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Efeito do consumo da erva-mate (Ilex Paraguariensis), associada ou não à intervenção dietética, no perfil glicêmico e lipídico de indivíduos pré-diabéticos e diabéticos tipo 2

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-graduação em Nutrição, Florianópolis, 2010 / Made available in DSpace on 2012-10-25T12:33:34Z (GMT). No. of bitstreams: 1
280283.pdf: 1204485 bytes, checksum: 7c55f9fbbf525c1292f932ab14a9b32e (MD5) / Dentre as diversas doenças decorrentes do diabetes mellitus tipo 2 (DM2), as cardiovasculares são as complicações mais importantes e a principal causa de morte entre os pacientes. Para prevenir o DM2 ou as suas complicações é fundamental a redução dos fatores de risco, inicialmente pela mudança no estilo de vida, como uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas. Nesse contexto, existe muito interesse na identificação de alimentos vegetais com propriedades hipoglicêmicas e hipocolesterolêmicas que possam prevenir ou auxiliar no tratamento do DM2. Dentre as várias espécies de plantas estudadas, a erva-mate (Ilex paraguariensis) apresentou efeito hipoglicêmico em animais e hipolipidêmico em animais e seres humanos, podendo ser benéfica para os indivíduos com DM2. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da ingestão de chá mate tostado no perfil glicêmico e lipídico e na concentração sérica de produtos finais de glicação avançada (AGEs) de indivíduos com DM2 e com pré-diabetes. A associação do chá mate com aconselhamento nutricional também foi avaliada. Participaram deste estudo 58 indivíduos (13 homens e 45 mulheres), com idade média de 56,8 9,1 anos. Os indivíduos com DM2 (n=29) e com pré-diabetes (n=29) foram distribuídos em três grupos: i) chá mate (CM); ii) intervenção dietética (ID) e; iii) chá mate e intervenção dietética (CM-ID), com 9-11 indivíduos em cada grupo. Os participantes do grupo CM e CM-ID ingeriram 330 mL de infusão de erva-mate tostada 3 vezes/dia, durante 60 dias. Amostras de sangue foram coletadas antes (período basal) e após 20, 40 e 60 dias dos diferentes tratamentos, após jejum de 12-14 h, para as determinações dos parâmetros do perfil glicêmico, lipídico e dos AGEs. Durante esses períodos de tempo também foi avaliado o consumo alimentar por meio da aplicação do registro alimentar de três dias. Para detectar as diferenças intra-grupos, foi aplicado o teste t pareado de Student, enquanto as diferenças inter-grupos no período basal foram avaliadas pela ANOVA e teste complementar de Tukey. A associação das variáveis do consumo alimentar ou antropométricas com os parâmetros laboratoriais foi avaliada pela correlação de Pearson. Para todas as análises, foi considerado p ? 0,05 como significativo. Os resultados mostraram que os indivíduos com DM2 do grupo CM apresentaram diminuição nos valores de hemoglobina glicada (HbA1c; 0,8 ponto percentual) e nos valores de LDL-c (13,5 mg/dL; p<0,05) após 20 dias (p=0,05) e na glicemia de jejum (25 mg/dL; p<0,05) após 60 dias. Houve aumento na ingestão de carboidratos após 20 dias, e de colesterol e ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) após 60 dias. Os indivíduos com DM2 também diminuíram o consumo de gorduras, ácidos graxos saturados (AGS) e ácidos graxos monoinsaturados (AGMI) após 20 e 40 dias. A variação na ingestão de colesterol, AGS e AGMI apresentou associação positiva com os valores de HDL-c (r = 0,504, 0,429 e 0,400, respectivamente) e houve correlação negativa entre o consumo de AGPI e AGMI e a glicemia (r = -0,393 e -0,500, respectivamente). A variação no consumo de carboidratos e no peso corporal também esteve associada positivamente à glicemia (r = 0,470 e 0,399, respectivamente) e o peso com os triglicérides (TG; r=0,512). Para os indivíduos com DM2 do grupo ID, não foram observadas alterações significativas no perfil glicêmico e lipídico. Os indivíduos com DM2 diminuíram a ingestão de carboidratos após 20 dias e de colesterol e fibras após 60 dias, e aumentaram o consumo de AGPI após 60 dias. A variação na ingestão de AGPI apresentou associação negativa com os valores de glicemia e TG (r = -0,495 e -0,423, respectivamente). Nos indivíduos com DM2 do grupo CM-ID, o perfil glicêmico e lipídico não sofreu variações significativas, com exceção do aumento de HDL-c após 60 dias de intervenção (p<0,05). Em geral, os indivíduos com DM2 aumentaram o consumo de proteínas e diminuíram a ingestão de gorduras, incluindo os três tipos de ácidos graxos e colesterol, provocando redução no valor calórico total (VCT; p < 0,05). Não houve modificação dos valores de AGEs nos três grupos. Para os indivíduos com pré-diabetes, o consumo de chá mate promoveu redução nos valores de HbA1c (0,4 ponto percentual; p=0,05) após 40 dias e diminuição no LDL-c e Não-HDL-c e aumento no HDL-c após 40 e 60 dias. Não houve modificação expressiva no consumo alimentar, porém a variação no consumo de AGPI e AGMI esteve inversamente associada aos valores de TG (r = -0,403 e -0,421, respectivamente), enquanto a variação no peso corporal apresentou associação positiva com os valores de Não-HDL-c e TG (r=0,496 e 0,503, respectivamente). No grupo ID, os valores de AGEs aumentaram após 20 e 40 dias (p < 0,05) e não houve melhora no perfil glicêmico. Porém, os valores de colesterol total, LDL-c e Não-HDL-c diminuíram após 40 e 60 dias. Os indivíduos pré-diabéticos aumentaram o consumo de carboidratos, mas reduziram a ingestão de gorduras, incluindo AGS e AGMI, com conseqüente diminuição no VCT. A variação no consumo de AGPI e AGMI esteve inversamente associada ao Não-HDL-c e à glicemia (r = -0,474 a -0,632), enquanto a ingestão de fibras mostrou correlação negativa com a glicemia e HbA1c (r = -0,569 e -0,483, respectivamente). A variação no peso corporal também esteve associada positivamente à glicemia (r = 0,486). Os indivíduos com pré-diabetes do grupo CM-ID apresentaram diminuição nos valores de HbA1c (0,3 ponto percentual; p=0,01) após 40 dias e diminuição significativa nos valores de LDL-c (11 mg/dL), Não-HDL-c (22 mg/dL) e TG (53 mg/dL) após 60 dias de tratamento, devido em parte à redução significativa na ingestão de gorduras, AGS, AGMI e colesterol e aumento na ingestão de fibras, apesar do aumento no consumo de carboidratos, o qual mostrou correlação positiva com o LDL-c e Não-HDL-c (r = 0,507 e 0,516, respectivamente). Também houve aumento nos valores de AGEs (p=0,05). Com base nestes resultados, sugere-se que o chá mate tostado possa ser benéfico para a diminuição da glicemia de jejum e da HbA1c de indivíduos com DM2 em uso de medicação e para a melhora dos parâmetros do perfil lipídico de indivíduos diabéticos ou com pré-diabetes. Além disso, o aconselhamento nutricional preconizado, quando associado à ingestão de chá mate, foi mais efetivo para a melhoria dos parâmetros lipídicos nos indivíduos pré-diabéticos, mas não mostrou efeitos positivos nos parâmetros do perfil glicêmico dos indivíduos com DM2.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/94580
Date25 October 2012
CreatorsKlein, Graziela Alessandra
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Silva, Edson Luiz da
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format118 p.| il., grafs., tabs.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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