No âmbito organizacional, este estudo aborda competências e aprendizagem a partir da perspectiva de recursos (Visão Baseada em Recursos). Contudo, apesar dos inúmeros estudos já realizados sobre aprendizagem, muitos desafios ainda permanecem em discussão. Mesmo não havendo uma teoria ou modelo amplamente aceito (FIOL; LYLES, 1985), há pontos de consenso na literatura. Entre eles, o de que aprendizagem organizacional é essencial para a compreensão de como as organizações evoluem ao longo do tempo. No centro do debate da aprendizagem, está a discussão sobre o conhecimento. A aprendizagem organizacional, como uma lente (PRANGE, 2001) permite abordar a apropriação do conhecimento pela organização. Mas a aprendizagem envolve mais do que a criação do conhecimento individual, abrangendo sua utilização e institucionalização na organização. O resultado da aprendizagem organizacional é a aquisição de uma nova competência: uma habilidade de aplicar novos conhecimentos para melhorar a performance de uma atividade presente ou futura. Portanto, está implícito neste trabalho o pressuposto de que as competências estão relacionadas com a aprendizagem organizacional. Apesar de alguns autores terem mostrado que há uma relação entre competências e aprendizagem, poucos estudos empíricos trazem evidências que a sustentem. Visando superar o desafio, este trabalho teve por objetivo analisar os processos de aprendizagem organizacional ocorridos em duas instituições de ensino superior a partir da oferta de Cursos Superiores de Tecnologia (CST) e sua respectiva demanda por determinadas competências organizacionais (novas ou não). O setor da educação profissional foi escolhido para a realização dos estudos de caso. A construção teórica buscou articular elementos conceituais inerentes às categorias competências e aprendizagem organizacional. Percebeu-se que para avançar no conhecimento sobre os temas, era necessário correlacioná-los com mudança e circulação do conhecimento no nível organizacional. A desconstrução das competências desenvolvidas pelas instituições de ensino foi o caminho encontrado para descortinar os processos de aprendizagem e verificar a convergência entre os conceitos. Quanto à metodologia, a natureza da pesquisa foi exploratória, tendo abordagem qualitativa, método de estudo de caso múltiplo, e perspectiva temporal longitudinal. A análise dos dados mostrou que os conhecimentos gerados foram incorporados a ponto de comporem o senso comum dos integrantes das organizações estudadas, ou seja, foram institucionalizados. As mudanças ocorridas na articulação dos recursos foram profundas, envolvendo inclusive mudanças nos valores organizacionais. Tais fatos permitiram constatar que a aprendizagem deu-se no nível organizacional. Algumas competências, desenvolvidas anteriormente aos eventos de implantação dos novos cursos, foram mantidas, enquanto que outras foram alavancadas e construídas. A oferta dos CSTs foi estabilizada e incorporada nos planos futuros da organização, mostrando que práticas e rotinas tornaram-se um padrão estável. As teorias institucional e de cultura organizacional foram evocadas para auxiliar tal análise. No capítulo final são sumariados os principais achados da pesquisa e são sugeridas pesquisas futuras neste campo. Entende-se assim, que houve uma contribuição efetiva na teorização sobre aprendizagem organizacional no Brasil, a qual foi sustentada por pesquisa empírica. / In the organizational environment, this study approaches competences and learning from the resources perspective (Resources Based View). However, in spite of the several studies already done on learning, many challenges are still being discussed. Even though there is not a theory or model widely accepted (FIOL; LYLES, 1985), there are points of consensus in the literature. Among them: the one which states that organizational learning is essential for the comprehension of how organizations develop along time. The discussion on knowledge is a main issue as far as the debate on learning is concerned. Organizational learning, as a lens (PRANGE, 2001) allows us to approach the appropriation of knowledge by the organization. Yet, learning involves more than the creation of individual knowledge, including its utilization and institutionalization in the organization. The result of organizational learning is the acquisition of a new competence: an ability to apply new knowledge to improve the performance of a present or future activity. Therefore, the assumption that competences are related to organizational learning is implied in this work. Despite the fact that some authors have shown that there is a relationship between competences and learning, few empirical studies bring evidences that support it. In an attempt to overcome this challenge, this work was aimed at analyzing the organizational learning processes which occurred in two Higher Education Institutions following the offer of Higher Education Technological Courses and its respective demand by determined organizational competences (either new or not). The sector of professional education was chosen to hold the case studies. The theoretical construction has attempted to articulate conceptual elements inherent to the competences and organizational learning categories. I have realized that to advance in the knowledge of the themes it was necessary to correlate them with change and circulation of knowledge in the organizational level. The deconstruction of the competences developed by the Higher Education Institutions was the path I have found to unveil the learning processes as well as to verify the convergence between the concepts. As for the methodology, the nature of the research was exploratory, with a qualitative approach, multiple case study method and longitudinal time perspective. The data analysis has shown that the knowledge generated has been incorporated up to the extent of building the common sense of the members of the organizations studied, that is, it was institutionalized. The changes which occurred in the resources articulation were significant, involving changes even in the organizational values. Such facts have made us realize that learning has happened in the organizational level. Some competences developed before the events of implantation of the new courses were maintained while others were constructed. The offer of Higher Education Technological Courses was stabilized and incorporated to the future plans of the organization, showing that practices and routines have become a stable pattern. Institutional and organizational culture theories have been evoked to support such analysis. In the last chapter, I have summarized the main findings of the research. Also, some future researches in this field are suggested. Thus, I believe that there has been an effective contribution to the theory concerning organizational learning in Brazil, which has been supported by empirical research.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-17102007-160130 |
Date | 28 August 2007 |
Creators | Adriana Roseli Wünsch Takahashi |
Contributors | Andre Luiz Fischer, Bruno Henrique Rocha Fernandes, Maria Tereza Leme Fleury, Moacir de Miranda Oliveira Júnior, Clovis Luiz Machado da Silva |
Publisher | Universidade de São Paulo, Administração, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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