compared three groups: patients with major depressive disorders (N=144), patients with other depressions (N=82), and patients without depression (N=188). The comparisons were done with the Chi-square or the Mann-Whitney test. Two logistic regression models were generated with absenteeism as the dependent variable. The independent variable in one model was the presence of major depressive disorder and in the other the presence of presence of other depressions. The models were adjusted for age, gender, marital status and presence of general medical condition. RESULTS: Patients with major depressive disorder presented a significantly higher number of visits to health care services compared to those without depression (p=0.0005). The group of patients with major depressive disorder and the group with other depressive disorders presented more absenteeism (yes/no) from work, home duties, or school compared to patients without depression; the differences were also significant for the number of lost days. According to the logistic regression analysis, patients with major depressive disorder presented an odds ratio of 1.80 (p=0.015; 95%CI, 1.12-2.90) to have absenteeism compared to patients without depression; the odds ratio to have absenteeism for patients with other depressions compared to those without depression was 1.89 (p=0.026; 95%CI, 1.05-5.17). We did not find significant differences among the three groups regarding gender, age, marital status, type of visited service (i.e. emergency room or outpatient clinic), hospitalizations, or presence of general medical conditions. CONCLUSIONS: Major depressive disorder was significantly associated with an increased number of visits to health services. Either major depressive disorder or the group with other depressions were significantly associated with increased absenteeism. Our study is not prospective, which restricts etiologic conclusions. However, based on the literature, our results probably indicate that the presence of depressive disorders leads to an increased use of the health system and increased absenteeism from work, home duties or school. Moreover, the impact on absenteeism extends to milder depressive disorders and is independ of age, gender, marital status or the presence of general medical condition
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-14102014-104147 |
Date | 27 September 2005 |
Creators | Sérgio Gonçalves Henriques Junior |
Contributors | Renerio Fraguas Junior, Luiz Antonio Nogueira Martins, Paulo Rossi Menezes |
Publisher | Universidade de São Paulo, Psiquiatria, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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