Return to search

Hume e o naturalismo epistemológico = aspectos céticos e positivos de sua teoria da crença / Hume and epistemological naturalism : skeptical and positive aspects of his theory of belief

Orientador: Silvio Seno Chibeni / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas / Made available in DSpace on 2018-08-19T18:05:36Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Sousa_ClaudineyJosede_D.pdf: 2248193 bytes, checksum: 2086e31340227c88d3d49873a49aee2f (MD5)
Previous issue date: 2012 / Resumo: A adoção do modelo da ciência da natureza física, por parte de Hume, para a elaboração de seu projeto de uma ciência da natureza humana, permite ao autor construir um novo sistema de conhecimento, erigido sobre um fundamento inteiramente novo e seguro, mas exige, por outro lado, uma quase completa redefinição de velhos conceitos epistemológicos e uma revisão de teorias e concepções tradicionalmente aceitas em filosofia. Neste trabalho procuraremos avaliar esse audacioso empreendimento a partir do estudo da teoria humeana das crenças (mais particularmente, das crenças causais e da crença na existência dos corpos), destacando duas grandes concepções sobre a atitude do autor, a cética e a naturalista, quase sempre vistas como radicalmente diferentes e incompatíveis: i) por um lado os que tendem a enfatizar o lado negativo de sua filosofia, por entender que ele teria restringido o espaço tradicionalmente conferido à razão, como conceito normativo em filosofia, e exaltado conceitos desautorizados dessa tarefa, como hábito e imaginação (nesse grupo de autores estão, por exemplo, Thomas Reid, Thomas Hill Green e Bertrand Russell); ii) e por outro, os que realçam aspectos positivos e a subordinação da razão aos sentimentos para destacar o caráter irresistível e inevitável de nossas crenças naturais como critério para distinção e escolha entre crenças (a figura central deste segundo grupo de autores é Norman Kemp Smith). Veremos que no século XX o debate sobre a epistemologia humeana continua estimulador: John Wright, Galen Strawson e Edward Craig, são exemplos de uma tendência a conciliar as duas interpretações para uma melhor compreensão de sua epistemologia, mostrando que as duas posturas podem ser complementares ao invés de excludentes. Tendo examinado algumas das principais contribuições desse debate, posicionamos-nos em defesa da concepção segundo a qual o projeto de Hume pode ser visto como um trabalho precursor daquilo que hoje conhecemos como naturalismo epistemológico, embora, de uma forma geral, alguns autores que exploram essa perspectiva contemporânea, notadamente Quine, não reconheçam as contribuições de Hume. Acreditamos, porém, que o filósofo moderno teria fornecido, de forma pioneira, os parâmetros para uma visão científica e experimental sobre os processos e produtos cognitivos, de um modo inteiramente diferente daquele elaborado pela especulação filosófica apriorista. Sem ter que restringir a filosofia à mera extensão do fazer científico, defendemos que Hume se preocupa em preservar o caráter normativo desse empreendimento, como propuseram Kemp Smith, Louis Loeb, Michael Costa, entre outros. A base para a defesa dessa concepção estaria em sua reavaliação do estatuto epistemológico do conceito de crença que, embora seja um complemento essencial do conhecimento, contrapõe-se diretamente a este (conforme sugere Locke em seu Essay). Sendo assim, o tema central de nosso trabalho será a maneira como Hume procede a essa difícil tarefa de conciliar naturalismo e normatividade em sua teoria da crença, antecipando propostas muito conhecidas no século XX como o confiabilismo de Alvin Goldman, que analisaremos com o intuito de estabelecer pontos de contato entre o naturalismo pioneiro de Hume e a epistemologia contemporânea / Abstract: The adoption of natural science as a model for the project for a science of human nature led Hume to build a new system of knowledge, built, as he hoped, on an entirely new and secure foundation. But the implementation of this project would require an almost complete redefinition of old philosophical concepts, and a reappraisal of traditionally accepted philosophical theories. In the present work we attempt to evaluate this bold intellectual enterprise, taking as focal point Hume's theory of belief (and, more particularly, causal beliefs and belief in the existence of bodies), analyzing two major interpretative trends, the naturalistic and the skeptical, often seen as radically different and incompatible: i) To the latter belong those authors who tend to emphasize the negative side of Hume's philosophy by holding that he would have restricted the space traditionally accorded to reason as normative concept in philosophy, and that his theory of belief does not in fact have epistemological import, to the extent in which it is based on concepts such as habit and imagination (to this group belong, for instance, Thomas Reid, Thomas Hill Green and Bertrand Russell); ii) In the other, more recent interpretative trend, are those who seek to bring out the positive aspects of his theory, taking Hume's proposed subordination of reason to the sentiments as a way to highlight the inevitable and irresistible character of our natural beliefs, an not their epistemic devaluation. Norman Kemp Smith is the leading proponent of this position, taken up more recently by authors such as John Wright, Galen Strawson and Edward Craig. In fact, these authors seek to reconcile the two interpretations, by showing that the two positions can be complementary rather than exclusive. Having examined some of the major contributions of this debate, we argue that Hume's project can be seen as a pioneering work containing some central elements of the position now know as epistemological naturalism, although many of the philosophers who explore this contemporary perspective do not to acknowledge Hume's contributions. We believe, however, that in Hume we find guidelines for a scientific and experimental study of the cognitive processes and products which still retain much interest nowadays. Without reducing philosophy to a mere brach of natural science (as Quine famously proposed), Hume was, we argue, concerned to preserve the normative character of epistemology. The basis for the defense of this position is the reassessment of the epistemological status of the concept of belief. Thus, we try to show that the way in which Hume seeks to combine naturalism and normativity in his theory of belief bears resemblance to proposals such Alvin Goldman's reliabilism / Doutorado / Filosofia / Doutor em Filosofia

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/280060
Date19 August 2018
CreatorsSousa, Claudiney Jose de, 1976-
ContributorsUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Chibeni, Silvio Seno, 1958-, Marques, José Oscar de Almeida, Barra, Eduardo Salles de Oliveira, Limongi, Maria Isabel de Magalhães Papaterra, Corte, Jaimir
Publisher[s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format278 p., application/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0032 seconds