Essa dissertação investiga as relações entre os meios de comunicação, o capitalismo e a difusão de um discurso a respeito do autismo que o concebe como um cérebro anômalo. Para tal, procurou-se, primeiramente, examinar como o apagamento, no âmbito social, da visão de mundo concernente à teoria critica, evidencia a ascensão da forma de laço social denominada Discurso do Capitalista. Verificou-se também como a construção do campo da Psiquiatria Infantil e, no seu interior, o desenvolvimento do diagnóstico do autismo, submetem-se aos processos históricos. Concerne ainda à presente pesquisa, a reflexão sobre a atuação das mídias na difusão e manutenção de uma visão de mundo que confere à ciência um estatuto primordialmente tecnicista. Finalmente, no exame dos meios de comunicação, percebemos como, a partir de um texto que se pretende neutro, padrões de normalidade são disseminados como uma ciência vendida em drágeas. A partir disso, investigamos por meio da análise documental de reportagens publicadas, em periódicos destinados ao grande público, como o corpo dos autistas é apresentado. Vivemos, no campo do jornalismo científico, uma espécie de Idade Mídia na qual só é ciência aquilo que os periódicos criam como mercadoria, para ser consumida no mercado de saberes. O autismo, nesse sentido, é uma mercadoria desejada. A questão final da presente pesquisa recai sobre os possíveis desdobramentos que a noção de corpo em psicanálise pode apresentar como contraponto a um discurso biotecnológico acerca do autismo. / This dissertation researches the relationship between media, capitalism and a diffusion of a discourse concerning a conception of autism as an anomalous brain. The first step was to examine how the erasure, in the social sphere, of the worldview concerning the critical theory, evidences the rise of the form of social bond denominated Capitalist Discourse. It was also verified how the construction of the field of Child Psychiatry and, within it, the development of the diagnosis of autism, submit to historical processes. It is also related to the present research, the reflection on the media\'s performance in the diffusion and maintenance of a world view that gives science a primarily technical status. Finally, in the examination of the media, we perceive how, from a text that is intended to be neutral, patters of normality are disseminated as a science sold in dragees. From that, we investigate through documental analysis of published reports, in periodicals intended for the general public, how the body of autistic individuals is presented. We live, in the field of scientific journalism, a kind of Media Age in which it is only science what newspapers create as a commodity, to be consumed in the knowledge market. Autism, in this sense, is a desired commodity. The final question of the present research rests on the possible unfoldings that the notion of body in psychoanalysis can present as a counterpoint to a biotechnological discourse about autism.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-11042018-122744 |
Date | 02 June 2017 |
Creators | Ferraresi, Vanessa |
Contributors | Mrech, Leny Magalhaes |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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