Pesquisas têm indicado que o diálogo colaborativo poderia ser o lugar onde o uso da língua e a aprendizagem da língua poderiam coocorrer (SWAIN, 1997), tornando-se uma atividade social e cognitiva (SWAIN, 2000). A prática de revisão por pares proporciona a seus participantes um tipo de aprendizagem colaborativa, com foco na escrita, que permite a interação entre os alunos e que os leva à co-construção de conhecimento. Ela tem como objetivo auxiliar no desenvolvimento da autonomia dos aprendizes, levando-os de um estágio de dependência para outros estágios de inter e independência, em um processo contínuo de tomada de controle para a realização de seus objetivos. Unindo seus conhecimentos, os aprendizes, ao trabalharem juntos, alcançam níveis mais elevados de desempenho, através da assistência mútua (OHTA, 2000). Assim, esta pesquisa teve por objetivo propor a prática de revisão por pares de produção escrita a um 8º ano do Ensino Fundamental de uma escola com currículo bilíngue Português-Inglês do sul do Brasil. Ela visou a analisar a atividade colaborativa em que os participantes se envolveram enquanto estavam engajados na atividade de revisão por pares, destacando os efeitos que essa revisão apresentou nas versões finais dos textos e, para tal, os dados foram analisados de forma quantitativa e qualitativa. A geração dos dados ocorreu durante o segundo trimestre letivo nas aulas de Inglês Aplicado, em que os alunos produziram individualmente e revisaram colaborativamente cinco textos cada. As propostas para a produção dos textos estavam de acordo com as diretrizes do exame de Cambridge FCE for Schools, que os alunos participantes prestariam no ano seguinte, e envolveram gêneros textuais variados. As expectativas dos aprendizes antes da prática, bem como sua avaliação depois das sessões de revisão foram analisadas Os resultados apontam para a receptividade dos participantes a essa prática pedagógica e para o trabalho colaborativo, e demonstram o otimismo dos aprendizes em relação à possibilidade de melhoria dos seus textos após a revisão do colega. Em relação aos textos produzidos, foi feito o levantamento de quais aspectos linguísticos e textuais foram abordados nas interações através das categorias apresentadas por Storch (2005). Também se buscou investigar se as sugestões dadas pelos revisores foram benéficas para a escrita de uma segunda versão melhor do texto e se as sugestões recebidas foram incorporadas à nova versão do texto. Foi possível observar que, nos Episódios Relacionados à Língua (ERL, SWAIN, 2002), foram discutidos diferentes aspectos linguísticos e estruturais dos textos, focando tanto na forma quanto no conteúdo Os dados sugerem que a maioria dos ERLs foram resolvidos e resolvidos corretamente, impactando positivamente na reescrita dos textos e suportando evidência empírica já existente nesse sentido (NIU, 2009; STORCH, 2001; STORCH e ALDOSARI, 2013). Da mesma forma, a maioria das sugestões foi incorporada pelos escritores quando reescreveram seus textos. Por fim, a interação entre os participantes e os padrões de interação desenvolvidos foram analisados, observando se houve andaimento, negociação, mediação e troca de papéis, e as duplas foram situadas em um continuum, desenvolvido para a análise desses dados, que vai do mais conflitivo para o mais colaborativo. Os resultados apontam que mesmo em pares em que os aprendizes demonstram habilidade linguística semelhante na L2 e não seja possível identificar um indivíduo mais experiente, os participantes foram capazes de oferecer andaimento e engajar-se em negociação e em um processo colaborativo de aprendizagem. Esta pesquisa pretende contribuir com professores ao evidenciar que a colaboração entre aprendizes é um caminho para que a aprendizagem de L2 aconteça, mantendo-os motivados, indo ao encontro de seus interesses e desenvolvendo sua autonomia como aprendizes de L2. / Research has shown that collaborative dialogue could be where language use and language learning would co-occur (SWAIN, 1997) becoming a cognitive and social activity (SWAIN, 2000). The peer review practice engages its participants in a collaborative type of learning, focused on writing, which allows the interaction among students and leads them to coconstruct knowledge. Its objective is to help develop learners’ autonomy, taking them from a stage of dependence to others of inter- and independence, in a continuous process of gaining greater control to reach their objectives. When working together, learners achieve greater levels of performance through shared knowledge and mutual assistance (OHTA, 2000). Therefore, this research had the objective of implementing the practice of writing peer review in a Portuguese-English Bilingual school in the South of Brazil with students from the 8th year of Elementary School. It aimed at analyzing the collaborative activity students engaged in while peer reviewing, highlighting the impact the reviews had on the final versions of the texts. For this purpose, the data were analyzed quantitatively and qualitatively. Data were generated during the second term of a school year in the Applied English class, when students individually wrote and collaboratively reviewed five texts each. The writing tasks were based on the genres tested in the FCE for schools Cambridge proficiency exam, which students would take on the following year. The participants’ expectations before the practice, as well as their evaluation after the peer review sessions were analyzed Results show that participants welcome the opportunity of working collaboratively and show optimism regarding the improvement of their texts. In relation to the written texts, the contents of suggestions approached during interactions were listed and categorized according to Storch (2005). The suggestions were also analyzed regarding their validity and take-up rates were calculated. It was possible to observe that different linguistic aspects and text structure features were discussed in the Language Related Episodes (LRE, SWAIN, 2002) focusing both on form and content. Data suggest that most LREs were resolved and resolved correctly, having a positive impact on the second version of the text, supporting already existing empirical evidence (NIU, 2009; STORCH, 2001; STORCH and ALDOSARI, 2013). Similarly, most suggestions were incorporated by writers when reviewing their texts. Finally, the participants’ interactions and the interaction patterns they presented were analyzed, with the aim of observing if there was scaffolding, negotiation, mediation and changing of roles. Pairs were situated in a continuum developed for data analysis. This continuum goes from the most conflictive to the most collaborative behavior. Results indicate that even when the members of the pair show similar L2 language ability and there is no identifiable expert, participants were able to scaffold and engage in negotiation in a collaborative learning process. This research intends to contribute to the language teaching professionals by showing evidences that peer collaboration is key to L2 language learning, keeping students motivated and developing their autonomy as language learners.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/157029 |
Date | January 2016 |
Creators | Bolzan, Daniele Blos |
Contributors | Pupp Spinassé, Karen |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | application/pdf |
Source | reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
Page generated in 0.0037 seconds