[pt] Esta pesquisa tem como tema uma reflexão sobre cruzamento
entre corpo e
processo criativo nos percursos de Marcel Duchamp (1887-
1968) e Pablo Picasso
(1881-1973). Embora partilhem o mesmo período histórico,
suas trajetórias de
trabalho revelam distintas concepções de arte, bem como
modos diversos de
inserção nos domínios históricos e culturais. Como os
procedimentos operatórios
que estruturam os trabalhos artísticos se ligam a um
conjunto de criações e de
transferências de sentido que se constituem e se
metamorfoseiam na ação de cada
artista, este estudo encontra-se vinculado aos impasses e
às possibilidades
referentes aos processos civilizadores e de modernização.
A metáfora do corpo em
cada um dos artistas indica atitudes e reflexões quanto às
noções de adesão ou
distanciamento muito particulares e fecundas para a
compreensão da situação da
arte e da cultura hoje. Assim como a formação do simbólico
também se refere ao
modo como os homens se organizam material e
economicamente, à análise das
poéticas e estratégias diversificadas dos artistas em
questão, uniremos o exame
das condições do trabalho elaboradas quando do surgimento
e desenvolvimento da
modernidade, isto é, a lógica da emancipação da noção de
trabalho e a separação
entre ideação e execução.Tomamos por base o fato da obra
de Pablo Picasso e sua
noção de corpo fazer metáfora e constituir um espaço de
reversibilidade. A partir
da noção de metamorfose, da assimilação de princípios
construtivos da arte
primitiva e da releitura da história da arte, constatamos
a elaboração de um
conceito mais elástico de representação de corpo. A essa
busca dramática de
religar corpo e indivíduo fraturados a uma noção
impossível de modernidade,
Marcel Duchamp interpõe um corpo transformado em
mercadoria e fragmento. À
concepção de arte em Picasso, do indivíduo enredado à
linguagem corporal, Duchamp contrapõe a manifestação do
descolamento entre homem e linguagem
como se esta fosse a própria condição da criação: a de um
texto fraturado. / [fr] Cette recherche a pour but une réflexion sur l
intersection entre corps et
processus de création dans les parcours de Marcel Duchamp
(1887-1968) et Pablo
Picasso (1881-1973). Bien qu ils aient vécu le même moment
historique, leurs
travaux révèlent des conceptions distinctes de l art et
indiquent différentes prises
de positions sur les plans historique et culturel. Comme
les processus de création
opératoires qui structurent le travail artistique sont
constitués par un ensemble de
créations et de transferts de sens qui se constituent et
se métamorphosent dans
l action de chacun des artistes, cette étude est liée aux
impasses et aux possibilités
mises en place par les processus de civilisation et de
modernisation. La métaphore
du corps chez chacun de ces artistes indique des attitudes
et des réflexions quant
aux notions d adhésion ou de distance très particulières
et fécondes pour
comprendre l art et de la culture aujourd´hui. Ainsi,
comme la formation du
symbolique se réfère aussi à la façon dont les hommes s
organisent
matériellement et économiquement, ainsi qu à l analyse de
leurs poétiques et de
leurs stratégies diversifiées, nous examinerons surtout
sur les conditions modernes
du travail, c est à dire, la logique de l émancipation de
la notion actuelle de travail
et la séparation entre idéation et exécution, liées à l
avènement et au déploiement
de la modernité. Dans l ´uvre de Pablo Picasso, nous
constatons la constitution
d´un concept du corps comme métaphore et élaboration de
l´espace comme
réversibilité. La notion de métamorphose, l assimilation
de certains principes
constructifs de l art primitif et la relecture de
l´histoire de l art élaborent un
concept plus élastique de la représentation du corps. À ce
mouvement dramatique
de reconnecter le corps et l individu fracturés par la
modernité à une notion
impossible de totalité, Marcel Duchamp interpose un corps
devenu marchandise et
fragment. À la conception de l art chez Picasso, liée à la
position de l homme emmêlé au langage corporel, Duchamp
oppose la manifestation du décollement
entre le langage et les choses como si telle était la
condition elle-même de la
création: un texte fracturé.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:9129 |
Date | 11 October 2006 |
Creators | CARMEN SILVIA MAIA DE PAIVA |
Contributors | JOAO MASAO KAMITA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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