Em relação ao vestuário utilizável pelo público vegano (indivíduos que se abstêm, por motivos éticos e/ou ideológicos, na medida do possível, do consumo de produtos e serviços provenientes do reino animal), há diversas alternativas sintéticas aos materiais de origem animal que os substituem em suas funções práticas, estéticas e/ou simbólicas. De arremedos burlescos a imitações fidedignas da realidade, simulacros de peles, penas, pelos, ossos e secreções de animais, à primeira vista, de perto, de longe e/ou aos olhos de leigos, em diferentes graus de realismo, figuram aspectos estéticos e sensoriais que os tornam difíceis de serem distinguidos de genuínos materiais de origem animal. Neste contexto, o presente estudo concerne uma investigação qualitativa exploratória de caráter sobretudo fenomenológico, acerca da reflexão sobre a problemática de possíveis implicações conceituais e práticas mais notáveis, sob o enfoque ético, estético, sociológico, semiótico e prático, da ideia de simulacro, emulação e cópia de materiais de origem animal e/ou que façam referência, alusão ou evoquem aspectos exteriores de corpos de animais em vestuário de veganos. Para tanto, a partir de levantamentos de comentários de usuários veganos em redes sociais da internet, aplicação de questionários e entrevistas em profundidade com usuários, ativistas do movimento vegano e especialistas teóricos, espera-se, com esta contribuição, iluminar os campos do design de moda, do veganismo e, consequentemente, dos direitos dos animais. Alguns dos resultados desta investigação sugerem, por exemplo, que, enquanto, para alguns usuários, o recurso a alternativas consideradas como veganas seria aceitável pelo fato de substituírem atributos funcionais, estéticos e até afetivos de roupas e acessórios diretamente associados, por eles, a sofrimento, para outros usuários, seria objeto de reprovação. Segundo parte dos respondentes, devido ao razoável grau de fidedignidade de vários destes simulacros, o mero uso deste tipo de material artificial resultaria pouco aceitável por ser insuficientemente discernível de materiais derivados de corpos de animais. Nestes casos, esta verossimilhança poderia, segundo eles, indiretamente promover a ideia de que o uso de materiais de origem animal seria admissível, contribuindo, assim, para estimular o consumo de vestuário não condizente com a ideologia que adotam / In the cathegory of clothing which can be worn by the vegan public that is, by those who abstain as much as possible from consuming products and services of animal origin for ethical and ideological reasons there are various synthetic alternatives to materials of animal origin which fulfill the practical, aesthetic and/or symbolic functions. From burlesque copies to reliable imitations, like those of leather, feathers, fur, bones and animal secretionswith different degrees of realism, they haveat first, up close, or from a distance and/or to the eyes of laypeople, aesthetic and sensorial aspects that make it difficult to distinguish from genuine materials of animal origin. This study is a qualitative, exploratory, phenomenological investigation about the problematic of some of the most notable possible conceptual and practical implications, from the practical, aesthetic, philosophical, sociological and ethical viewpoints, of the idea of imitation, emulation and copying of materials of animal origin or materials which make a reference or allusion to, or which evoke exterior aspects of, animals bodies in vegans\' clothing.To this end, based on searches for vegan users comments in online social media, questionnaires and in-depth interviews with users, vegan movement activists and theoretical specialists (like ethics philosophers and designers specializing in ethical fashion), the aim of this study, based on conclusions obtained through analysis of these different points of view, is to illuminate the fields of fashion design, veganism and consequently, animal rights. Results of this investigation suggest, for instance, that for some users, making use of alternatives considered vegan would be an acceptable practice because they would replace functional, aesthetic and even affective attributes of clothing and accessories that such users otherwise associate with pain, while for other users this option would be objectionable. According to some respondents, due to the reasonably high level of visual similarity of various types of such simulacra, merely employing these animal byproducts would be considered less acceptable, given their insufficiently discernible distinction from animal-body materials. In such instances, they felt this verisimilitude could indirectly foster the idea that the use of such animal-origin material would be acceptable, therefore contributing to promoting the consumption of clothing of a type which is against the principles they adopt
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-15022017-101354 |
Date | 19 December 2016 |
Creators | Gabriella Ribeiro da Silva e Araujo |
Contributors | Luís Cláudio Portugal do Nascimento, Denise Dantas, Maria Eduarda Araujo Guimarães, Valéria Barbosa de Magalhães |
Publisher | Universidade de São Paulo, Têxtil e Moda, USP, BR |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0028 seconds