Tese (doutorado)- Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Florianópolis, 2017. / Made available in DSpace on 2017-09-05T04:14:35Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2017 / A proposta deste trabalho é o estudo da obra do escritor uruguaio Carlos Liscano, especialmente no que ela problematiza do processo de escritura e de ver a literatura como arte de reflexão. São examinados, principalmente, seus escritos do cárcere, visto que o escritor manuscreveu parte fundamental de sua obra na condição de preso político numa prisão militar, na qual esteve por cerca de treze anos, durante a ditadura das décadas de 1970 e 1980 no Uruguai. Assim sendo, não estão dissociados do processo constitutivo de seus escritos o espaço prisional e as circunstâncias daquele momento histórico. No entanto, seus primeiros textos, embora surgidos em meio à reclusão, manifestam conformações de problemas filosóficos, críticos e teóricos acerca da literatura e daquele que se pergunta sobre sua escrita, o que resulta numa obra singular ao se avaliar seu processo criativo como preso, portanto, com referências esparsas e restringidas. A ideia defendida aqui é a de que Liscano, refletindo com os livros presentes na biblioteca da prisão em que esteve preso e em meio ao processo de produção de seus primeiros escritos, mesmo que estes apontem a diversos pensamentos de diferentes épocas, articulou as temáticas da reflexão e da ironia de um modo que permitiu um diálogo anacrônico com o primeiro romantismo alemão. As leituras do romantismo alemão e os rastros deste na literatura lida pelo escritor uruguaio na prisão desencadeiam considerações, as quais sua obra teoriza e critica desde adentro, sobre o trabalho com a reflexão e a ironia, forças que contaminam o conjunto de sua obra. A reflexão aparece como processo, construção e operação literária nos escritos de Liscano, nos quais a arte se postula a ser o núcleo dessa reflexão. Ao mesmo tempo, a ironia é inferida como parte constitutiva e operacional na sua literatura, seja como desestabilizadora do discurso, seja como inferência de ambiguidade ao pensamento e àquele que pensa. Igualmente, em Liscano, é discutida a questão do fragmentário no exercício da escrita, como recurso narrativo e discursivo, também como potencialização da infinitude do pensar ou, ainda, como problematizador das noções de gênero. Logo, em vista da gama de projetos que requer e lida, este trabalho propõe uma série de desdobramentos temáticos e comunicações históricas ao visualizar a compreensão da literatura com sua possibilidade intrínseca de diálogo com tempos múltiplos, e, assim, investiga a obra de Liscano pensando-a com a noção benjaminiana de salto, movimento que o texto dá em direção ao novo, produzindo sua pré e pós-história.<br> / Abstract : The purpose of this article is to examine the work of the Uruguayan writer Carlos Liscano, especially in characterizing the writing process and in viewing literature as an art of reflection. Mainly his writings from prison are studied, considering that a substantial part of the work was written while the author was a political prisoner in a military prison, where he remained for approximately thirteen years, during the dictatorship in the 1970s and 1980s in Uruguay. Therefore, the imprisonment and the circumstances of that historic moment cannot be dissociated from the composition process of his writings. However, his earlier texts, although created while in confinement, problems of a philosophical, critical, and theoretical nature regarding literature and on those asked about his writing took shape. This resulted in a unique work, considering his creative process as a prisoner, with few, sparse references. The idea presented here is that Liscano, with the books available in the prison library, while writing his first works, even though these point to various thoughts from different times, utilized themes of reflection and irony in a way that allowed for an anachronistic dialog with the earlier German Romanticism. Readings of German Romanticism and the traces of it in the literature read by the Uruguayan writer in prison triggered thoughts, which his work theorizes and criticizes inwardly, about the work on reflection and irony, which permeate the whole of his work. Reflection shows up as a literary process, construct, and operation in the writings of Liscano, in which art is posited as the core of this reflection. At the same time, irony is implied to be a constitutive and operational part of his literature, whether to destabilize the discourse, or to imply ambiguity in the thoughts and the thinker. Likewise, in Liscano, the fragmented nature of writing is discussed, as a narrative and discursive resource, as well as an enhancement of the limitless vastness of thought, or even as a characterization of the notions of gender. Therefore, considering the wide range of projects to be read, this work proposes a series of thematic and historical communication splits in visualizing the scope of the literature, with its intrinsic possibility for dialog with multiple periods. In this way, the work investigates the writing of Liscano with the Benjaminian notion of the leap, a movement the text makes in the direction of what is new, creating its own prehistory and post-history.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/179003 |
Date | January 2017 |
Creators | Borges, Selomar Claudio |
Contributors | Universidade Federal de Santa Catarina, Reales, Liliana Rosa |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Format | 335 p.| il. |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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