Return to search

Marx e o labirinto da utopia

Made available in DSpace on 2016-04-27T17:26:51Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Francisco Antonio Marques Viana.pdf: 809034 bytes, checksum: bacbf46227d6ac765968dba3c0e4f3c0 (MD5)
Previous issue date: 2010-10-29 / In Marx the thread of becoming is the praxis of human emancipation by means of
Socialism and Communism. A universal construction, intrinsic to the break with
Capitalism, the argumentation makes itself present in Marx s work during four
decades. It involves, as a whole, the objective reality of the need of labor as
merchandise and source of alienation, and of private property as the foundation of the
estrangement brought about by the class society and by the predominance of the
individual over the species. It comprehends all the forms of thought, starting with the
social utopia, which reappears in the break of XIX century, with the reform of thought
by adopting philosophy as the way for the anticipation of the future of human
happiness. In Marx s argumentation, the bourgeois revolution of 1789 broke with
Feudal society, but it did not abolish the exploration of man by man. It generated two
antagonist and irreconcilable classes: the bourgeoisie and the proletariat. He argued
that in the XIX century, the proletarian revolution emerged as the negation of
negation, which, by the abolishment of private property it would inaugurate the real
history of mankind. Utopist thought, which germinated with Saint-Simon, Charles
Fourier and Robert Owen, considered becoming as the extension of the French
Revolution, built by consciousness and the gradual reform of society. It denied the
violent break with the actual society, thus affirming the concept of order. Instead of
the proletariat revolution, it preached the union of classes, supported by good laws,
good governments and the education for truth and goodness. The actual society was
thus emptied to build, slowly, a new order. In both views of becoming, the center is
man. The utopia in that context is no longer a no-where, as it was originally in the
XVI century, in Thomas More s homonymous book. It becomes a geography of
universal dimensions or, at least a European one, a knowledge and a possibility to
overcome dialectically the bourgeois society. This was what Marx sought to bring
about by uniting the philosophy of praxis with political economics and the
revolutionary theory. This is what utopist thought tried to give form to by means of
consciousness through convincing. The point of intersection is to be found in the
primacy of the collective over the individual, stating the discarding of a civilization
which consumed itself in its own contradictions so as to sow a society wherein
thought and action were coincidental. A society where humanism weren t only a
rhetorical tool, but the real of becoming, where man were a totality, and not a
fragment, illusory representation of the real. A society wherein the end of the empire
of necessity were the principle of the kingdom of liberty. These are horizons of
construction which move through distinct routes - one through the revolutionary
praxis, the organization of the proletariat; the other through consciousness, the good
laws, education and the union of classes -, but which meet dialectically in the domains
of the production of ideas, mobilization and the organization of the proletariat and of
the society. They converge, especially, in the thought and action of anticipating
the becoming of Socialism and Communism. Two routes, the same end? / Em Marx, o fio condutor do vir a ser é a práxis da emancipação humana pelo
socialismo e comunismo. Construção universal, intrínseca à ruptura do capitalismo, a
argumentação se faz presente, na obra marxiana, ao longo de quatro décadas.
Envolve, no conjunto, a realidade objetiva da necessidade do trabalho como
mercadoria e fonte de alienação, e da propriedade privada como alicerce do
estranhamento originado pela sociedade de classes e da preponderância do indivíduo
sobre a espécie. Engloba todas as formas de pensar, a começar pela utopia social, que
ressurge no alvorecer do século XIX, com o pensamento reformista ao resgatar a
filosofia como caminho para a antecipação do futuro da felicidade humana. Na
argumentação de Marx, a revolução burguesa de 1789 rompeu com a sociedade
feudal, mas não aboliu a exploração do homem pelo homem. Gerou duas classes
antagônicas e irreconciliáveis: a burguesia e o proletariado. Argumentava que no
século XIX a revolução proletária emergia como a negação da negação, abolindo a
propriedade privada e inauguraria a verdadeira história da humanidade. O pensamento
utópico, que germina com Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen, considerava
o vir a ser como prolongamento da Revolução Francesa, construído pela consciência,
a reforma gradativa da sociedade. Negava a ruptura, pela violência, com a sociedade
vigente, e afirmava o conceito de ordem. Em lugar da revolução proletária, pregava a
união de classes, lastreada pelas boas leis, os bons governos e a educação para a
verdade e o bem. Esvaziava a sociedade vigente para construir, paulatinamente, uma
nova ordem. Em ambas as visões do vir a ser, o centro é o homem. A utopia, nesse
contexto, deixa de ser um não lugar, como foi originalmente no século XVI, pelo livro
homônimo de Tomas More. Torna-se uma geografia de dimensões universais ou, no
mínimo, europeia, um conhecimento e uma possibilidade de superação dialética da
sociedade burguesa. Foi o que Marx buscou realizar ao unir a filosofia da práxis com
a economia política e a teoria revolucionária. Foi o que o pensamento utópico
procurou dar forma pelo caminho da consciência pelo convencimento. O ponto de
interseção encontra-se no primado do coletivo sobre o indivíduo, afirmando o
descartar de uma civilização que se consumiu nas suas próprias contradições para
semear uma sociedade em que pensamento e ação fossem coincidentes. Uma
7
sociedade em que o humanismo não fosse apenas um instrumento retórico, mas o real
do vir a ser, em que o homem fosse uma totalidade, não um ser fragmentado, ilusória
representação do real. Uma sociedade em que o fim do império da necessidade fosse o
princípio do reino da liberdade. São horizontes de construção que se movimentam por
caminhos distintos um pela práxis revolucionária, a organização do proletariado,
outro pela consciência, as boas leis, a educação e a união de classes , mas que se
encontram dialeticamente nos domínios da produção de ideias, mobilizações e
organização do proletariado e da sociedade. Convergem, sobretudo, no pensamento e
ação de antecipar o vir a ser do socialismo e do comunismo. Dois caminhos, um
mesmo fim?

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:leto:handle/11534
Date29 October 2010
CreatorsViana, Francisco Antonio Marques
ContributorsValverde, Antonio Jose Romera
PublisherPontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia, PUC-SP, BR, Filosofia
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_SP, instname:Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, instacron:PUC_SP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0028 seconds