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Da perda implicada no registro : foto-grafando numa oficina terapêutica

A experiência que sustenta as reflexões contidas nesta dissertação se desenrolou em uma oficina de fotografia que aconteceu num centro de atenção diária de uma instituição psiquiátrica da cidade do Rio de Janeiro. Partindo da definição etimológica da foto-grafia como uma escrita com a luz, nos perguntamos sobre as relações possíveis entre o fotografar e o escrever. As oficinas terapêuticas – um território híbrido onde está em jogo o encontro entre vários saberes (Rickes) – configuram-se como o campo para a nossa experiência. Participaram da Oficina de Fotografia pacientes adultos usuários deste serviço e a proposta consistiu em convidá-los a fotografar a partir de três eixos temáticos: o escrever, a instituição que abriga a oficina e a cidade. Este trabalho está estruturado a partir de três principais seções. No primeiro capítulo, apresentamos a instituição, o desenrolar da proposição da Oficina neste espaço de tratamento, e nos perguntamos se esta intervenção teve o efeito de produzir uma desacomodação nas práticas já instituídas. Para articular esta hipótese, utilizamos os conceitos de studium e punctum segundo os formulou Barthes. Na segunda seção, procuramos delinear uma definição possível para a imagem como uma superfície que não é apenas plana (Didi- Huberman), mas que pode se apresentar como porosa. Tomamos para isso a noção proposta por Rivera de que o imaginário pode se desdobrar em imagem-muro e imagem-furo. A possibilidade de manter uma pulsação entre estas duas formas de imagem nos remete de volta ao oficinar e aos impasses que este fazer engendra, seja no sentido de se manter fechado, quanto de se abrir a novas experimentações. A partir da interrogação sobre como ler as imagens e os textos produzidos ao longo da Oficina, buscamos a referência freudiana como base para a nossa postura ética frente a este material. Neste sentido, não fizemos uma análise do conteúdo das fotografias e escritos, nem nos debruçamos sobre a biografia dos pacientes. Construímos pequenos ensaios que contam a trajetória de cada um com o fotografar nesta Oficina. Finalmente, na terceira seção desenvolvemos, a partir das contribuições de Freud e Lacan, o tema que parece costurar as experiências singulares, a saber, a pergunta sobre o que é um registro. O registrar implica a perda, e é esta assertiva que insiste de várias formas diferentes ao longo deste relato. / The experiment that supports the reflections contained in this dissertation occurred during a photography workshop that was held at a day-care center in a psychiatric institution in the city of Rio de Janeiro. Based on the etymological definition of photography as a form of writing with light, we question ourselves as to the relationships that are possible between photographing and writing. The therapeutic workshops – a hybrid territory in which the meeting of various areas of knowledge is at play (Rickes) – are structured as the field for our experiment. Adult patients that are users of this service participated in the photography workshop. The objective was to invite them to take photos based on three central themes: the act of writing, the institution that houses the workshop, and the city. This study is structured into three main sections. In the first section, we present the institution and the development of the workshop’s scheme within this treatment site. We asked ourselves whether this intervention disrupted previously established practices. In order to articulate this hypothesis, we used the concepts of studium and punctum as formulated by Barthes. In the second section, we seek to define an image as a surface that is not only plane (Didi-Huberman), but also porous. In order to do this, we employ the notion proposed by Rivera that imagined reality could be broken down into an image-wall and an image-hole. The possibility of maintaining a kind of pulsation between these two forms of images brings us back to workshopping and to the impasses that such an undertaking engenders in the sense of keeping oneself either closed or open to new experimentation. Starting with the question of how to interpret the images and texts produced during the workshop, we sought to employ the Freudian concept as the basis of our ethical stance concerning this material. In this sense, we neither analyzed the content of the photos and compositions, nor concerned ourselves with the patients’ biographies. We composed brief essays on each patient’s experience with photography in the workshop. Finally, based on the contributions of Freud and Lacan, in the third section we develop the issue that seems to connect the individual experiences: What is a register? The act of registering implies a loss; and this is a statement that appears in various manners throughout this essay.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/14845
Date January 2008
CreatorsMosena, Thoya Lindner
ContributorsMoschen, Simone Zanon
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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