[pt] A arte dos jardins comparada com as outras artes é extremamente ambígua:ela se constrói com a própria natureza, e, no entanto, desta deve se afastar por intermédio de um gesto que a torna jardim e que a isola da extensão que o cerca. O jardim é uma realidade frágil uma vez que lida com o mundo transitório e efêmero das plantas, com o ciclo de vida, com a mutabilidade, com a temporalidade bem marcada, diferente da obra de arte estática. Sob esta perspectiva, muitos autores são incisivos ao indicar Roberto Burle Marx como definidor de uma estética moderna de paisagem, incorporando o espírito da pesquisa plástica às soluções dos jardins. Colocam suas produções como descobertas de uma nova forma de arte intelectual, uma linguagem moderna, harmonizando valores geométricos e de ordem com os valores instáveis da natureza. Esse processo de trabalho pressupõe uma forma articulada de visão, que considera o jogo entre constantes e variantes: a definição formal do espaço (que busca um foco extremamente visual na composição, como numa tela em que os elementos possuem uma lógica intrínseca), o conhecimento das espécies com a compreensão do movimento e a dimensão do tempo no jardim. Estas composições paisagísticas passam a constituir uma unidade, uma experiência própria e autônoma possuidora de lógica interna, ainda que ligadas a uma extensão e a um movimento infinitamente mais vasto da natureza como um todo. Há um intercâmbio de vertentes na noção da paisagem: o ordenamento construído através da arte, numa coexistência com o princípio eterno de natureza. Através da manobra de introduzir a natureza estetizada na arquitetura, se estabelecia uma maneira de realizar a conciliação entre arquitetura e natureza, ora possibilitando uma unidade compositiva, ora ressaltando a distância entre os dois elementos insistindo em sua recíproca exterioridade. / [en] Garden art, if compared to other kinds of art, can be extremely ambiguous: it is
built with nature although it should get away from it through a gesture which makes
it a garden and that isolates it from the surrounding extension. The garden is a fragile
reality since it deals with the transitory and ephemeral world of the plants, with a life
cycle, with mutability, with well established temporality, different from static art.
Under this perspective, many authors are incisive to point Roberto Burle Marx as a
definer of landscape modern aesthetics, joining the spirit of plastic research to garden
solutions. They state his productions as discoveries of a new form of intellectual art,
a modern language, harmonizing geometric and order values with unstable values
from the nature. This work process presupposes an articulated point of view, which
considers the role played by the constant and variables: the formal definition of space
(which seeks for an extremely visual focus in the composition, just as on a canvas
where the elements have an intrinsic logic), the knowledge of species as the
understanding of the movement, and the time dimension in the garden. These
landscape compositions start to constitute a unit, an autonomous and own experience
having internal logic, despite being connected to an extension and to an infinitely
wider movement of the nature as a whole. There is a strand exchange related to
landscape knowledge: the planning built through art, in a coexistence with the eternal
principal of nature. By introducing aestheticized nature into architecture, a way of
carrying out the reconcilement between architecture and nature was established,
sometimes enabling a compositional unit, and sometimes enhancing the distance
between the two elements instituted in its reciprocal externality.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:17068 |
Date | 14 March 2011 |
Creators | ANA PAULA POLIZZO |
Contributors | JOAO MASAO KAMITA |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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