[pt] Quando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) surgiu com a proposta federal de determinação do conteúdo mínimo do ensino básico para todos os estados, esperava-se a consolidação da prática educacional realizada até então. Todavia, no caso da disciplina de História na primeira versão documental, foi o contrário, tendo sido proposto uma mudança significativa, onde a História brasileira foi centralizada em detrimento da organização voltada ao ensino de História europeia. Como resultado, reações contrárias surgiram na sociedade, principalmente entre historiadores e colunistas de jornais de grande circulação. Os críticos argumentaram, majoritariamente, que a BNCC era nacionalista e a diminuição de espaço da História europeia resultaria em perdas de valores e conhecimento necessários para a cidadania desejada. Essa versão não resistiria às críticas, tendo a segunda proposta retornado ao modelo tradicional. O fim do debate não diminuiu a significância da primeira versão, a qual deu notoriedade a um embate sobre as visões do ensino de História e da própria História nacional. É com essa discussão que iniciamos nossa pesquisa, tendo como proposta compreender o contexto e significado do embate. Entendemos que é possível encontrar uma linha argumentativa entre defensores e críticos da Base ao analisarmos pelo viés de priorização entre uma educação focada na universalidade e outra na nação. Para tal, mobilizamos o debate entre universalismo e comunitarismo como aporte teórico, o qual permite que, além de entender o debate, possamos ter três enquadramentos para analisar debates acerca de currículos. São esses: universalistas,
de coesão social e multiculturalismo. Enquanto o primeiro prioriza o ensino de valores e/ou habilidades consideradas universais, o segundo foca na criação do comum entre os cidadãos para a formação nacional e, por fim, o terceiro privilegia as relações internas nos países, principalmente a elevação de grupos minoritários políticos. Com essa estrutura, é possível analisarmos o contexto prévio a BNCC, para tal focamos na história do ensino de História e nos currículos estaduais. De tal forma, é possível que entendamos tanto o histórico quanto o momento anterior à BNCC, o qual seria drasticamente modificado pela proposta. Como ponto de comparação, realizamos o mesmo estudo com materiais norte-americanos, país que acreditamos possuir semelhança na formação nacional escravocrata e diferenças no desenvolvimento governamental que permite bom contraponto. O estudo desse material, como o texto
da própria Base, foi pautado na análise qualitativa e quantitativa de três questões centrais: (a) a periodização da História nacional, com foco em eventos considerados formadores do país; (b) a representação de grupos étnico-raciais, e (c) o espaço destinado a História Geral. Com o trabalho realizado, pudemos entender como o embate em torno da BNCC é um processo comum em uma nação democrática onde a sociedade, que possui grupos com interesses e visões distintos, dialoga com o Estado na formação do currículo escolar. O ensino, que surgiu com viés nacionalista, continua central na formação dos novos cidadãos, apesar de mudanças na sua organização. Por isso, é preciso reconhecer as possibilidades de futuros embates e entender seu valor no desenvolvimento de uma sociedade reflexiva sobre sua própria formação. / [en] When the Base of National Common Curriculum (BNCC) came up as the federal proposal to determine the minimum content of education for all states, it was expected to consolidate of the educational practice carried out until then. However, in the case of History in the first version, it was the opposite, with a significant change being proposed, in which Brazilian history was centered at the expense of the centrality of teaching European history. As a result, contrary reactions have arisen in society, especially among historians and columnists of widely circulated newspapers. Critics argued, for the most part, that the BNCC was nationalist and the diminishing space in European history would result in losses of values and knowledge necessary for the desired citizenship. This version could not withstand criticism, with the second
proposal returning to the traditional model. The end of the debate did not diminish the significance of the first version, which gave notoriety to a clash over the visions of history teaching and of national history itself. It is with this discussion that we begin our research, with the purpose of understanding the context and meaning of the dispute. We understand that it is possible to find an argumentative line between defenders and critics of the Base when we analyze it through the prioritization bias between an
education focused on universality and another on the nation. To this end, we mobilized the debate between universalism and communitarianism as a theoretical contribution, , in addition to understanding the discussion, allows us to have three frameworks to analyze debates about curricula. These are: universalists, social cohesion and multiculturalism. While the first prioritizes the teaching of values and/or skills considered universal, the second focuses on creating common among citizens for national formation and, finally, the third favors internal relations in countries, especially the elevation of minority political groups. With this structure, it is possible to analyze the context prior to BNCC, for this we focus on the history of History teaching and on the state curricula. In such a way, it is possible that we understand both
the history and the moment before the BNCC, which would be drastically modified by the proposal. As a point of comparison, we carried out the same study with US curricula, a country that we believe has a similarity in the national slave formation and differences in governmental development that allows a good counterpoint. The study of this material, like the text of the Base itself, was based on a qualitative and
quantitative analysis of three central issues: (a) the periodization of national history, with a focus on events considered to be forming the country; (b) the representation of ethnic-racial groups, and (c) the space for World History. With the work done, we were able to understand how the clash over the BNCC is a common process in a democratic nation where society, which has groups with different interests and views, dialogues with the State in the formation of the school curriculum. Education, which emerged with a nationalist bias, remains central to the training of new citizens, despite changes in their organization. Therefore, it is necessary to recognize the possibilities of future conflicts and to understand their value in the development of a reflective society about
their own formation.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:53096 |
Date | 02 June 2021 |
Creators | LORENA MARINA DOS SANTOS MIGUEL |
Contributors | MARCELO TADEU BAUMANN BURGOS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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