La présente thèse vise à réfléchir sur les actions éducatives qui ont pour but de promouvoir la « sociabilité démocratique » - l’une des directives actuelles de la scolarisation au Brésil - à partir de l’investigation sur les impasses relatives au lien fraternel et de l’affirmation selon laquelle l’école peut être comprise en tant que d ispositif sociétal impliqué dans ce que nous appelons « socialisation du narcissisme ». Pour ce faire, trois lignes de travail sont développées. La première, consacrée aux vicissitudes des fratries, part du débat établi entre Einstein et Freud en 1932 sur les « puissantes forces psychologiques » qui agissent dans le sens d’entraver le rêve d’une vie commune moins marquée par la haine et par la ségrégation. L’objectif ici est de reprendre ce débat et de reconstituer le mythe freudien de l’origine de la culture pour soutenir que l’approfondissement d’une éthique fraternelle exige que nous prenions en compte l’antagonisme insurmontable sur lequel la relation entre semblables est basée La deuxième ligne de travail cherche à récupérer dans les théories de Claude Lefort et Cornelius Castoriadis certaines notions qui nous aident à comprendre ce qu´ implique, pour l'expérience politique de l´Occident, l'invention démocratique. La troisième ligne de travail, enfin, cherche à mettre en évidence le caractère nécessaire de la participation du semblable dans le processus de subjectivation de l’être humain. Si dans un premier moment Freud nous a aidé à constituer un cadre de références pour l’interprétation des ambivalences et de la fragilité du lien fraternel, l’objectif maintenant est de montrer comment le conflit du sujet avec son semblable peut être compris à travers l’analyse des processus identificatoires requis dans ce processus de subjectivation. Pour cela, nous faisons recours à l’essai Le stade du miroir, de Lacan, et à quelques écrits de l’écrivaine brésilienne Clarice Lispector. / Esta tese busca refletir sobre as ações educativas que têm como fim a promoção da “sociabilidade democrática” – uma das diretrizes da escolarização no Brasil. Parte-se, para isso, de uma reflexão sobre os impasses relativos ao laço fraterno e da afirmação de que a escola pode ser compreendida como um dispositivo societário implicado com o que denominamos, na companhia da psicanalista Maria Rita Kehl, de “socialização do narcisismo”. Três linhas de trabalho são, para isso, requeridas. A primeira, dedicada à investigação dos impasses do laço fraterno e às vicissitudes das fratrias, tem como ponto de partida o debate estabelecido entre Einstein e Freud, em 1932, sobre os “fatores psicológicos de peso” que atuam no sentido de dificultar – ou até mesmo de inviabilizar – o sonho de uma vida em comum menos marcada pelo ódio, pelos preconceitos e pela segregação. O objetivo, aqui, é recuperar esse debate e reconstituir o mito freudiano da origem da cultura para dele extrair uma diferença que aparece em filigranas no pensamento de Freud: se a horda primitiva nos remete a uma massa de indivíduos indiferenciados entre si porque subjugados à violência e ao autoritarismo do pai primevo, a comunidade fraterna, por outro lado, remete-nos a relações sociais mediadas pela autoridade da Lei simbólica e, por isso, marcadas pela rivalidade e pela agressividade entre semelhantes Como pensar, então, o aprofundamento de uma ética fraterna quando afirmamos que as relações numa fratria são atravessadas por um antagonismo constitutivo e, por isso, intransponível? A segunda linha de trabalho busca resgatar das teorias de Claude Lefort e de Cornelius Castoriadis algumas noções que nos ajudam a compreender o que implica, para a experiência política do Ocidente, a invenção da democracia. Na terceira linha de trabalho, finalmente, destaca-se o caráter necessário da participação do semelhante no processo de subjetivação do rebento humano. Se num primeiro momento o estudo das obras socioantropológicas de Freud ajudou-nos a constituir um quadro de referências para a interpretação das ambivalências e da fragilidade do laço fraterno, o objetivo agora é mostrar como a conflitiva do sujeito com o semelhante pode ser compreendida por meio da análise dos processos identificatórios requeridos nesse processo de subjetivação. Para isso, realizo um mergulho simultâneo no ensaio O estádio do espelho como formador da função do eu, de Lacan, e na obra A paixão segundo G.H., da escritora Clarice Lispector. / The aim of this thesis is to reflect upon educational actions whose purpose is to promote “democratic sociability” – one of the directives of schooling in Brazil – from the investigation on the impasses related to fraternal bond and the assertion that school can be understood as a societal system associated with what we call the "socialization of narcissism". For this, two lines of work are being developed. The first one, dedicated to the investigation on the impasses of fraternal bond and the vicissitudes of phratries, starts from the debate between Einstein and Freud in 1932 on "psychological factors of weight" that act in the sense of hindering the dream of a life in common less marked by hatred and segregation. The aim here is to recover this debate and reconstitute the Freudian myth of the origin of culture to support that the further development of a fraternal ethic requires that we take into account the insurmountable antagonism on which the relation among fellow creatures is based The second line of work seeks to rescue from the theories of Claude Lefort and Cornelius Castoriadis some notions that help us to understand what the democratic invention implies for the political experience of the West. As to the third line of work, what is sought is to highlight the necessary character of the participation of the fellow creature in the process of subjectivation of the human being. If, at the beginning, the study of Freud's socio- anthropological works helped to provide a framework of references for the interpretation of ambivalences and the fragility of the fraternal bond, the objective is now to show how the conflict of the subject with the fellow creature can be understood through the analysis of the identifying processes required in this process of subjectivation. In order to achieve this, the essay Le stade du miroir by Lacan and some writings by Clarice Lispector are used.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/183229 |
Date | January 2018 |
Creators | Souto, Luís Adriano Salles |
Contributors | Moschen, Simone Zanon, Lajonquière, Leandro de |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Unknown |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0028 seconds