Este estudo situa-se na interface de duas áreas específicas: a comunicação, concretamente do jornalismo, e os estudos de gênero. O principal objetivo nesta pesquisa foi analisar como os jornais de Cabo Verde representam a violência de gênero contra as mulheres, no intuito de se perceber a importância e o destaque que atribuem ao tema. Para tanto, foram analisadas 134 matérias jornalísticas, publicadas nos jornais A Semana, Expresso das Ilhas e A Nação no período compreendido entre 2000 e 2010. O referencial teórico que suportou as discussões feitas sobre o tema assentam nas teorias construcionistas do jornalismo, designadamente na teoria do agendamento, bem como nos estudos de gênero e ainda em alguns estudos análogos sobre violência de gênero na mídia. Utilizou-se a análise de conteúdo como metodologia de pesquisa de forma a alcançar os objetivos específicos propostos: mapear a frequência (ou a ocorrência) da cobertura jornalística sobre violência de gênero contra as mulheres nos jornais cabo-verdianos - jornais A Semana, Expresso das Ilhas e A Nação - ao longo do período de 2000 e 2010; descrever as características da cobertura jornalística feita por esses jornais sobre a violência de gênero contra as mulheres; analisar a importância (ou prioridade) e o destaque atribuídos ao tema no período entre 2000 e 2010; refletir sobre o papel dos jornais de Cabo Verde no agendamento de discussões sobre o tema junto da sociedade cabo-verdiana. Da análise feita, concluiu-se que a temática da violência de gênero contra as mulheres figura como notícia nos jornais cabo-verdianos, essencialmente, associada a atos reais desse tipo de violência, mas a imprensa escrita tende a tratar a questão com superficialidade e sem aprofundamento de um problema social. Essa forma de tratamento privilegiado pelos jornais é atestada pelo predomínio de fontes policiais, pelo relato extremamente factual, motivado por histórias individuais, pouco contextualizadas, com baixa presença de opiniões divergentes, e pouquíssimos dados (estéticas, leis, políticas públicas, serviços de apoio e denúncia existentes). A cobertura feita pelos jornais permite concluir ainda que os veículos impressos estudados não agendam discussões junto da sociedade que permitem um conhecimento mais aprofundado do fenômeno da violência contra as mulheres e se abstêm do papel de controle social, no sentido de fiscalizar e cobrar do Estado políticas públicas para se pôr cobro ao problema. / This study lies at the interface of two specific fields: communication, particularly journalism, and the studies of gender. The main objective in this research was to analyze how Capeverdean newspapers represent gender-based violence against women in order to understand the importance and the prominence that they attach to the issue. Thus, we analyzed 134 articles, published in the newspapers A Semana, Expresso das Ilhas and A Nação in the period between 2000 and 2010. The theoretical framework that supported the discussions on the subject is based on constructionist theories of journalism, particularly the theory of agenda-setting, as well as in gender studies and even in some similar studies on gender violence in the media. We used content analysis as a research methodology in order to achieve the proposed specific objectives: to map the frequency (or occurrence) of coverage on gender-based violence against women in the Capeverdean newspapers – A Semana, Expresso das Ilhas and A Nação - between 2000 and 2010; to describe the characteristics of the coverage made by these newspapers on gender-based violence against women; to analyze the importance (or priority) and the prominence given to the issue between 2000 and 2010; to reflect on the role of newspapers in Cape Verde in scheduling discussions on the subject with the Capeverdean society. From the analysis it was concluded that the Capeverdean newspapers published news about gender-based violence against women, essentially, associated with real acts of violence, but the press tends to treat the issue superficially and without a deep exploration of it as a social problem. This form of privileged treatment by the newspapers is attested by the prevalence of police sources, the extremely factual report, driven by individual stories, less contextualized, with low presence of divergent opinions, and very few data (statistics, laws, policies, supporting services and existing complaints). The newspapers coverage of the issue suggests that the print media has not scheduled discussions with the society that allow a deeper understanding of the violence phenomenon against women and eschews from the role of social control, in order to monitor and call for public policies from the State to put an end to the problem.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/40236 |
Date | January 2012 |
Creators | Fernandes, Isis Cleide da Cunha |
Contributors | Fonseca, Virginia Pradelina da Silveira |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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