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Análise do desenvolvimento da empatia aos dois anos de idade - contexto de criação e presença de depressão pós-parto / Analysis of the development of empathy at two years of age: Context creation and presence of Postpartum Depression

Introdução: A empatia consiste em compartilhar uma emoção percebida de outra pessoa, e, em certa medida, sentir a mesma emoção que a outra pessoa está sentindo (Eisenberg e Strayer; 1992). Aos dois anos, as crianças têm a capacidade de atribuir significado emocional às expressões dos outros, além de responder a estas expressões de modo adequado; verifica-se neste contexto de compartilhamentos emocionais precoces o aparecimento de comportamentos de consolo e de ajuda, ainda que de maneira incipiente (Harris, 1996; Strayer, 1993). O presente estudo faz parte do Projeto Temático (FAPESP) Depressão Pós-Parto (DPP) como fator de risco no desenvolvimento: Estudo interdisciplinar dos fatores envolvidos na gênese do quadro e em suas consequências, que acompanha díades mãe-bebê da gestação ao terceiro ano da criança. Dentro deste projeto, este estudo objetivou avaliar relações entre variáveis do contexto socioafetivo da criança sobre o desenvolvimento da empatia na criança, aos dois anos de idade. Recebeu atenção especial a presença ou não de indicadores de DPP, bem como de outros fatores contextuais associados ao sexo da criança, apoio social, ao fato de a criança ter outros cuidadores, frequentar a creche, desfrutar da presença do pai, considerando-se também as percepções da mãe quanto ao temperamento de suas crianças, a impaciência e a satisfação em ser mãe. Métodos: A amostra foi composta por 69 díades (mãe-bebê) com a presença ou não de indicadores de DPP. Esta foi avaliada no puerpério, aos 8 meses e aos 24 meses, pela Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgh (EDPE). Para analisar o desenvolvimento da empatia, utilizou-se aos 24 meses das crianças o teste do Teddy Bear, segundo protocolo desenvolvido por Bischof Kohler (1991), que visa avaliar ações e emoções indicativas de empatia. As reações apresentadas pelas crianças foram analisadas quanto à presença de indicadores de empatia, conforme protocolo do teste. As crianças também receberam classificações a partir de padrões de comportamentos descritos como: ajudantes, ajudantes bloqueados e indiferentes. Resultados: O teste da empatia foi aplicado em 69 crianças, e inicialmente foi possível verificar, por meio do teste realizado aos 24 meses, que ainda que estas crianças sejam filhas de mães com ou sem indicativos de DPP, a grande maioria (43=63,2%) demonstrou empatia diante da situação de choro do experimentador enquanto as demais apresentaram comportamentos de indiferença. Ao contrário do esperado, não se verificou efeito da DPP no puerpério sobre a empatia nas crianças de dois anos. Ainda assim, houve uma tendência a este efeito esperado da DPP sobre a empatia: No grupo sem depressão pós-parto, há uma tendência a mais crianças empáticas. Pode-se verificar, no resíduo ajustado, que as crianças empáticas estão positivamente associadas à ausência de DPP (1,6) enquanto no grupo com DPP há menos frequência (-1,6) do que a esperada pelo acaso de crianças empáticas. Não foram observadas diferenças significativas na empatia aos dois anos, em função da depressão materna medida aos 8 e 24 meses. Neste estudo, os meninos apresentaram-se proporcionalmente mais empáticos (77,3% versus 55,6% das meninas), embora este bom desempenho tenha se revelado no contexto sem indicativo de DPP. Este resultado contraria o esperado pela literatura, no sentido de mais empatia associada às meninas. Os resultados obtidos com relação à empatia da criança aos 24 meses e seu principal cuidador neste período revelam que grande parte das crianças consideradas empáticas (26=65,0%) estão sob cuidados de outras pessoas que não a mãe, principalmente aos 24 meses. Os resultados citados anteriormente relacionam-se diretamente com o estar ou não em creches. Analisando-se em função da frequência à creche, verifica-se que a maioria das crianças consideradas empáticas (25=69,4%) já está frequentando a creche ou a escolinha aos 24 meses. Embora os resultados não tenham sido significativos, o resíduo ajustado demonstrou uma tendência para associação entre frequentar a creche e apresentar empatia (1,3). A relação entre os indicadores de empatia da criança aos 24 meses e ter contato com o Pai neste mesmo período, obtidos nesta amostra, também revelou tendência a mais empatia (35=59,3) nas crianças que desfrutam da presença do pai. As mães do grupo sem indicativos de DPP consideraram o temperamento de suas crianças mais fácil e estas por sua vez foram consideradas mais empáticas (17=69,0). Embora estes estudos realizados dentro do Projeto Temático apontem frequentes manifestações de impaciência das mães aos 24 meses, as crianças filhas de mães que relataram ficar às vezes impacientes apresentaram-se mais empáticas (23=63,9%). No que se refere à satisfação em ser mãe e a empatia da criança aos 24 meses, no grupo de mães que se declararam sempre estar satisfeitas, as crianças apresentaram mais comportamentos empáticos (35=64,8%) e na presença de depressão não houve associações significativas com a empatia. Conclusão: Embora a DPP não tenha influenciado de modo significativo o desenvolvimento da empatia das crianças aos 24 meses, o conjunto de indicadores mostrou uma associação complexa entre os vários fatores do contexto e o sexo da criança em interação com a DPP. É fato que alguns elementos podem amenizar os sintomas que afetam a mãe deprimida, que pode por sua vez buscar através de mecanismos de proteção ao seu bebê um suporte emocional e social adequado com subsídios eficazes para a compreensão e amparo das necessidades do seu bebê. A presente pesquisa ao mostrar estas interações contribui para a compreensão da DPP como um fator de risco para o desenvolvimento das crianças que vivem neste contexto, associando os mesmos a fatores psicossociais de risco. Reitera-se a importância de pesquisas