Entendendo a literatura como palco de exposição de impasses e de (re)elaboração da memória coletiva e individual, esta tese busca analisar a literatura brasileira aliando forma literária e processo histórico-social. Para isso, investigaremos dois romances, Onde andará Dulce Veiga? (1990), de Caio Fernando Abreu, e Benjamim (1995), de Chico Buarque, publicados já na redememocratização mas que dialogam com o nosso passado recente: a ditadura civil-militar. A partir do contraste entre esses romances, procura-se refletir sobre uma sequência na história da literatura brasileira que compreende a emulação de um processo histórico específico: a redemocratização, problematizada a partir de narradores ou protagonistas que rememoram um passado esquecido colocando-se, no presente, como testemunhas culpadas. O movimento argumentativo se orientará a partir das discussões de Roberto Schwarz em “Cultura e Política: 1964-1969” aliando conceitos que nos permitem fazer um traçado panorâmico das relações entre a literatura e o processo histórico, entre eles o nacional-desenvolvimentismo, o romantismo revolucionário, a modernização conservadora, a indústria cultural e o movimento contracultural. Vinculam-se a esses termos categorias como experiência, memória, esquecimento, trauma e testemunho, bem como o ponto de vista da morte e a ciclicidade como forma, dispositivos que contribuem para uma análise estrutural das presentes obras. Intenta-se assim refletir sobre a mediação feita pela literatura contemporânea que olha em retrospecto para o regime autoritário e problematiza a redemocratização, assim como investigar essa literatura entendendo-a como parte de um processo literário específico. / Understanding literature as a stage for exposition of impasses and of (re)laboration of collective and individual memory, this thesis intends to analyze Brazilian literature allying literary form and socio-historical process. For this, we shall investigate two novels, Caio Fernando Abreu's Onde andará Dulce Veiga (1990) and Chico Buarque's Benjamim (1995), both published in the redemocratic period, but that establish a dialogue with our recent past: the civil-military dictatorship. From the contrast in between these two novels, we intend to reflect about a sequel in the history of Brazilian literature that comprehends the emulation of a specific historical process: the redemocratization, problematized from narrators or protagonists that recollect a forgotten past putting themselves, in the present, as guilty witnesses. The argumentative movement orients itself from the discussions of Roberto Schwarz's "Cultura e Política: 1964-1969", allying concepts which allow us to panoramically trace relations between literature and historical process, as to say, the national-developmentalism, the revolutionary romanticism, the conservative modernization, the cultural industry and the countercultural movement. These terms are tied to categories as experience, memory, obliviousness, trauma and testimonial, as well as the death point of view and the cyclicality as form, both being devices that contribute to an structural analysis of the present novels. We intend to reflect about the mediation made by contemporary literature that looks backwards to the authoritarian regime and problematize the redemocratization, as well to investigate this literature understanding it as part of a specific literary. / Se comprende la literatura como escenario de exposición de contiendas y de (re)elaboración de la memoria colectiva e individual; por lo tanto, esta tesis analiza la literatura brasileña aliando forma literaria y proceso histórico-social. Para ello, examinaremos dos novelas: Onde andará Dulce Veiga? [¿Dónde andará Dulce Veiga?] (1990), de Caio Fernando Abreu, y Benjamim [Benjamín] (1995), de Chico Buarque, publicadas ya en la redememocratización pero en diálogo con el pasado reciente de Brasil: la dictadura civil-militar. A partir del contraste entre esas novelas, se busca reflexionar sobre una secuencia en la historia de la literatura brasileña que comprende la emulación de un proceso histórico específico: la redemocratización, problematizada a partir de narradores o protagonistas que rememoran un pasado olvidado ubicándose, en el presente, como testigos culpables. El movimiento argumentativo se orientará a partir de las ideas de Roberto Schwarz en “Cultura e Política: 1964-1969” [“Cultura y política: 1964-1969”] aliando conceptos que nos permiten hacer un trazado panorámico de las relaciones entre la literatura y el proceso histórico, es decir, el nacional-desarrollismo, el romanticismo revolucionario, la modernización conservadora, la industria cultural y el movimiento contracultural. Se vinculan a esos términos categorías como experiencia, memoria, olvido, trauma y testimonio, así como el punto de vista de la muerte y la ciclicidad como forma, mecanismos que contribuyen para un análisis estructural de las obras. Se intenta así reflexionar sobre la mediación que hace la literatura contemporánea al mirar en retrospección el régimen autoritario y problematizar la redemocratización, así como investigar esa literatura comprendiéndola como parte de un proceso literario específico.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume.ufrgs.br:10183/117544 |
Date | January 2015 |
Creators | Welter, Juliane Vargas |
Contributors | Araújo, Homero José Vizeu |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Spanish |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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