O presente estudo problematiza a afirmativa recorrente de que sujeitos com autismo possuem prejuízos ou mesmo não possuem linguagem. Com efeito, endosso a Tese de que os sujeitos com autismo podem ser compreendidos, a partir da linguagem, como um fenômeno e, assim, o fenômeno sujeitos com autismo pode mostrar-se como uma construção da espécie humana, com implicações dessa compreensão para a Educação. Baseada na perspectiva fenomenológica de Martin Heidegger, assumo a linguagem como um “caminho que se faz”. Essa expressão tem a ver com a possibilidade de fazer uma experiência com a linguagem e deixar que ela se mostre, não reduzindo ou simplificando tal noção. Metodologicamente, além da forma fenomenológica, trabalho com cinco noções heideggerianas — linguagem como linguagem, compreensão, dasein, disposição e fenômeno — e duas noções foucaultianas — sujeito e investimento político dos corpos. Ambos os autores potencializam a ideia de não naturalização dos padrões, bem como, mostram como nossas subjetividades passaram a ser gerenciadas Para elucidar esse pensamento, analiso os seguintes materiais: setenta e quatro Diários de Campo, que mostram as disposições dos sujeitos com autismo na/como linguagem, contextualizados a partir da Educação e um Conjunto de Movimentos, que envolve a interdiscursividade sobre os sujeitos com autismo nos aspectos biológicos, políticos, sociais, econômicos e ambientais. A partir da análise desses materiais foi possível inferir que há um esmaecimento da linguagem na sociedade ocidental em virtude do poder da comunicação que a racionalidade atual valoriza e também uma tradição de lógicas permanentes da linguagem operando sobre diferentes saberes que constroem, em rede, novas subjetividades. Portanto, o fenômeno sujeitos com autismo emerge devido às intervenções humanas realizadas no planeta. Essas intervenções se deram através da invenção dos saberes e das transformações que estes geraram nos recursos que possibilitam a vida. O avanço do entendimento do fenômeno sujeitos com autismo não depende de nenhuma cura, mas de mostrarmos que tais sujeitos são herdeiros da humanidade. As implicações dessa compreensão para a Educação configuram a responsabilidade de criar oportunidades que não estejam fundamentadas apenas na comparação entre os sujeitos e igualmente de ressignificar os sentidos tradicionalmente instituídos, além de não naturalizar a patologização dos sujeitos com autismo. / The present study problematizes the recurring affirmation that subjects with autism are prejudiced or do not even have language. Indeed, I defend the thesis that subjects with autism can be understood, from language, as a phenomenon, and thus the phenomenon subjects with autism can show up to be a construction of the human species, with implications of this comprehension for the Education. Based on Martin Heidegger's phenomenological perspective, I take language as a "way that one does." This expression has to do with the possibility of having an experience with the language and let it show itself, not reducing or simplifying that notion. Methodologically, in addition to the phenomenological form, I work with five Heideggerian notions - language like language, comprehension, dasein, disposition and phenomenon - and two Foucaultian notions - subject and political investment of bodies. Both authors potentiate the idea of non-naturalization of patterns, as well as show how our subjectivities were managed To elucidate this thought, I analyze the following materials: seventy-four Field Diaries, which show the dispositions of subjects with autism in/as language, contextualized from Education and a Set of Movements, which involves interdiscursivity about subjects with autism in biological, political, social, economic and environmental aspects. From the analysis of these materials, it is possible to infer that there is a fading of language in western society by virtue of the power of communication that the currently rationality values and also a tradition of permanent logics of language operating on different knowledge that constructs, in network, new subjectivities. Therefore, the phenomenon subjects with autism emerges due to human interventions performed on the planet. These interventions came about through the invention of the knowledge and transformations of the resources that make life possible. The advance of the understanding of the phenomenon subjects with autism does not depend on any cure, but of showing that such subjects are heirs of the humanity. The implications of this comprehension configure the responsibility of creating opportunities that are not based only on the comparison between the subjects, as well, as to re-significate the traditionally established senses, besides not naturalizing the pathologization of the subjects with autism.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/170330 |
Date | January 2017 |
Creators | Marocco, Vanessa |
Contributors | Dorneles, Malvina do Amaral |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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