que possam contribuir para a compreensão do desenvolvimento e para intervenções psicológicas e cuidados com a saúde das mães e seus bebês / Introduction: Empathy is to share a perceived emotion of another person, and to some extent, feel the same emotion that the other person is feeling (Eisenberg e Strayer; 1992). At two years the children have the ability to assign meaning to the emotional expressions of others, and respond to these expressions appropriately: there is in this context shares the early emergence of emotional behaviors consolation and help, albeit in a incipient (Harris, 1996; Strayer, 1993). This study is part of the Thematic Project (FAPESP) \"Postpartum Depression (DPP) as a risk factor in development: Interdisciplinary study of the factors involved in the genesis of the framework and its consequences \", accompanying mother-infant dyads from pregnancy to the child\'s third year. Within this project, this study aimed to evaluate relationships between variables in the context of socio-affective child on the development of empathy in children at two years of age. Received special attention to the presence or absence of indicators of DPP, as well as other contextual factors associated with the sex of the child, social support, the fact that the child has other caregivers, attending daycare, enjoy the presence of the father, considering also the mother\'s perceptions regarding the temperament of your children, impatience and satisfaction in being a mother. Methods: The sample consisted of 69 dyads (mother-baby) with the presence or absence of indicators of postpartum depression; this was evaluated postpartum, 8 months and 24 months, the Depression Scale of Postpartum Edimburgh (EDPE). To analyze the development of empathy, we used 24 months of testing children\'s \"Teddy Bear\", a protocol developed by Bischof - Kohler (1991), which aims to evaluate actions and emotions indicative of empathy. The reactions presented by the children were analyzed for the presence of indicators of empathy as the test protocol. Children also received ratings from patterns of behavior described as helpers, helpers blocked and indifferent. Results: The empathy test was applied in 69 children, and initially was verified by testing performed at 24 months, that although these children are born to mothers with or without indications of postpartum depression, the vast majority (43 = 62,3 %) showed empathy to the situation of crying the experimenter while the others showed behaviors of indifference. Still, there was a tendency to this expected effect of DPP about empathy: In the group without postpartum depression, there is a trend to more empathic children. You can check the residue adjusted, empathic children are positively associated with the absence of DPP (1,6) - while the group with DPP less frequently (-1,6) than expected by chance empathic children. There were no significant differences in empathy to two years, depending on maternal depression measured at 8 and 24 months. In this study, boys showed up proportionately more empathetic (77,3% versus 55,6% girls), although this has proved good performance in context without indicating DPP. This result runs counter to the anticipated by the literature, in order to more empathy associated with girls. The results obtained with respect to the child\'s empathy at 24 months and their caregivers in this period reveal that most children considered empathetic (26 = 65,0%) are under the care of persons other than the mother especially at 24 month. The results cited above relate directly to whether or not in daycare. Analyzing a function of frequency to daycare, it appears that the majority of children considered empathetic (25 = 69,4%) is already attending kindergarten or kindergarten to 24 months. Although the results were not significant, the adjusted residual showed a trend for association between attending nursery and display empathy (1,3). The relationship between indicators of empathy in children at 24 months and have contact with the Father in the same period, obtained in this sample also showed a tendency to more empathy (35 = 59,3) in children who enjoy the presence of the father. The mothers in the group without DPP considered indicative of the temperament of their children \"easier\" and these in turn were considered more empathetic (17 = 69,0). While these studies point within the Thematic Project frequent expressions of impatience mothers at 24 months, children born to mothers who reported getting \"sometimes\" impatient were more empathic (23 = 63, 9%).Regarding the satisfaction of being a mother and child empathy at 24 months in the group of mothers who reported ever being satisfied children showed more empathetic behaviors (35 = 64, 8%) and in the presence of depression no significant associations with empathy. Conclusion: Although the DPP has not significantly influenced the development of empathy for children at 24 months, the number of indicators showed a complex association between various factors and the context of the child\'s gender in interaction with the DPP. It is a fact that some elements may ease symptoms that affect the depressed mother, which may in turn seek through mechanisms of protection for your baby a proper social and emotional support with subsidies for effective understanding and support the needs of your baby. The present research to show these interactions contributes to the understanding of the DPP, as a risk factor for the development of children living in this context, associating them with psychosocial risk. Reiterates the importance of research that can contribute to the understanding of development and psychological interventions and health care of mothers and their babies

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-05072013-092224
Date23 April 2013
CreatorsRios, Gabriela Sintra
ContributorsBussab, Vera Silvia Raad
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeDissertação de Mestrado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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