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A loucura interroga a gestão : subjetividade e saúde mental na era do trabalho imaterial

O presente trabalho nasce das inquietações produzidas a partir de uma experiência disparadora, em um serviço substitutivo de Saúde Mental no litoral norte do Rio Grande do Sul. Para acompanhar os processos em produção e desdobrar o que pode ser visualizado ali, utilizamos uma inspiração cartográfica, método criado por Gilles Deleuze e Félix Guattari. Discutimos, assim, as possibilidades da loucura como potência intercessora dos processos de trabalho presentes no capitalismo tardio, especialmente o trabalho em saúde mental. Primeiramente, passamos em revista nosso conceito de saúde e como este se chocava frontalmente com o entendimento hegemônico tradicional ainda presente no nosso campo de atuação; discutimos os paradigmas biomédicos e psicossociais, o nascimento da medicina moderna em Foucault e as formas de tutela, dominação e controle sobre os corpos nascidas destas, contrastando com o entendimento de saúde como capacidade normativa e de assumir riscos de adoecimento de Canguilhem. Em seguida, teorizamos a transição no mundo do trabalho, que passa do modelo de gestão taylorista ao modelo imaterial, este típico do Império; se no taylorismo corpos eram dominados invisibilizando a subjetividade presente na atividade, na era imaterial, por outro lado, é a subjetividade que é posta a trabalhar biopoliticamente; teorizamos, ainda, as formas de poder e resistência possíveis neste processo, que tem a guerra permanente como modelo de gestão do biopoder imperial; buscando juntar forças à loucura, agregamo-nos com os conceitos de multidão, forma imanente ao Império e o Nomadismo e forma imanente à dominação estatal. No terceiro capítulo, ampliamos a noção de gestão do trabalho e da atividade da vida, entendendo-a como uma dobra pensada não somente como as prescrições inerentes ao trabalho, mas como o laborioso uso de si entre as dobras presentes na produção subjetiva do trabalhador e do trabalho embaralhada com a potência intercessora da loucura. No último capítulo retornamos ao campo do trabalho em saúde mental para ver como o trabalho, que opera diretamente com a loucura, estabelece essa relação no espaço, mesmo desta transição do mundo do trabalho e da mudança de paradigma do cuidado em saúde. Concluímos que há de se cuidar, nessa passagem do taylorismo ao imaterial, das sociedades disciplinares às de controle, para escaparmos da serialização massificante das formas hegemônicas tradicionais e da constituição de redes frias, produtoras do mesmo na lógica imaterial. Trabalhar com a loucura é um trabalho afetivo, que permite desburocratizar e esquentar as redes de cuidado. / This work arises from concerns produced from a triggering experience in a substitute Mental Health service on the northern coast of Rio Grande do Sul. In order to monitor production processes and unfold which can be viewed here, use a cartographic inspiration, method created by Gilles Deleuze and Félix Guattari. Thus, we discuss the possibilities of madness as intercessory power of work processes present in late capitalism, especially the mental health work . First, we review our concept of health and how it clashed sharply with the traditional hegemonic understanding still present in our field; discussed the biomedical and psychosocial paradigms, the birth of modern medicine in Foucault and the forms of tutelage and domination control over the bodies of those born, contrasting with the understanding of health as a normative and capacity to take risks of illness with Canguilhem. Then we theorize the transition of the work in the world, which passes from the Taylor model to the immaterial model, this typical of the Empire; if the bodies were dominated in the Taylorism making the subjectivity invisible in the activity, at the immaterial era, on the other hand, is the subjectivity that is put to work biopolitically; we also theorize the forms of power and the possible resistance to this process which has permanent war as management of imperial biopower model, seeking to join forces to madness, add us to the concepts of Crowd, immanent to Empire and Nomadism the immanent way to the state domination. In the third chapter, we extend the notion of managing work and life activity, understanding it as a fold designed not only as the requirements inherent in the job, but as the laborious use of themselves into the folds present in worker output and subjective work, shuffled with the intercessory power of madness. In the last chapter we return to the field of mental health work to see how the work that operates directly with madness establishes this relationship, even within this transition from the working world and paradigm shift in healthcare. We conclude that we have to take care in this passage from Taylorism to the Immaterial, from disciplinary to control societies, intending to escape the massifying serialization of traditional hegemonic forms and establishment of cold chains, producing the same, as shown in the immaterial logic. Working with madness is an affective labor, which allows heat and less bureaucratic networks of care.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/101402
Date January 2014
CreatorsNogueira, Cássio Streb
ContributorsPaulon, Simone Mainieri
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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