[pt] Há mais de três décadas, as operações policiais direcionam o uso de recursos pelo
Governo do estado do Rio de Janeiro, encontrando na política de drogas uma das suas
maiores agendas. Angariando os recursos do léxico neoliberal da punição e do autoritarismo
mundialmente emergentes, intensificam a relação entre exclusão territorial e violência, pela
via da criminalização e da matança, que são regra na gestão pública em territórios de favelas.
Orgânica às políticas urbanas em grandes centros, essa relação tem renovado a doxa das
colonialidades, fixando as fronteiras raciais das precariedades através da matriz da
espetacularização, da brutalidade e da descartabilidade antinegras. No complexo
organograma de agências que têm tornado as operações policiais não só possíveis, como
também centrais para o projeto que concluem, o judiciário e, especialmente, juízes/as têm
assumido papel de cada vez maior protagonismo. Por isso, nesta tese, pesquiso o papel da
magistratura nas operações policiais em favelas da zona norte do Rio de Janeiro, a partir de
quinze ações penais envolvendo os crimes da Lei de drogas (Lei 11.343/2006), que
anunciaram este contexto, foram sentenciadas no primeiro semestre de 2019 e tramitaram
na comarca da capital do TJRJ. Considero essas operações como instrumentos da gestão
urbano racializada na cidade do Rio, que adere aos termos das atuais políticas de inimizade
(MBEMBE, 2020), bem como explicita o conteúdo da soberania branca que essas elites
mantém pela via da atividade judicial cotidiana. No primeiro capítulo, recupero a genealogia
da magistratura a partir do marco dos estudos decoloniais e afrodiaspóricos em uma revisão
bibliográfica. Depois, me utilizando da etnografia documental, analiso os dados empíricos
para estudar o modo como discursividades produziram narrativas sobre territórios de favelas
(capítulo 02) e sujeitos (capítulo 03). Discursos esses que desvelam a relação entre a
governabilidade das operações e o pacto narcísico da branquitude, que têm possibilitado, à
magistratura, ser uma das principais agências responsáveis pela soberania necropolítica em
nosso território. / [en] For more than three decades, police operations have directed the use of resources by
the Government of the state of Rio de Janeiro, having drug policy as one of its biggest agents.
Raising the resources of the neoliberal lexicon of punishment and authoritarianism emerging
worldwide, they intensify the relationship between territorial exclusion and violence, through
criminalization and killing, which are the rule in favela territories. Organic to urban policies in
large centers, this relationship binomial has been renewing, here, the doxa of colonialities,
fixing the racial boundaries of precariousness through the matrix of spectacularization,
brutality and anti-black disposability that the project rearticulates. In the complex
organizational chart of agencies that have made police operations not only possible, but also
central to the project they complete, the judiciary and, especially, judges have assumed an
increasingly prominent role. Therefore, in this thesis, I research the role of the judiciary in
police operations in favelas in the north zone of Rio de Janeiro, based on fifteen criminal cases
involving crimes under the Drug Law (11.343/2006) which announced this context, were
sentenced in the first half of 2019 and processed in the judicial district of the capital of TJRJ.
I consider this policy as an instrument of racialized urban management in the city of Rio, which
adheres to the terms of the current policies of enmity (MBEMBE, 2020), as well as explains
the content of white sovereignty that these elites maintain through everyday judicial activity.
In the first chapter, I recover the genealogy of this bureaucracy, from the framework of
decolonial and afrodiasporic studies in a bibliographic review. Then, I bring the empirical data,
which I mobilize through documental ethnography, to study the way in which discursivities
produced narratives about favela territories (chapter 02) and subjects (chapter 03). These
discourses reveal the relationship between the governability of operations and the narcissistic
pact of whiteness, which have made it possible for the judiciary to be one of the main agencies
responsible for the management of necropolitical sovereignty in our territory. / [es] Durante más de tres décadas, los operativos policiales han dirigido el uso de recursos por
parte del Gobierno del estado de Río de Janeiro, encontrando en la política de drogas uno de
sus mayores agentes. Aprovechando los recursos del léxico neoliberal de castigo y
autoritarismo emergente a nivel mundial, intensifican la relación entre la exclusión territorial y
la violencia, a través de la criminalización y el asesinato, que son la regla en los territorios de
las favelas. Orgánica a las políticas urbanas en los grandes centros, esta relación ha
renovado, aquí, la doxa de las colonialidades, fijando las fronteras raciales de la precariedad
através de la matriz de espectacularización, brutalidad y desechabilidad antinegra que
rearticula el proyecto. En el complejo organigrama de las agencias que han hecho que las
operaciones policiales no solo sean posibles, sino también fundamentales para el proyecto
que llevan a cabo, el poder judicial y, especialmente, los jueces han asumido un papel cada
vez más destacado. Por lo tanto, en esta tesis, investigo el papel del poder judicial en los
operativos policiales en las favelas del norte de Río de Janeiro, a partir de quince casos
penales que involucran delitos tipificados en la Ley de Drogas (11.343/2006), que anunció
este contexto, fueron sentenciado en el primer semestre de 2019 y procesado en el distrito
de la capital de TJRJ. Considero esta política como un instrumento de gestión urbana
racializada en la ciudad de Río, que se adhiere a los términos de las actuales políticas de
enemistad (MBEMBE, 2020), además de explicar el contenido de la soberanía blanca que
estas élites mantienen através de la actividad judicial cotidiana. En el primer capítulo recupero
la genealogía de esta burocracia, desde el marco de los estudios decoloniales y
afrodiaspóricos en una revisión bibliográfica. Luego, utilizando la etnografía documental,
analizo los datos empíricos para estudiar la forma en que las discursividades produjeron
narrativas sobre los territorios de las favelas (capítulo 02) y los sujetos (capítulo 03). Estos
discursos revelan la relación entre la gobernabilidad de las operaciones y el pacto narcisista
de blanquitud, que han posibilitado que el poder judicial sea uno de los principales órganos
encargados de la gestión de la soberanía necropolítica en nuestro territorio.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:64046 |
Date | 20 September 2023 |
Creators | LUCIANA COSTA FERNANDES |
Contributors | MARCIA NINA BERNARDES |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Spanish |
Type | TEXTO |
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