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[pt] O APOCALIPSE NO ANTROPOCENO: UMA LEITURA LIBERTÁRIA PARA TEMPOS DISSONANTES / [en] THE APOCALYPSE IN THE ANTHROPOCENE: A LIBERTARIAN READING FOR DISSONANT TIMES

[pt] O Antropoceno, signo de um tempo de profundas mutações e colapsos, o nosso tempo do mundo, tem assistido ao ressurgimento do uso abundante da palavra apocalipse. Este termo fundamental da escatologia ocidental, originariamente referido ao Apocalipse de João, último livro da Bíblia cristã, tem sido empregado – mesmo por acadêmicos e cientistas – com o sentido comum de grande e generalizada destruição, ou, se quisermos, fim do mundo. No contexto da civilização ocidental, no entanto, a influência da interpretação canônica do Livro do Apocalipse, consolidada pelos chamados Pais da Igreja na emergência da Era Comum, se constituiu também em um dos pilares de sustentação do regime de verdade, da noção de tempo e do sentido de História, que, justamente no Antropoceno, entram em crise agônica.
Nesta tese, um estudo filosófico que considero preambular, propõe-se uma reflexão a partir de referências não normativas – logo, dissonantes – sobre a mensagem, as disputas e o conturbado processo de recepção do Livro do Apocalipse na cultura ocidental, que ele também contribuiu para definir. Recusando a adesão aos sistemas hermenêuticos que, como parte da escatologia secularizada na Modernidade, foram apropriados em termos políticos pela esquerda como utopia milenarista e, de forma cada vez mais perigosa, pela direita, como justificação para a violência cristã, a tese se propõe a apresentar uma leitura vinculada aos esforços contemporâneos do pensamento crítico, que contribua para convocar uma aliança imanente entre humanos e não humanos, que ajude a frear os fins de tantos mundos ameaçados pelo avanço insustentável das formas capitalistas de predação material e ontológica do planeta. / [en] The Anthropocene, sign of a time of survival and profound collapses, our time of the world, has witnessed the resurgence of the abundant use of the word apocalypse. This fundamental term of Western eschatology, originally referred to the Apocalypse of John, the last book of the Christian Bible, has been used – even by academics and scientists – with the common sense of great and generalized destruction, or, if you like, end of the world. In the context of Western civilization, however, the influence of the canonical interpretation of the Book of Revelation, consolidated by the so-called Fathers of the Church in the emergence of the Common Era, also constituted one of the pillars of support for the regime of truth, the notion of time and of the sense of History, which, precisely in the Anthropocene, are intertwined in an agonizing crisis.
In this thesis, a philosophical study that I consider preambular, a reflection is proposed based on non-normative references – therefore, dissonant – on the message, the disputes and the troubled process of reception of the Book of Revelation in Western culture, which it also contributed to define. Refusing to adhere to the hermeneutical systems that, as part of secularized eschatology in Modernity, were appropriated in political terms by the left as a millenarian utopia and, in an increasingly dangerous way, by the right, as a justification for Christian violence, the thesis proposes to present a reading linked to contemporary efforts of critical thinking that contributes to convening an immanent alliance between humans and non-humans. An alliance that helps to curb the ends of so many worlds threatened by the unsustainable advance of capitalist forms of material and ontological predation of the planet.

Identiferoai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:63950
Date15 September 2023
CreatorsMOEMA MARIA MARQUES DE MIRANDA
ContributorsDEBORAH DANOWSKI
PublisherMAXWELL
Source SetsPUC Rio
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
TypeTEXTO

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